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Frelimo e Renamo lamentam morte de José Eduardo dos Santos

Considerado partido irmão por ter comungado dos mesmos objectivos até à independência, a Frelimo diz que a morte do ex-Presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, deixa um grande vazio.

“O Presidente José Eduardo dos Santos liderou Angola por 38 anos. Isso significa que ele foi um actor determinante na consolidação da democracia naquele país irmão. A história do MPLA confunde-se com a história da Frelimo. Somos partidos irmãos, por isso é um momento de dor e consternação, não só para a população de Angola, mas também para o povo moçambicano. É um momento difícil. É uma perda irreparável, porque o Presidente José Eduardo dos Santos é um dos actores que ajudou a construir o Estado angolano”, referiu Caifadine Manasse.

Já a Renamo endereçou uma mensagem de condolência à família e ao partido. “Angola é um país com características comuns com Moçambique. Tivemos o mesmo colonizador. O partido partilha da dor dos angolanos. Ninguém concorda com a morte de um ser humano, pelo que temos um sentimento de pesar. Queremos encorajar a família Dos Santos, e [em especial] as suas filhas”, referiu André Magibire, porta-voz da Renamo.

 

RAÚL DOMINGOS ANTEVÊ TENSÕES

Negociador-chefe do Acordo-Geral da Paz do lado da Renamo e membro do Conselho de Estado, Raúl Domingos, diz antever tensões entre o actual presidente e os filhos do finado. Com larga experiência como político, também presidente do Partido para Paz, Democracia e Desenvolvimento, começa por lamentar a morte do ex-presidente angolano. “É um momento de dor e luto para o povo angolano. José Eduardo dos Santos morre num momento em que acontecem profundas mudanças em Angola. É uma perda irreparável, uma vez que (ele) poderia contribuir para essas mudanças. A sua voz teria um grande impacto para as mudanças que se pretendem”, referiu Domingos, para depois defender que, com a morte do ex-Estadista haverá escalada da tensão entre João Lourenço e a família Dos Santos. “Os últimos pronunciamentos de Tchizé dos Santos revelam que poderemos assistir a uma situação conturbada em Angola, nos próximos tempos. Mas mesmo assim, queremos manifestar o nosso sentimento de pesar e de solidariedade e esperar que os ânimos se acalmem e se acompanhe com serenidade este momento”, terminou.

O académico Alberto Ferreira tem uma posição diferente. “Os líderes históricos eles não morrem. Samora Machel não morreu, Nelson Mandela não morreu. Esses líderes continuam a ser avaliados e estudados. De igual maneira, este líder será avaliado e estudado por aquilo que representou para Angola e para África. Defendo que a morte dele não vai criar instabilidade, porque ele não era o presidente em exercício e Angola está estável política e socialmente”, defendeu.

De salientar que antes de assumir a presidência foi vice-Primeiro-ministro e do Plano até 1979, quando foi eleito sucessor de Agostinho Neto.

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