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Franque acusa Leão de aliciar reclusos a incriminar Nini Satar em troca de liberdade

Foto: O País

O declarante Franque Devisse nega a acusação de que teria sido quem introduziu uma faca na Cadeia de Máxima Segurança da Machava, para executar Nini Satar. O recluso acusa o arguido Leão Wilson de tentar alicia-lo a mentir em troca de liberdade.

No seguimento do julgamento do caso de tentativa de assassinato de Nini Satar, foram, esta quarta-feira, ouvidos mais dois declarantes.

O primeiro foi Franque Davisse, acusado de ter facilitado a entrada de uma faca na B.O., a fim de executar Momed Satar, em Fevereiro do ano passado.

Confrontado com o facto, Franque refutou as acusações e revelou ter sido coagido pelo arguido Leão Wilson a acusar Nini Satar, em troca de liberdade.

“Nesta segunda-feira (24), quando saíam daqui, Leoa Wilson procurou-me e disse para eu vir mentir aqui para o tribunal, dizendo que quem me entregou a faca foi Nini. Mas eu não podia fazer isso, porque eu sei que é crime”, disse Franque Davisse, depois de ter afirmado que jamais tenha visto a tal faca de que tanto se fala.

Questionado se teria ouvido falar do plano de assassinato de Nini Satar, Franque disse que só ouviu o caso depois que o assunto foi despoletado, quando a Procuradoria-Geral da República começou uma investigação na B.O., por forma a descobrir os contornos desse caso.

O recluso, de 36 anos de idade, conta que, numa das vezes, o seu pavilhão foi interpelado, através da rede de vedação que separa o seu do outro, por António Chicuamba, um dos arguidos do processo, solicitando que fizesse chegar um contacto telefónico escrito num pedaço de papel a um outro recluso (arguido), de nome Damião Mula.

“Chegado lá, entreguei o contacto e ele devolveu dizendo que o número não estava completo e que não devia aceitar nada quando fosse chamado pela PGR, isto porque Leão (arguido) estava a tratar tudo com os ‘chefes’. Quando voltei, Chicuamba já estava a ser recolhido para um interrogatório. Daí chamei Ismael (outro recluso) e informei-o do sucedido, pelo que me aconselhou a contar tudo a Nini”, disse.

Já o segundo declarante, Armando Vilanculos, oficial de inteligência penitenciária, é implicado no caso como quem teria facilitado a entrada do celular usado para fazer gravações que comprovam o envolvimento dos seis arguidos. Mas este também negou tudo.

Vilanculos é citado como quem recebeu o celular de José Ngulela, numa das paragens do bairro Jardim, na Cidade de Maputo, para facilitar a sua entrada na B.O..

Mas aquele diz que, como oficial de inteligência, foi integrado a uma equipa composta por membros da PGR, SERNAP e outros elementos do quadro da justiça para apurar a veracidade dos rumores existentes sobre a tentativa de assassinato.

No trabalho de investigação, Leão Wilson foi tido como responsável pela execução e Lenine Macamo o cabecilha.

“Depois de Leão ter aceitado, acabou por dizer muitos assuntos sérios, que envolvem pessoas de alto nível no Governo, em que existe um interesse em eliminar Nini Satar, porque já não querem ele na sociedade, porque está a trazer muito problemas para o sistema e ia garantir a soltura deles e teriam muito dinheiro. Fala-se de mais de 40 milhões de Meticais”, disse Armando Vilanculos.

Nesta audição, um novo nome foi citado de quem terá feito parte do esquema para introdução de uma faca na B.O.. Chama-se Inácio Mirasse e será ouvido esta quinta-feira.

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