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Greve dos profissionais de saúde provoca drama em algumas unidades sanitárias

Arrancou, hoje, em todo o país, a greve dos profissionais de saúde, com a previsão de durar 30 dias, até que as suas preocupações sejam atendidas. Como consequência, houve morosidade e falta de atendimento nos centros de saúde, e alguns deles até estavam fechados.Longa espera por atendimento. Pacientes obrigados a regressar à casa sem ser assistidos. Desespero total de quem, muito cedo, se dirigiu a algumas unidades sanitárias na capital do país.

Mais uma vez, os profissionais de saúde zangaram-se e, como resultado, reavivaram situações em que os nervos e o tom dos pacientes eram evidentes face à falta de atendimento.

No Hospital Provincial da Matola, centenas de pacientes, que procuravam por consultas externas, tiveram de esperar durante horas para serem atendidos. Cada um com a sua enfermidade, mas com a mesma reclamação: fraco atendimento.

Do lado de fora, já com menos pessoas, a situação parecia ser diferente. Na verdade, a única diferença estava mesmo no número de pessoas, pois a reclamação continuava igual. Algumas pessoas choravam pelo facto de não poderem ser atendidas. Choro de quem sente, não só por si, mas por outros pacientes e pelos próprios profissionais de saúde.

Mas nem tudo estava mal durante o período da manhã. Houve quem chegou e em pouco tempo já saía para casa, após ser atendido.

Os problemas iam-se estendendo. A enchente registada podia ser justificada pelo facto de alguns pacientes estarem a sair de outras unidades sanitárias que não estavam a funcionar, segundo relatou Cristina Nhantumbo.

Noutro ponto da Província de Maputo, em Boquisso, o centro de saúde com o mesmo nome também funcionou “a meio gás”.

O cenário era caracterizado por bancos vazios, a farmácia não funcionou e o técnico até esteve lá durante a manhã, mas apenas para tirar os medicamentos essenciais para os serviços de consulta que estariam em funcionamento.

A consulta de crianças também estava encerrada, muitos pacientes foram orientados para voltarem para casa, por pessoas aparentemente não identificadas. Foi o que aconteceu com Osvaldina Jussi.

No Centro de Saúde da Matola 2, a greve também teve impacto. Os bancos onde os pacientes deviam aguardar a vez de serem atendidos estavam vazios.

Segundo a médica-chefe da Província de Maputo, Celestina da Conceição, apesar de os profissionais terem aderido à greve, a luta era garantir que os pacientes fossem atendidos.

Em Gaza, os profissionais também aderiram à greve, tendo havido pacientes que foram obrigados a regressar à casa.

Por volta das 14h00, o “O País” escalou o Centro de Saúde de Bagamoyo, na Cidade de Maputo, onde a médica-chefe distrital, Germina Jauana, garantiu que a situação estava controlada. Mas os pacientes desmentiram a sua versão, denunciando falta de profissionais de saúde no local.
Por exemplo, Zacarias Mandlate, paciente, ficou horas a fio à espera do atendimento… sem sucesso.

A directora distrital de Saúde até tentou acalmar os pacientes, mas estes não quiseram dar-lhe ouvidos. Estavam cansados, de tal forma que acompanharam o jornalista do “O País” para mostrarem o que de facto se passava.

No Hospital Geral José Macamo, dados indicam que, para o banco de socorros, estavam escalados 17 profissionais e todos estiveram presentes. Na ginecologia e sala de partos, os 28 profissionais escalados também estiveram lá.

Nas consultas externas e na estomatologia, também não houve problemas, pois os 26 profissionais que deveriam trabalhar não faltaram.

No berçário, na pediatria e no laboratório também não houve faltas. Os pacientes disseram que não houve anomalias no atendimento.

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