Com a pandemia da COVID-19 a ganhar cada vez mais terreno em Moçambique, a FocusEconomics fala em “golpe” à economia. A previsão de crescimento do PIB foi cortada para apenas 0,5% este ano.
As perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique para 2020, se deterioraram drasticamente devido a propagação da COVID-19, cujo número de casos positivos chegou a barreira dos 100.
A FocusEconomics cortou a previsão do crescimento para 0,5% este ano, uma queda de 3,7 pontos percentuais em relação à previsão do mês de Abril e de 4,2% para o próximo ano.
Refira-se, que o Governo moçambicano prevê, no pior dos cenários, um crescimento do PIB de 2,2%.
“A principal indústria de mineração deve ser afectada pelos preços baixos das commodities (matéria-prima) e pela demanda externa, enquanto o sector de serviços será prejudicado pelas medidas de contenção implementadas. A pressão crescente para um perfil fiscal já frágil representa um risco adicional”, indica a nota dos painelistas da FocusEconomics, a que “O País Económico” teve acesso.
Os analistas referem que a economia moçambicana já vinha sendo “martelada” pelos ciclones tropicais Idai e Kenneth, que reduziram o crescimento do PIB para uma baixa de quase duas décadas em 2019.
A pandemia da COVID-19 é apontada como outro “golpe” à economia de Moçambique, pois o vírus está se espalhar rapidamente, o que obrigou a duas declarações de Estado de Emergência.
A FocusEconomics lembra que em 13 de Abril, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou um alívio no serviço da dívida no valor de 500 milhões de dólares norte-americanos a 25 de seus países-membros mais pobres para ajudá-los a lidar com os impactos da pandemia, com Moçambique a beneficiar de um perdão de 15 milhões de dólares.
Ainda no mesmo mês, o FMI também aprovou um desembolso de USD309 milhões para ajudar o país a atender necessidades urgentes de balança de pagamentos e fiscais decorrentes da pandemia.
ECONOMIA DA ÁFRICA SUBSAARIANA
Ainda na sua análise mensal, os analistas escrevem que a pandemia da COVID-19, que está se espalhando rapidamente, deve levar a região à recessão pela primeira vez em mais de duas décadas este ano, à medida que a demanda externa e a actividade doméstica diminuem.
Países exportadores de petróleo como Angola e Nigéria serão os mais afectados, enquanto a recessão da África do Sul se aprofundará. O espaço fiscal limitado para responder à crise só agrava a perspectiva sombria.