O Fundo para a revitalização da indústria em Moçambique deverá estar pronto até Dezembro próximo. O Banco Mundial e investidores chineses estão entre os mais interessados em financiar o projecto.
O Banco Nacional de Investimento de Investimento (BNI) revelou esta segunda-feira, em Maputo, que a criação do fundo para a revitalização do sector industrial no país, que representa uma contribuição média de 9% no Produto Interno Bruto (PIB) encontra-se numa fase muito avançada.
A iniciativa foi lançada há cerca de oito meses, mercê da assinatura de memorando tripartido entre o Ministério da Indústria e Comércio, Banco Nacional de Investimento e a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
“Neste momento estamos a negociar com vários investidores. A China é um dos maiores interessados no projecto, bem como o Banco Mundial e outras instituições financeiras já abordadas”, disse Tomás Matola, Presidente do Conselho de Administração (PCA) do BNI.
Sobre a China, em particular, o “homem forte” do BNI adiantou que está prevista para breve, uma cimeira entre Pequim e Maputo, evento que servirá para aprimorar os aspectos técnico e modalidades de financiamento aos projectos industriais.
Escusando, no entanto, avançar com os montantes já prometidos, Tomás Matola, referiu que o mais importante é a manifestação do interesse. “Não creio que seja o momento oportuno para se falar de valores. Mas há uma certeza, o fundo estará pronto este ano”, atirou.
Esta experiência deverá ser replicada para outros sectores estratégicos da economia, com destaque para a indústria do gás e petróleo, infra-estruturas, habitação, entre outros ramos.
Já o ministro da Indústria e Comércio, Ragendra de Sousa, destacou no seu discurso de abertura do seminário sobre os desafios do sector industrial em Moçambique, que este ramo de actividade económica continua a ser uma das prioridades do Governo, na transformação estrutural da economia, assim como para a mudança qualitativa do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), para a elevação da competitividade e sua inserção no mercado mundial.
Contudo, apontou alguns desafios para a classe empresarial deste sector, com destaque para o acesso ao financiamento adequado, assim como a informação pertinente do acesso a matéria-prima e do mercado para a exposição dos seus produtos.
Por seu turno, o presidente da CTA, Agostinho Vuma, traçou o quadro decrescente da indústria manufactureira ao longo dos últimos 10 anos. A título ilustrativo, em 2017 a sua contribuição no PIB foi de 8,7%, contra 11,8% registados em 2008.
“Constata-se que a redução de 300 médias empresas entre 2003 e 2015 implicou uma perda do valor acrescentado bruto da indústria manufactureira em cerca de 9,4% em 2015 e em cerca de 13% em 2018, facto que tem contribuído para a redução do peso deste sector na actividade económica ano após ano”, indicou Vuma.
Acrescentando, que um dos principais entraves nesta indústria está associado aos altos custos operacionais e a disponibilidade de financiamento ajustado a realidade do país.
Da análise, sugere-se que em cada unidade monetária gerada na indústria manufactureira, em média, 27% paga a matéria-prima. “Podemos considerar que a matéria-prima tem um papel relevante na competitividade do sector”, concluiu.