A comunidade internacional volta os olhos para a Tanzânia. A Fundação Mo Ibrahim, uma das vozes mais influentes em defesa da boa governança em África, diz-se alarmada com a recente onda de repressão política no país. A Fundação declarou que “Isso não é aceitável.”
A Fundação Mo Ibrahim condena a violência contra os manifestantes que resultou em centenas de mortes e feridos nos últimos dias, na tensão eleitoral em Tanzânia.
Num comunicado, com o título “Senhora Presidente, isso não é aceitável”, a Fundação Mo Ibrahim denunciou nesta segunda-feira, que o governo de Samia Suluhu foi inicialmente recebido como símbolo de mudança, ao libertar presos políticos e restabelecer o diálogo com a sociedade civil, avanços que agora parecem ameaçados.
“Após o regime autoritário do seu antecessor, o Presidente Magufuli, todos nós a recebemos como uma presidente reformista que acreditava e defendia a democracia, o estado de direito e a sociedade civil, ao libertar presos políticos e oferecer espaço à oposição política. Portanto, estamos consternados com a nova direcção tomada, proibindo partidos de oposição de participarem das eleições, interrompendo a internet, atirando contra manifestantes, a maioria deles jovens.
O comunicado reforça ainda que os protestos são compreensíveis.
“Uma eleição que exclui os partidos da oposição não é justa nem legítima e que a raiva nas ruas é compreensível e esperada”.
A Mo Ibrahim alertou em Junho, que o continente não vai atrair investimentos nem aproveitar seus recursos internos sem paz.
“Destacamos que não poderia haver aproveitamento dos enormes recursos domésticos de África, nem convocação para mais capital privado investir em nosso continente, sem paz, segurança e Estado de direito”.
Segundo a Fundação, a crescente instabilidade na Tanzânia, somada à tensão em Uganda e à tragédia no Sudão, reforça o alerta, pois um continente só prospera quando seus povos são livres e suas vozes respeitadas.

