O Governo da província de Maputo e a comunidade do distrito da Manhiça buscam uma resposta tradicional para a sinistralidade rodoviária que já resultou na morte de mais de 50 pessoas este ano. As cerimónias decorrem há quatro dias.
No dia 05 de Julho, um aparatoso acidente resultou em 35 mortos e vários feridos. O ocorrido voltou a trazer à tona o debate sobre a sinistralidade rodoviária em Moçambique. Entidades dos Governos local e central foram ver de perto o cenário e visitaram os doentes. Bernardino Rafael chamou a ocorrência de homicídio e Janfar Abidulai, ministro dos Transportes e Comunicações, fez rolar cabeças no então Instituto Nacional de Transportes Terrestres (INATTER), hoje Instituto Nacional dos Transportes Rodoviários (INATRO).
Depois, Abidulai prometeu melhorar a sinalização da via e tomar outras medidas que ajudassem a garantir segurança no troço há muito considerado perigoso pelos frequentadores. Entretanto, nada disso aconteceu.
Antes de se calar o debate, a 09 de Novembro, houve outro acidente. O saldo foi de 16 mortos. Juntando os números, no total somam-se 51 óbitos resultantes de dois acidentes de viação na Manhiça.
As acções de sensibilização, a única medida que foi implementada de todas as que foram prometidas, não parecem resultar. Porque o apelo já foi para pessoas, com destaque para condutores, mas agora é para entidades espirituais.
“Viemos buscar, única e exclusivamente, resposta e solução para este problema que temos na província de Maputo, que é a sinistralidade rodoviária. As cerimónias tradicionais fazem parte dos hábitos de parte significativa da comunidade da província, por isso estamos aqui a apoiar. O propósito é ter solução, de qualquer das formas”, declarou o governador Júlio Parruque.
Quem também acredita que das cerimónias pode vir maior conforto é a administradora do distrito da Manhiça, Cristina Mafumo. “Que estes defuntos, que estamos a invocar hoje, possam ajudar-nos e aliviar-nos, para que o distrito da Manhiça não seja conhecido como um sítio perigoso devido aos acidentes de viação”, declarou.
Enquanto uns apelam para espiritualidade, a Associação Moçambicana para as Vítimas de Insegurança Rodoviária aproveita a grande participação nos eventos para sensibilizar a comunidade.
O alto nível de acidentes na província de Maputo influenciou a criação da Comissão Nacional para a Segurança Rodoviária.