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Foram hoje a enterrar os restos mortais de Simião Ponguane

Foram hoje a enterrar os restos mortais de Simião Ponguane, jornalista da TVM. Durante o velório decorrido no salão nobre do Município de Maputo, foram destacadas as qualidades humanas e profissionais de Simião Ponguane.

A urna com os restos mortais de Simião Ponguane esteve em câmara ardente no Paços do Município de Maputo, onde familiares, amigos, colegas de profissão, admiradores e dirigentes marcaram presença para renderem a última homenagem. Élio Manuel Jonasse, presidente do Conselho de Administração da TVM, considera Ponguane um verdadeiro mestre.

“Honrado e batalhador, Ponguane era um mestre sempre pronto a partilhar os conhecimentos que tinha e passar a sua experiência. Era também um discípulo sempre disposto a aprender de todos, e era com esse sentido de curiosidade que fazia as suas entrevistas, perguntas de quem realmente questionava para saber. Hoje, visivelmente consternados com a morte, estamos aqui, neste átrio, para dizer ao mestre Ponguane ‘muito obrigado’.”

O percurso profissional de Simião Ponguane iniciou-se nos finais do anos 1988, altura em que chegou à então Televisão Experimental como estagiário. Depois foi enquadrado e trabalhou até quase à reforma. Os antigos colegas recordam-no como um profissional exemplar.

“Simião Ponguane, tu detestas os rótulos políticos, eras apartidário, mas um grande patriota. O teu amor à pátria moçambicana era efervescente e inabalável, por isso viemos aqui com profunda mágoa homenagear-te, homenagear o colega, o irmão, o amigo Simião Augusto Ponguane”, era Felizardo Massingue em representação da Associação dos Aposentados da TVM.

Quem também se recordou de Ponguane foram os ex-colegas de escola.

“Desde a escola pré-universitária de Nwachicoluane, em Chókwè, província de Gaza, tive o privilégio de juntos frequentamos a escola de jornalismo e, depois, na TVE, onde te revelaste uma pessoa com sentido de compromisso e de missão para com o trabalho e uma paixão inabalável pela profissão jornalística.”

O Sindicato Nacional de Jornalistas, no seu elogio fúnebre, destaca o legado de Simião Ponguane.

“Afável, mas aguerrido, às vezes, até podia criar calafrios aos entrevistados diante das câmaras, em directo. Ponguane não deixava em mãos alheias a velha máxima do jornalismo: perguntar, perguntar, perguntar sempre.”

O edil de Maputo, Rasaque Manhique, referiu que a cidade está de luto pela perda de mais um notável munícipe, que foi um jornalista exemplar.

“Hoje, reunimo-nos para honrar a vida e o legado de um jornalista verdadeiramente notável e ensinador de todas as gerações. Simião Ponguane foi muito mais do que um simples repórter. Ele foi um guardião da verdade, exímio contador de histórias e defensor incansável da liberdade de imprensa.”

A família Ponguane menciona, no elogio fúnebre, que o jornalista, em casa, era um homem de valores nobres e que soube guiar a família para o bem.

“Foi um verdadeiro herói em todas as frentes de combate na nossa família. Ensinou-nos a honestidade, a convivência harmoniosa, a prática do bem, a dedicação ao trabalho, o respeito pelo próximo e o sacrifício pelo bem-estar de todos.”

A urna com os restos mortais de Simião Ponguane saiu do salão nobre para o carro fúnebre acompanhada de salva de palmas de todos os presentes na cerimónia.

Várias personalidades presentes no velório destacaram qualidades raras em Simião Ponguane, um jornalista que foi fiel aos seus princípios de integridade e verticalidade profissional. O desafio, agora, é manter seu legado.

Emília Moiane, antiga jornalista da TVM e directora do Gabinete de Informação, GABINFO, disse que o Ponguane marcou gerações e sentiu nele uma grande responsabilidade profissional.

“Foram dois ou três anos de trabalho árduo de entradas e saídas com muita responsabilidade. Penso que todos nós aprendemos bastante com Simião Ponguane. Deixa legado, deixa muito conhecimento e, acima de tudo, a sua humildade e verticalidade, para que os profissionais possam seguir.”

Fernando Bismarque, jornalista e deputado da Assembleia da República, diz que Ponguane exerceu o jornalismo de forma diferente.

“A morte de Simião Ponguane deixa um grande vazio. Como se sabe, Simião Ponguane destacou-se num jornalismo de grande confronto, num jornalismo, digamos, de cidadania. Este tipo de jornalismo ajuda a construir a nossa jovem  democracia.”

António Muchanga, deputado da Assembleia da República pela bancada da Renamo, testemunhou que várias vezes foi entrevistado por Simião Ponguane.

“Como jornalista, foi um jornalista fogoso, pujante, persistente e consistente. Recordo-me de algumas entrevistas que me fez durante a guerra, quando eu era porta-voz e, depois, a última entrevista que me fez em Johanesburgo durante o julgamento de Manuel Chang.”

Fernando Lima, jornalista e amigo de Simião Ponguane, diz ter orgulho do percurso do falecido.

“Eu tenho orgulho de ter sido colega de Simião ponguane, não são palavras de circunstâncias, é uma questão que sinto com grande profundidade. Outra coisa muito importante é que Simião Ponguane levou a sério aquilo que está escrito na constituição da república em relação a imprensa pública, a imprensa pública não deve ser só servida por lambe-botas e por seguidistas e Simião Ponguane não foi isto, foi um excelente jornalista.”

Rogério Sitoe, jornalista e antigo director do Jornal Notícias, diz que Simião Ponguane foi um profissional de valores e virtudes.

“Mas há coisas que acho que são muito importantes para Simião Ponguane: são valores. há três valores fundamentais que ele preservou integridade, ética e deontologia.”

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