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Fuga de 17 reclusos em julgamento na Beira

Iniciou, hoje, na quarta secção do Tribunal Judicial da cidade da Beira,  o julgamento de seis pessoas acusadas  de terem facilitado à fuga  de 17 reclusos, da Cadeia Central da Beira, em princípios de Agosto do ano passado, com destaque para três deles, que estavam supostamente envolvidos no assalto de 27 milhões de meticais num dos balcões do Millenium BIM, que seriam julgados na semana que fugiram.

De entre os seis acusados, com o processo número 479/2017, cinco são guardas prisionais que estiveram de serviço no dia da mediática fuga, que envolveu duas viaturas e uma arma de fogo. O motorista de uma das viaturas foi detido no mesmo dia por um guarda prisional, com apoio de populares, e  faz parte dos que estão agora no banco dos réus.

Segundo a acusação do Ministério Público, os cinco guardas prisionais, nomeadamente António Magube, Lucas Cobra, António Verimo, Helton Nenias e  Miguel Chequessene, mantinham contactos com os réus Marone e Manucho, implicados no assalto ao Millennium BIM, contactos esses que culminaram com a introdução de uma arma de fogo numa das celas que foi usada para a fuga dos reclusos em alusão.

O Tribunal começou por ouvir Manuel dos Santos, o motorista. Este confirmou que efectuou vários contactos com António Veremo e Lucas Cobra, ambos guardas prisionais, tendo entregue aos mesmos sacolas plásticas contendo   3.300,00 Meticais,  destinados a um dos fugitivos.

Manuel dos Santos disse ainda que manteve contactos telefónicos com uma senhora denominada  Nene, que é irmã de Moniz Bambu, um dos implicados no rombo milionário no Millennium BIM e que recebeu desta  50 mil meticais destinados a dois oficiais dos guardas prisionais, que os identificou apenas com os nomes de   James e  Ivan.

A mesma senhora, de acordo com Manuel dos Santos, orientou-lhe dias depois a  levar a viatura que estava a conduzir na altura da sua detenção, uma viatura alugada,  até próximo à Cadeia Central da Beira de modo a transportar o arguido (Moniz Bambo) para Quelimane.   

Dos Santos afirmou também que devido às ameaças que sofrera, em nenhum momento da instrução preparatória do processo chegou a pronunciar os nomes dos oficiais  James e   Ivan,   como indivíduos com quem manteve os contactos para a fuga dos prisioneiros.  

O tribunal ouviu ainda hoje António Magube, outro guarda prisional, que, no dia da evasão dos 17 reclusos, era oficial de permanência. Magube disse que entregou as chaves das celas ao seu colega de nome Lucas Cobra, a quem coube a missão de abrir as celas para permitir a saída dos reclusos que nas manhãs têm efectuado a limpeza da cadeia e o transporte de água para a cozinha e as celas. Ele acrescentou que cerca das 7 horas, quando caminhava para a parte exterior da cadeia, a fim de atender familiares dos arguidos, que se tem deslocado todas as manhãs àquela penitenciária para deixar o pequeno almoço, foi ameaçado com dois reclusos, nomeadamente  Manucho e Marone, os implicados no  caso Millenium BIM,  que lhe  apontavam uma arma, exigindo que este deixasse a sua. Magube diz que obedeceu e  de seguida os mesmos arrombaram a porta e apercebeu-se que havia uma evasão dos reclusos.  

Por sua vez, Lucas Cobra, um dos co-réu e guarda prisional, confirmou perante o tribunal que abriu duas celas, uma delas de máxima segurança, que não devia ser aberta,  onde estava encarcerado um dos implicados do roubo no Millenium BIM. Cobra alegou que depois entregou as chaves a um dos reclusos para lhe ajudar a controlar os prisioneiros que alegadamente deveriam proceder à limpeza da cadeia e que não sabe em que momento as outras cinco celas foram abertas, de onde fugiram os outros reclusos. 

Depois destas confissões, o juiz da causa ordenou a retirada de liberdade condicional de Lucas Cobra e ele  foi imediatamente detido, por perceber que o mesmo pode atrapalhar o decurso das investigações 

O julgamento prossegue no dia 13 Março com audição de mais co-réus e declarantes.

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