As pugilistas olímpicas moçambicanas Rady Gramane e Alcinda Panguana disputam, esta quarta-feira, o acesso às finais do Campeonato do Mundo de Boxe, prova que decorre em Istambul, na Turquia. Gramane e Panguana já fizeram história, mas querem contar as douradas.
Assegurada a inédita conquista de medalhas de bronze (2) e um encaixe de USD 25 mil (cerca de 1,5 milhões de Meticais) em plena segunda-feira épica de afirmação, as pugilistas moçambicanas Rady Gramane e Alcinda Panguana perseguem, agora, o metal mais ambicionado: o ouro.
Mais: concorrem ao prémio máximo de USD 100 mil (cerca de seis milhões de Meticais) disponibilizado pela IBA (International Boxe Association).
No acesso à final, Alcinda Panguana vai combater com Valentina Khalzova, pugilista do Cazaquistão que nos quartos-de-final venceu a australiana Kaye Frances Scott, por 5-0.
Valentina Khalzova entrou em cena, nesta prova, nos dezasseis-avos-de-final, fase na qual “despachou” a japonesa Seon Su-jin, por 5-0.
Valentina Khalzova é uma pugilista referenciada, tendo vencido o Campeonato Asiático de 2021 no peso médio feminino (69 kg) e o Campeonato Mundial de Boxe Feminino de 2016 igualmente de peso meio-médio (69 kg)
Panguana chega às meias-finais depois de ter derrotado Cindy Ngamba, da Fair Chance Team, que treina no Reino Unido.
Rezam as crónicas da IBA que a pugilista moçambicana recuou alguns passos antes de lançar os seus contra-golpes e evidenciou inteligência no primeiro “round” nos quartos- de-final de pesos médios leves (70 kg).
Ngamba, que tem raízes nos Camarões, pressionou um pouco no segundo “round” e depois desacelerou no terceiro. Panguana mostrou resistência no último “ round” e venceu a disputa acirrada. ““Não consigo encontrar palavras para este triunfo e espero ter deixado todo o meu país orgulhoso hoje”, disse Alcinda Panguana em declarações ao sítio da IBA.
Isenta da primeira eliminatória, Alcinda Panguana estreou-se nos dezasseis-avos-de-final com uma vitória sobre a mexicana Brianda Tamara (RSC).
O seu percurso brilhante e resultados alcançados em provas internacionais reforçam a esperança de tocar o céu, ou seja, atingir patamares ainda maiores.
Panguana conquistou, em cinco ocasiões, o título de campeã regional da Zona IV de África. Fez furor, em 2021, no Campeonato Africano da Zona III, ao conquistar a medalha de ouro nesta competição disputada em Kinshasa, na República Democrática do Congo.
Já Rady Gramane terá pela frente, na categoria de peso médio 70-75 quilogramas, a canadiana Tammara Thibeault, que afastou a australiana Caitlin Anne Parker nos quartos-de-final com vitória clara por 5-0.
Tammara Thibeault, pugilista que nasceu a 27 de Dezembro de 1996, conquistou uma medalha de bronze no Campeonato Mundial de Boxe Feminino da AIBA de 2019. Representou o Canadá nos Jogos Olímpicos de Verão de 2020 realizados em Tóquio, Japão.
Gramane derrotou, nos quartos-de-final, a ucraniana Karolina Makhno por 3-2 (com os juízes a atribuírem a seguinte pontuação: 29:28 29:28 28:29 27:30 29:28).
A pugilista moçambicana começou a sua campanha no Mundial com uma vitória sobre a tailandesa Pornnipa Chutee, por 5-0, num combate em que foi superior nos três “rounds”. Nos dezasseis-avos-de-final, Rady Gramane venceu a sul-coreana Seong Su-yeon, por 3-2.
Estamos, aqui, diante de uma pugilista com uma folha de serviço assinalável. Basta recordar que foi campeã da Zona IV de África por cinco vezes, tendo ainda açambarcado a medalha de prata na 12ª edição dos Jogos Africanos de Rabat, Marrocos, em 2019.
Consta ainda a conquista da medalha de prata no Torneio Internacional de Budapeste, na Hungria, além de uma presença para recordar nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, deixando ficar boas impressões.
ENTRAR NA HISTÓRIA
Com a conquista das duas medalhas de bronze no Campeonato do Mundo de Boxe, na Turquia, Moçambique inscreveu o seu nome na lista dos países medalhados. Com efeito, Gramane e Panguana colocaram o país entre as 50 nações que já amealharam medalhas nesta competição sob a égide da IBA.
Lituânia e Argélia conquistaram, igualmente, as suas primeiras medalhas na história do Campeonato Mundial Feminino de Boxe, tornando-se, respectivamente, o 48º e 49º países medalhistas na classificação de todos os tempos.