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Guerra dos 16 anos: “é uma história que deve ser esclarecida sem emoções”, diz Chissano

Foto: O País

Joaquim Chissano diz que deve haver um esclarecimento, sem emoções, sobre a história da guerra dos 16 anos. O antigo Presidente da República diz que não se está a falar dos mentores do conflito à medida certa e que há tendência de os perdoar.

Joaquim Chissano esteve, esta segunda-feira, no lançamento da obra “Xirico: vozes de paz em Moçambique”, do escritor Nelson Moda. Na ocasião, deixou a sua opinião sobre a forma com que se conta a história da guerra dos 16 anos.

O homem que conduziu o processo de negociações para os Acordos Gerais de Paz em 1992 não tem dúvidas de que a guerra era para desestabilizar, até porque ela começou a ser planificada antes da independência.

“Eu aceitei a expressão ‘guerra civil’ por respeitar o autor e porque esta invoca falar-se de tudo como guerra civil, mas eu sei que isso não é verdade. Sei como foi construída, planificada e não foi só depois da nossa independência, vem de longe, é por isso que chamo de guerra de desestabilização porque foi criada para isso”, disse Joaquim Chissano.

Chissano mostrou-se preocupado com o facto de pouco se falar sobre a guerra que matou milhares no país, que, no seu entender, precisa de ser bem esclarecida. “Muitas vezes, há tendência de se desculpar os mentores desta guerra em não se falar deles à medida necessária. Isso é algo da história que precisa de ser bem esclarecida e espero que tenhamos tempo ainda, apesar de que muitos estão a cair, muitos dos meus colegas também estão a cair, oxalá que nós, os que ficamos, possamos esclarecer bem numa discussão ou num debate sem emoções”, referiu.

Ainda na mesma ocasião, o antigo Chefe de Estado pediu um minuto de silêncio em homenagem a todos os falecidos que participaram no processo de negociações para os acordos de paz.

Mas porque não é só história que interesse, Chissano falou também do presente, referindo que a nomeação de um membro de um partido da oposição, Raúl Domingos, para embaixador de Moçambique junto à Santa Sé, revela mudanças.

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