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Francisco Muianga lança seu primeiro livro na Beira

Foto: Fundza

Francisco Muianga lançou, na Feira do Livro da Beira, realizada semana passada, na capital de Sofala, o seu livro de estreia, intitulado Zeus, quando é cão.

Publicado pela Editorial Fundza, o romance de Francisco Muianga retrata a história de Jonas, que acontece em dois países: Moçambique e África do Sul. Em geral, o protagonista do romance move a história no sentido em que vai observando e reportando determinados acontecimentos importantes para a trama.

Na verdade, Zeus é o nome de um cão. A partir do animal e, sobretudo, do jornalista Jonas, o escritor pretende retratar aquilo que aconteceu e o que poderia ter acontecido no ofício dos profissionais da comunicação social. “Quero assinalar a actividade jornalística, explorando aquilo que eles sabem, mas não dizem; as suas limitações e o seu atrevimento”, disse o escritor.

Ao longo do processo criativo de Muianga foram determinantes dois acontecimentos. Primeiro, o assassínio de um juiz. Segundo, a morte de um cidadão, causada pela mordida de um cão. Ao notar que ambos os casos terminaram sem que a justiça fosse feita, Muianga decidiu ficciona-los. Portanto, o romance inspira-se na realidade moçambicana, mas não o escreve como facto real. Zeus, quando é cão ficou concluído em um ano, pois o processo criativo do autor varia entre as crónicas, os contos e artigos de opinião.

Em geral, afirmou o professor universitário Cristovão Seneta, que apresentou o livro, “Pode-se dizer que Zeus, quando é cão é uma crónica do nosso tempo que se fecha à banalização do mal numa «sociedade hipócrita». Servindo-se de uma linguagem carregada de humor, o escritor transforma a escrita num libelo de denúncia das patologias quotidianas que aniquilam a sociedade moçambicana”. Acrescenta Seneta: “Francisco Muianga retrata situações dramáticas enformadoras da vivência individual e colectiva das personagens que se movimentam nas diferentes coordenadas espaciais e temporais da(s) narrativa(s), como sejam a migração, a impunidade, a corrupção, «o nepotismo e amiguismo»,  a criminalidade, a violência armada, resultante da guerra civil e da actuação da polícia, a decadência dos valores de cuidado e solidariedade, a superstição, a prostituição, a delinquência juvenil, a pobreza”.

O romance de Muianga foi lançado na Feira do Livro da Beira, que contou com a presença da Secretária do Estado de Sofala, Stela Zeca, e da escritora Paulina Chiziane.

Francisco Armando Muianga nasceu a 9 de Fevereiro de 1959, no Bairro de Chamanculo, Cidade de Maputo, onde fez estudos primários e secundários. Cursou Mecânica, na especialidade de Torno e Fresa, na Escola Industrial 1º de Maio, de 1979 a 1981. É jornalista de profissão desde 1982, tendo ingressado no Diário de Moçambique, a partir da delegação de Maputo, naquele mesmo ano. Em 1983, foi transferido para a Cidade da Beira, sua actual residência. Entre 1986 e 1988, esteve baseado na Cidade de Chimoio, em Manica, também ao serviço do Diário de Moçambique. O autor concluiu o curso de Ensino de História e Filosofia na então delegação da Universidade Pedagógica da Beira, hoje Universidade Licungo.

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