O País – A verdade como notícia

Fome zero deve ser agenda prioritária dos Governos, diz Hélder Muteia

Foto: O País

Os Governos devem adoptar políticas adequadas e ter uma liderança forte e comprometida com a agenda da erradicação da fome. Quem o diz é o antigo ministro da Agricultura, Hélder Muteia, que falava hoje, durante a abertura do ano académico do  ISCED.

No mundo são produzidos, por ano, cerca de 4 biliões de toneladas de produtos alimentares, para alimentar 8 biliões de pessoas, entretanto um terço destes alimentos são desperdiçados, expondo à fome 278 milhões de pessoas, só em África.

Hélder Muteia defendeu, esta sexta-feira, numa aula de sapiência, que a erradicação da fome no mundo passa pela adopção de políticas adequadas e centradas na produção de alimentos. Muteia fala de um mundo que precisa ter “Fome Zero” como uma agenda comum dos Governos.

Os países devem apostar em, pelo menos, cinco pontos, nomeadamente em “um compromisso global para a erradicação da fome, no sentido de que o tema deve estar no topo das agendas de desenvolvimento; um compromisso global sobre o clima, com particular incidência na base de recursos naturais que sustentam a vida e a produção alimentar no planeta; Um compromisso global para adopção de novos paradigmas institucionais, económicos, tecnológicos e sociais e, finalmente e, finalmente, um compromisso global para apoiar a busca de novas soluções tecnológicas, através da pesquisa, experimentação e partilha de conhecimento”, defendeu Muteia.

À academia, Muteia desafia a mudança do paradigma de produção de conhecimento.

“As instituições de ensino devem ser centros para alcançar novos paradigmas e novas fronteiras, em forma de modelos de agricultura sustentável e sistémica, como a agroecologia; a agricultura biológica; a biotecnologia; a permacultura; os sistemas agroflorestais; a agricultura de precisão; agricultura vertical como a hidroponia e aeroponia; a restauração de solos degradados usando supermicróbios fertilizantes; o recurso à robotização em trabalhos mais duros e degradantes”, disse.

Segundo o investigador, as academias devem ser ousadas na busca de soluções alternativas como as tecnologias de cultivo de terras áridas, as pesquisas para a vulgarização do consumo de insectos, o cultivo de algas e a descoberta de novas fontes de alimentos até hoje desconhecidos ou pouco utilizados.

“As instituições de ensinos devem ainda pesquisar, sistematizar e divulgar conhecimentos e mecanismos de promoção da cultura de paz e prevenção das guerras e conflitos sociais que representam uma das maiores preocupações no combate à fome e à má nutrição”.

Sobre a situação de Moçambique, Hélder Muteia diz que um dos grandes desafios da nossa agricultura é o facto de a maioria produzir para consumir. 70 porcento das unidades produtivas nacionais são de subsistência, daí que as universidades devem “ajudar a diversificar a produção, de modo a equilibrar o actual padrão dominado por produtos com elevada sazonalidade e baixo preço por unidade de volume que não garantem excedentes em quantidade e qualidade para uma integração efectiva no mercado. É claro que sair dessa armadilha não é fácil, requer coragem”, concluiu.

Segundo a fonte, a fórmula passa pelo envolvimento das instituições de ensino nos esforços de transformação destas unidades familiares de subsistência em actores mais competitivos e na formação de uma nova geração de empreendedores dos sistemas agroalimentares que abracem uma perspectiva mais moderna, mais rentável e mais sustentável.

Estas palavras foram proferidas durante a abertura do ano académico 2023, da Universidade aberta ISCED, que decorreu no campo de produção de Hanhane, em Namaacha. Na ocasião, o ministro da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior disse que o país precisa apostar mais na inovação científica e tecnológica.

O Instituto superior de ciências e educação à distância, ISCED conta, actualmente, com 347 alunos que frequentam os cursos de desenvolvimento agrário e Agronegócio.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos