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Greve na UEM: Trabalhadores exigem salários e enquadramento na TSU

Foto: O País

Centenas de funcionários do corpo técnico e administrativo da UEM paralisaram parcialmente as actividades, esta segunda-feira, devido à falta de salários e por entenderem que não estão a ser enquadrados na Tabela Salarial Única.

A nova Tabela Salarial Única (TSU) continua a dividir os funcionários públicos. Desta vez, a situação de desconforto chegou à Universidade Eduardo Mondlane (UEM).

Os funcionários abandonaram os seus postos de trabalho para se juntarem num campo aberto e exigir o pagamento dos seus salários em atraso com base na Tabela Salarial Única. Por temerem represálias, os funcionários falaram ao jornal “O País” na condição de anonimato.

“O salário de Novembro foi pago a algumas pessoas na sexta-feira, porque sabiam que hoje estaríamos a fazer greve. Nós, outros, não temos salários até hoje”, revelou uma das funcionárias que deixaram os seus gabinetes para estar com os colegas.

“O do mês de Outubro, há colegas que ainda não receberam. Outros receberam-no no dia 23 de Novembro. O salário de Novembro ainda não entrou para muitos. É uma situação que não estamos a perceber e não temos esclarecimento de ninguém”, disse outro funcionário.

A Direcção de Finanças e a dos Recursos Humanos da UEM emitiram, em Outubro, um comunicado em que garantiam que, a partir de Novembro de 2022, todos os salários seriam processados com base na TSU.

A 8 de Dezembro, as mesmas direcções emitiram um outro comunicado: “Infelizmente, dada a persistência dos erros e para não agudizar o prejuízo que já é uma realidade, a UEM, sob recomendação do CEDSIF, vai pagar salários com base no sistema anterior.” A situação deixa cada vez mais enfurecidos os funcionários.

“Tenho uma sobrinha e órfã de pai, eu não consegui fazer a inscrição para ela que termina hoje, eu não tenho salário. Para um funcionário da UEM há 25 anos, temos que imaginar isto­­?”, lamentou mais um funcionário da UEM.

Outro acrescentou: “É a incerteza de salários que não sabemos quando teremos e já não temos a data fixa do salário; estamos cheios de dívidas e temos tanta coisa comprometida”.

A Direcção de Finanças da UEM reuniu-se com os funcionários para esclarecer o que está a condicionar o pagamento de salários, apontando os canos ao Ministério da Economia e Finanças.

“Até quarta-feira, (os do Ministério da Economia e Finanças) iam resolver o problema, por isso marcámos uma reunião com o Corpo Técnico e Administrativo, na quinta-feira. Já tínhamos marcado esta reunião em antecipação para saber em função do resultado que o Ministério da Economia e Finanças vai dar-nos. O comunicado que nós fizemos determina que, num espaço de duas semanas, tem que ser pago o salário de Dezembro com base na TSU e os retroactivos, isso tem que ser pago este ano”, disse Estácio Rajah, director de Finanças da UEM.

Por conta da paralisação parcial dos funcionários do Corpo Técnico e Administrativo, vários departamentos e sectores da UEM estiveram com as portas encerradas. Os funcionários da Direcção de Património e Desenvolvimento Institucional, por exemplo, foram categóricos e afirmaram que não iam trabalhar enquanto não se regularizar a questão salarial.

Aliás, naquele mesmo sector, estava um homem que ia levantar um cheque referente ao pagamento de serviços prestados e foi dito que tinha que voltar noutra oportunidade, porque o sector estava fechado.

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