Está a ser difícil expandir o uso de gás de cozinha canalizado, devido à falta de dinheiro para cobrir os custos operacionais. Por exemplo, desde o início do projecto em 2014, apenas 100 casas, na Cidade de Maputo, estão a beneficiar-se da iniciativa.
Menos de cinco por cento, ou seja, baixo de um milhão e quinhentos moçambicanos é que usam o gás de cozinha. Dito por outras palavras, dos 30 milhões da população moçambicana, 28 milhões ainda usam energia de biomassa – lenha e carvão vegetal – para cozinhar.
Sendo o país um dos maiores produtores de gás, o Governo desenhou, em 2014, um projecto de massificação do uso do gás pelas famílias, mas isso custa dinheiro. O Ministério dos Recursos Minerais e Energia não sabe, ao certo, de quanto precisa, em termos de valores monetários, para expandir a canalização do gás. O facto é que a falta de fundos está a comprometer a expansão da iniciativa.
“O Governo não está a parar. Temos empresas, como é o caso da ENH que criou a sua subsidiária, para garantir que o projecto arrancasse. Portanto, caberá ao Executivo, gradualmente, ir conseguindo recursos para a massificação do uso do gás”, revelou Moisés Paulino, director nacional dos Combustíveis no Ministério dos Recursos Minerais e Energia, esclarecendo por que é difícil estimar o valor necessário para a expansão do projecto.
“Tínhamos que sentar para fazer contas com vista a responder, exactamente, à pergunta que me coloca (sobre quanto dinheiro é preciso para expandir do projecto), mas posso adiantar-lhe que os custos são elevados e esta é uma tecnologia nova e é preciso, passo a passo, fazer as contas. O Governo está apostado em fazer massificação. Na Cidade de Maputo, já temos infra-estruturas e o que falta é fazer chegar o gás às residências”, justificou Moisés Paulino.
Até aqui, apenas 100 casas da Cidade de Maputo é que estão a usar o gás de cozinha, e prevê-se que, ainda este ano, haja um acréscimo de mais 200 em três bairros, um investimento de 30 milhões de Meticais.
“Isto cobre os trabalhos de abertura das ruas, o material, equipamento e, por fim, as licenças que pagamos ao município, por abrirmos e fecharmos as estradas”, explicou Mussá Tembe, director Comercial da ENH KHOGÁS.
Se houvesse dinheiro para a expansão do projecto, as famílias poupariam, mensalmente, cerca de 600 Meticais, dos mais de mil Meticais que gastam com uma botija.
“Em termos de valores monetários, eu gastava cerca de quatro mil. Agora, não gasto mais isto. Com mil Meticais, faço um mês com esse gás”, disse Diogo Mucuácua, beneficiário de gás doméstico na Cidade de Maputo.
Para ter o gás em casa, é preciso que o gasoduto esteja nas proximidades e o cliente paga o contrato de cinco mil Meticais. O combustível está disponível 24 horas ao dia.
“Se se desliga, é porque já acabou, mas, quando tenho 100 Meticais, consigo recarregar e uso sem problemas”, afirmou Luísa Chongo, beneficiária do projecto, com um sorriso estampado no rosto.
A ENH KHOGÁS garante que o sistema é seguro, uma vez que, caso haja fuga de gás, o corte de fornecimento é automático, além de haver alarme que soa em casa de qualquer anomalia.
Nas ruas, o gasoduto é enterrado a uma profundidade mínima de um metro e dois centímetros.
Entretanto, há locais onde as famílias ainda não estão a beneficiar-se do gás, mas já são reportados casos de vandalização e roubo de cobre, usado na instalação do sistema de canalização do gás de cozinha.
“Nós tivemos que reforçar a questão da segurança e isso vai implicar mais um milhão de Meticais adicional (aos 30 milhões de Meticais). Vamos colocar calhas de ferro para que as pessoas não consigam acesso ao cobre”, revelou director Comercial da ENH KHOGÁS.
O Ministério dos Recursos Minerais e Energia revelou, ainda, que, até 2030, terá canalizado gás de cozinha para metade dos bairros na capital do país. O projecto inclui, ainda, algumas residências do distrito de Marracuene.