Foi inaugurada, hoje, uma unidade de processamento de banana com capacidade para embalar cerca de mil caixas por dia. O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, que procedeu à inauguração do empreendimento, disse que a infra-estrutura do grupo Bananalândia vem responder às necessidades de um mercado de exportação exigente.
A viagem até chegar ao grupo Bananalândia dura, em média, uma hora saindo da cidade de Maputo. O trajecto alterna-se entre estrada de terra batida e asfaltada. À medida que nos aproximamos da empresa, o solo avermelhado “dá-nos boas-vidas”.
Nas margens, extensas terras de bananeiras vedadas por uma rede de protecção dão uma indicação clara. Está-se numa das maiores empresas produtoras de bananas, na província de Maputo.
O relógio devia indicar 09h15 quando uma comitiva chegou ao local. Era o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, que se aproximava a um local, onde lhe foi estendido um tapete vermelho e esticadas bandeirolas com dizeres: “bem-vindo” à Bananalândia.
Seguindo o protocolo, Celso Correia descerrou a lápide, cortou a fita e já estava inaugurada a unidade de processamento com capacidade para embalar cerca de mil caixas por dia, uma quantidade que, para o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, responde às exigências do mercado. O governante ainda deu algumas voltas pelo empreendimento e recebeu algumas explicações. Na hora do discurso, não tinha dúvida:
“Estamos perante o testemunho de uma unidade de processamento moderna que confere à empresa capacidades de explorar mercados exigentes de exportação, estando previstos cerca de mil caixas a mais às 50 mil toneladas, sendo que a ambição da empresa é chegar às três mil, o mais breve possível”, elogiou Celso Correia, ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Para se chegar a esta inauguração, o grupo Bananalândia, que conta com um total de mil trabalhadores, fala de cerca de 20 anos de trabalho desenvolvido numa área de 900 hectares.
“Este investimento foi projectado, fazendo recurso aos recursos das técnicas mais avançadas na plantação de bananas como são o exemplo: os cabos de segurança dos bananais, os raios de transporte das caixas até ao empacotamento e o sistema de regra micro inject”, explicou Paulo Barceló do grupo Bananalândia.
Esta técnica (micro inject), segundo Paulo Barceló, vai ajudar na poupança de água, redução de movimento de pessoas e tratores e “contribuindo para uma melhor segurança no trabalho e um ambiente mais verde”.
O dia era de inauguração, mas Celso Correia não deixou de fazer uma caracterização do sector da banana no país que, nos últimos cinco anos, foi negativo devido às pragas e doenças, mas prevê dias melhores a começar por este ano, com facilidades aos produtores.
“Projectamos superar a maior marca nacional produzindo, ainda este ano, 800 mil toneladas e exportar mais de 140 milhões de dólares em valor de transferência, que vai ter um impacto desejado na nossa balança de pagamentos”, anteviu Celso Correia.
Seguindo este caminho, o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural acredita que o país poderá estar, nos próximos quatro anos, na referência de produção a nível regional e global.
“Para efeito, já está ser desenhado um plano de produção de banana (isso se estende às outras frutas) que irá, naturalmente, explorar a capacidade instalada, como é o caso desta empresa (vamos trabalhar com todas as que estão no terreno) por forma a desenvolver esta cultura através de linhas bonificadas e outras iniciativas e incentivos poderão permitir que Moçambique atinja esse patamar”, explicou o ministro.
O titular da pasta da Agricultura revelou, ainda, que está previsto um acordo com a Bananalândia, cujo objectivo é integrar 100 famílias na empresa no âmbito do programa Sustenta.
“Este desafio de integrar a experiência, capacidade, o acesso ao mercado das indústrias e da agricultura comercial irá permitir que estas famílias, que não têm o mesmo nível de desenvolvimento tecnológico, possam também se beneficiar desta dinâmica de desenvolvimento que estamos a testemunhar”, referiu o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Sobre as funções da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) no contexto dos ataques terroristas em Cabo Delgado, Correia lembrou que esta não é uma instituição de emergência e que, neste momento, está a mobilizar fundos para cumprir com o seu papel que é o desenvolvimento.
“Neste momento, estão, em carteira, cerca de um bilião de dólares que será a maior mobilização de recursos singular que o país irá fazer. Portanto, para se conseguir mobilizar esse dinheiro, é preciso ter uma estratégia que está em curso, uma estrutura de capacidade de execução que a gestão da ADIN, neste momento, está a desenhar. É preciso que haja consenso das políticas de desenvolvimento que vão ser aplicadas no terreno e este trabalho está a ser feito”, sublinhou Celso Correia, ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Actualmente, a província de Maputo tem uma produção de bananas de perto de 250 mil toneladas por ano numa extensão de 5.141 hectares.