Moçambique é um dos cinco países do mundo mais afectados pelo HIV, com números mais elevados de novas infecções da SIDA, segundo dados apresentados esta segunda-feira pelo Ministro da Saúde, Armindo Tiago.
“Moçambique situa-se em quarto lugar depois da República da África do Sul, da Nigéria e da Rússia, tal realidade remete-nos a um desafio contínuo e permanente de enveredarmos por acções mais interventivas e coordenadas, visando a redução do número de novas infecções e a melhoria da qualidade de vida das pessoas infectadas e afectadas pelo HIV/SIDA”, referiu Armindo Tiago.
Para além desses dados, o país regista, diariamente, cerca de 364 novas infecções pela doença e a origem desses números pode ser resultante do estigma e discriminação que afecta as pessoas vivendo com HIV/SIDA que, por medo, não procuram ajuda para saber o seu estado serológico ou, quando sabem, não aderem ao TARV.
O Governo quer mudar a situação e uma das formas é perceber o nível de estigma do HIV/SIDA no país e, para tal, foi lançado, esta segunda-feira, um estudo sobre estigma do HIV/SIDA.
“Actualmente, pouco se sabe sobre a situação de estigma e discriminação entre as pessoas vivendo com HIV/SIDA por falta de dados actualizados e dados consistentes sobre o impacto das estratégias implementadas para eliminar este mal”, apontou o Ministro da Saúde.
Este é o segundo estudo feito, o primeiro foi em 2013 e tinha como grupo alvo apenas pessoas vivendo com a doença. Já o inquérito de 2021, segundo avançou Tiago, será mais abrangente, pois irá incluir outras populações que são vítimas de estigma, como os homens que fazem sexo com outros homens, as trabalhadoras de sexo, pessoas que se injectam drogas, reclusos e transgéneros.
Segundo Júlio Munjovo, representante da organização denominada “Constituência de Pessoas Vivendo com HIV/SIDA (PVHIV)”, o programa terá lugar de Junho a Dezembro do ano em curso e terá lugar em seis províncias, com maior índice da doença, nomeadamente, Maputo, Gaza, Cabo Delgado, Sofala e Nampula.
“Para além de recolher dados sobre as pessoas vivendo com a doença, é um catalisador para a construção da solidariedade entre uma diversidade das pessoas vivendo com HIV, bem como para a criação e formação da mudança de comportamento das comunidades”, disse Munjovo.
Já Eva Kiwango, da ONUSIDA, parceira da iniciativa, acredita que o estudo é a condição para acabar com o estigma e discriminação, que são uma barreira do acesso aos serviços de saúde.
“Os estudos indicam que, em Moçambique, cerca de 2.1 milhão de pessoas vivem com HIV, mas cerca de um milhão não tem acesso ao tratamento por vários factores, incluindo o estigma e discriminação e este estudo é o forte exemplo para avançar de forma decisiva para eliminar este mal, que limita o acesso ao tratamento antirretroviral”, afirmou Eva Kiwango.
O primeiro estudo, orçado em seis milhões de meticais, teve lugar em 2013 através do qual se constatou que o índice de estigma, no país, rondava em 56 por cento.