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Funcionários e estudantes da UniLicungo no estrangeiro sem subsídios de bolsas há 8 meses

Mais de 50 funcionários da Universidade Licungo, que estudam no estrangeiro, não recebem subsídios de bolsas de estudo há nove meses. A instituição diz que a culpa é do Ministério da Economia e Finanças, que não tem desembolsado o dinheiro. Já o Ministério diz desconhecer o assunto e promete pronunciar-se em breve.

Em 2021, 59 funcionários da Universidade Licungo beneficiaram-se de bolsas de estudos completas em diversos cursos para os países da diáspora, o que significa que deviam beneficiar-se de um subsídio de bolsa de 1050 euros, o correspondente a cerca de 73 mil Meticais para o caso dos países como Espanha, e 1200 dólares, cerca de 75 mil Meticais, para o caso dos Estados Unidos da América, por exemplo.

Saíram de Moçambique, com o valor nas contas, mas tudo mudou em Setembro de 2022, a última vez que receberam o subsídio.

“Em Janeiro de 2022, pagaram a algumas pessoas e continuaram a fazê-lo por dois meses até que chegou uma altura em que não estavam a pagar e ficaram algumas dívidas. Daí, só fomos receber quase no fim de ano, tanto que sobraram dois meses. Estamos a dizer que, praticamente, desde Novembro de 2022, não sabemos o que é receber o subsídio de bolsa”, disse Augustinho Tsinini, estudante moçambicano na Espanha.

As contas de renda, alimentação e outras necessidades são agora custeadas com dificuldades. Célia Rute, estudante moçambicana, também na Espanha, recebe 1050 euros, o que não serve para muita coisa, uma vez que subtrai, desse valor, 300 euros só para pagar a renda do apartamento, de um cómodo, onde vive.

“As despesas aqui são muitas. Hoje em dia, a vida na Europa é muito cara. Arrendar uma casa na cidade, perto da universidade, não custa o mínimo de 300 euros”, disse.

Por serem funcionários da UniLicungo, os estudantes têm direito a 75% do seu salário, dinheiro que os pais e mães que foram estudar fora do país pensavam que seria suficiente para custear as despesas das suas famílias em Moçambique.

“Começamos a dividir os 75%, com a família em Moçambique, uma situação complicada. O custo de vida está elevado, há necessidade de se gastar mais do que recebemos, o que significa acumular dívidas”, disse Augustinho Tsinini.

“Deixamos crianças, parentes, este valor poderia suprir as suas necessidades. Mas, em algum momento, temos que partilhar esse valor para suprir as nossas necessidades aqui”, acrescentou Célia Rute.

Pedro Geraldo é finalista do curso de Química, voltou ao país, de férias, mas, devido à situação, o seu maior desejo é regressar o mais rápido a Portugal para terminar o seu curso.

“Não posso ficar mais tempo lá. Não tenho condições para isso. A qualquer momento, o senhorio pode tirar-nos da casa e onde vou morar, debaixo da ponte? Não é possível. Sou pai de família, deixei os meus filhos para estudar, aumentar o nível de escolaridade e ajudar o meu país”, desabafou Pedro Geraldo, estudante moçambicano em Portugal.

Em sua defesa, a Universidade Licungo diz que a culpa é do Ministério da Economia e Finanças, que não desembolsa o valor dos subsídios desde o ano passado.

“Quando nos canalizam, pagamos o devido. Neste momento, são oito meses. Este ano, remetemos duas cartas em tempos curtos ao Ministério da Economia e Finanças, explicando a importância do desembolso desse valor”, disse o porta-voz da UniLicungo, Lucky Injage.

Uma versão contrariada pelo Ministério da Economia e Finanças. Contactamos o porta-voz da instituição que disse não ter conhecimento do assunto e que ia informar-se para reagir.

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