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Francisco Noa diz que a crítica literária está em crise e a solução é haver escola

Foto: O País

O professor defende que é preciso dinamizar o espaço da cultura nos órgãos de comunicação social. O académico falava, esta segunda-feira, num encontro entre universitários para discutir uma possível existência de uma escola de crítica literária no país.

Francisco Noa juntou-se a outros académicos, docentes, escritores e estudantes, na Cidade de Maputo, para discutir a possibilidade da existência de uma escola de crítica literária no país.

No encontro, Francisco Noa afirmou que a crítica literária entrou em colapso: “A crítica jornalística é que está em crise, porque, se formos a ver, na própria história da literatura moçambicana e das outras literaturas, os escritores afirmavam-se e iniciavam no jornal e na revista. Era onde se fazia todo o trabalho de legitimação e de divulgação e perdemos esse espaço”.

O académico defende que esses espaços nos órgãos de comunicação social são fundamentais, pois as obras da arte só vivem se tiverem públicos especializados a falarem sobre elas.

Para Francisco Noa, mesmo antes da existência de uma escola, falta crítica literária dos que deviam fazê-la. “Literatura sem crítica é como se fosse uma literatura sem uma especialização e isso não ajuda. O que eu sinto é que nós somos muito atomísticos, no sentido de que somos muitos dispersos. Não há uma enorme consistência na forma como nos organizamos”, acrescentou.

O ensaísta diz ainda que, para a existência de uma escola de crítica literária, deve haver organização entre os fazedores da arte, o que não há. “Deve haver uma organização por detrás disso tudo, para que exista, de facto, uma escola. Essa escola não precisa de ser necessariamente um prédio, um edifício; tem a ver com a concentração daquilo que é o conceito das pessoas sobre a literatura, que conceitos as pessoas têm sobre a sociedade e sobre o livro e elas comungam esse mesmo conceito e depois entra numa produção que está alinhada com esse conceito que as pessoas têm sobre a literatura”, defendeu Noa.

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