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Forjados futuros guarda-redes em Infulene

Foto: O País

Jovem formado em Educação Física cria uma academia de formação de guarda-redes no bairro de Infulene, no Município da Matola. Com a criação da academia, o jovem pretende fornecer guarda-redes de qualidade aos grandes clubes do país. Actualmente, a academia conta com 25 crianças. 

Há um sonho que mora no bairro do Infulene. O caminho parece longo, mas os olhos sonhadores dessas crianças são de longo alcance. Por aí, as luvas encaixam-se perfeitamente naquilo que elas pretendem para o futuro. Abrir uma nova página e com letras douradas escrever a história de uma geração, cuja missão é manter as balizas invioláveis.

À partida até parece um sonho inalcançável. Mas, mais do que lições sobre como posicionarem-se na baliza, nesta academia aprendem também ter noção sobre com que valências se faz uma carreira. Das ruas do Infulene, Otis Guidimane já é uma referência na sua zona. Não é para menos, trocou as mãos desprotegidas pelas luvas da academia. Uma decisão que, para o futuro guarda-redes, foi a melhor da sua vida. É que, ainda que seja prematuro, os resultados já são visíveis.

“Tenho aprendido muita coisa nesta academia. Melhorei no capítulo das recepçoes, no posicionamento e nos movimentos”, conta Otis Guidimane. Para além do futebol, há outros valores que o mesmo tem aprendido. “Aprendi a ser humilde também”, algo que Otis Guidimane não tem preço.

Juliano Sozinho sonha em ser um grande guarda-redes. Quer mudar os paradigmas na selecção nacional de Moçambique, até porque já identificou algumas fragilidades. Explica!

“Tenho notado que os Mambas marcam pouco golos, em contrapartida sofrem muitos”. Como em qualquer área, para Juliano Sozinho não faltam referências. O futuro guarda-redes recorreu à porta ao lado para encontrar o seu ídolo. Ou seja, tem como referência o seu treinador. “Tudo quanto sei até agora foi ele que me ensinou”, explica Juliano Sozinho.

A inocência não lhes rouba os seus sonhos. Por isso, Otis Guidimane espera um dia vestir a camisola do PSG. Com a baliza segura, Neymar, Lionel Messi e Mbappe já não precisam se preocupar.

 

VENCER AS DIFICULDADES

O patrono da academia, Piodozio Magono, não tem dúvida do que pretende. Formar guarda-redes de qualidade e alimentar os clubes do país, é o objectivo que norteou a criação da academia.

Há três anos, precisamente em 2019, que o jovem vem perseguindo o sonho de fazer a diferença. A pandemia da COVID-19 até tentou travar o sonho, mas foi apenas um teste de resiliência.

“Retomamos as actividades no ano passado”, explica Piodózio Magono. E porque o projecto é inclusivo, há espaço para todos nesta academia, daí que a mesma é composta por crianças de vários bairros da Cidade de Maputo. Há até quem venha de Ressano Garcia movido pelo sonho de ser guarda-redes.

Têm vontade, de tal sorte que nunca vergaram perante às adversidades que têm enfrentando. Na Academia de Formação de Guarda-redes do Futuro, falta um pouco de tudo, com destaque para o material desportivo. Ainda assim, o trabalho deixa de andar.

Apesar de ainda não ter rubricado alguma parceria com os clubes, já há sinais visíveis sobre o trabalho que a academia está a desenvolver. É que, as solicitações começam a chover a cântaros. Para o patrono da academia ainda é prematuro libertar as suas joias, segundo explicou, ainda há muito trabalho por se fazer.

Recentemente a academia recebeu apoio do ex-treinador da Associação Black Bulls, Hélder Duarte, que a partir de Portugal enviou luvas. O gesto é, para Piodózio Magono, louvável. O apoio do técnico português já faz diferença, mas lista das necessidades ainda é maior, daí que o patrono da academia lança um grito de socorro ao empresariado.

“Temos recebido apoio de algumas pessoas que se identificam com o nosso projecto. Ora, precisamos mais. Por isso, estamos sempre a bater portas para ver se conseguimos patrocínio”, sublinha Magono.

Vezes há em que Piodózio Magono tem investido o seu dinheiro para garantir o transporte das crianças para os treinos. E quando isso não acontece, é obrigado a treinar com um número reduzido de atletas. A academia conta com 25 crianças, de idades compreendidas entre 10 a 20 anos de idade. O projecto arrancou, em 2019, com 15 crianças.

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