O Departamento Técnico da Federação Moçambicana de Futebol apresentou três cenários possíveis de como será a época futebolística nacional após o Covid-19. O primeiro prevê que a época termine em Dezembro deste ano e os restantes dois induzem à mudança do calendário futebolístico, adequando a época proposta pela CAF.
Ainda estamos somente com os primeiros sete dias das medidas de prevenção, que incluem a quarentena domiciliária, adoptadas pelo governo moçambicano, faltando ainda pouco mais de 20 dias para o seu fim. Com as restrições impostas, o futebol parou no país e no mundo, mas as mentes continuam a funcionar, já a pensar no que será do futebol nacional depois da passagem desta pandemia.
Foi com esse intuito que o Departamento Técnico da Federação Moçambicana de Futebol, liderada pelo reconhecido treinador do futebol, Arnaldo Salvado, decidiu apresentar cenários possíveis de como será a época futebolística daqui para frente.
No caso concreto, o Departamento Técnico da FMF apresenta três cenários de competições, que podem ser implementadas pelo organismo moçambicano que gere o futebol para o cumprimento da época futebolística.
Dos três cenários, o primeiro é do prolongamento da presente época até 20 de Dezembro, estando os outros dois cenários, que devem estar sujeitos a uma aprovação pela Assembleia Geral da FMF, virados para a mudança de época, indo de encontro com as pretensões da Confederação Africana de Futebol (CAF), de época única para todos os campeonatos nacionais, que inicia em Julho de uma ano e termina em Maio do ano seguinte.
Eis os cenários propostos pelo Departamento Técnico da FMF:
Cenário A: paragem de um mês
Este cenário só será possível se o período de paralisação da actividade desportiva foi de apenas um mês, ou seja, caso as medidas adoptadas pelo governo sejam levantadas a 23 de Abril próximo. Assim, a época 2020 seria prolongada por mais um mês, devendo terminar a 20 de Dezembro, o que faria com que a época 2021 iniciasse a 20 de Janeiro até Dezembro, seguindo as épocas subsequentes o mesmo calendário.
A desvantagem deste período de calendário é que o mesmo não iria coincidir com o calendário proposto pela CAF e obrigaria a ter muitos jogos em atraso, caso a selecção se qualifique para as fases finais do CAN ou CHAN, que se realizam em Junho, período em que a época estaria a meio. O Moçambola teria que parar para dar lugar a participação dos Mambas nessas fases finais.
Mas teria vantagens: evitaria o período mais quente e mais chuvoso, nomeadamente Dezembro, Janeiro e Fevereiro; as equipas nacionais estariam com bom ritmo nas competições africanas; o Moçambola iria decorrer sem muitos problemas de falta de fundos; a validade dos contratos dos atletas continuaria em dia; e o período de férias futebolísticas iria coincidir com as férias escolares.
Caso assim se prossiga com esta época, o Departamento Técnico aconselharia que se adoptasse medidas para o encerramento das provas nacionais, como por exemplo que o Moçambola se realizasse em uma só volta e depois se realizasse um play-offs entre os primeiros 8 classificados até se encontrar o campeão e entre os últimos 6 classificados para apurar as equipas que descem, ou ainda que o Moçambola tenha uma só volta e depois uma fase final em duas voltas entre os primeiros 4 classificados para encontrar o campeão e simultaneamente uma outra fase final em duas voltas entre os 4 últimos classificados para apurar quem desce de divisão.
Em relação a segunda divisão, a proposta é que os campeonatos nacionais de segunda divisão se realizem em uma só volta (nas Províncias onde existem muitas equipas) e depois uma fase final entre os primeiros 4 classificados para apurar quem será o campeão que vai à fase final zonal, ou então que se realize em grupos, com duas voltas, e depois uma fase final entre os vencedores dos grupos para se apurar o campeão que irá à fase final zonal.
Cenário B: paragem de dois a três meses
Este segundo cenário prevê que em caso de uma paragem de mais de dois meses, houvesse uma reestruturação do calendário futebolístico. Assim, a época iria decorrer de Junho de 2020 a Maio de 2021, com alteração nos moldes de disputa da Taça de Moçambique, nomeadamente na fase provincial.
Este cenário traz consigo algumas vantagens, nomeadamente o enquadramento da época futebolística nacional ao calendário competitivo da CAF, ainda que os jogos fossem decorrer num período de temperaturas elevadas e em época mais chuvosa, o que provocaria muitos adiamentos. Mas o facto é que este cenário faria com que houvesse a prorrogação da actual época, bem como a validade dos contratos dos atletas com os clubes.
Assim, de acordo com a proposta do Departamento Técnico da FMF, a época seria de Junho de 2020 a Maio de 2021, e assim dividido: o calendário com 57 finais de semana, teria nove para as eliminatórias da Taça Moçambique, 26 para a disputa do Moçambola, 4 para a paragem do fim de ano, 10 para os jogos da Selecção Nacional a contar para o CAN e Mundial, 2 para jogos da Cosafa e cerca de 6 finais de semana sem provas agendadas, para situações de jogos em atraso.
Cenário C: mudança da época futebolística
Aqui, neste cenário, o Departamento Técnico da FMF quer aproveitar para enquadrar o futebol moçambicano à época do calendário proposto pela Confederação Africana de Futebol (CAF), iniciando a época em 1 de Junho até 31 de Maio de 2021. Para tal as provas teriam que atrasar o seu início a partir de agora, mas reiniciando com a disputa dos Campeonatos Provinciais ora interrompidos.
Mas este cenário tem alguns desafios, aos olhos do Departamento Técnico da FMF, nomeadamente: muitos jogos a serem adiados por questões climatéricas de chuvas intensas e ainda a serem realizados debaixo de intenso calor; prorrogação dos contratos dos jogadores adaptando-os à nova época futebolística; clubes teriam de ser convencidos a continuar a pagar os salários dos jogadores no período deste interregno forçado.
Estes dois últimos cenários, caso aprovados pela Assembleia Geral, obrigariam a paragem do Moçambola por quatro semanas, nomeadamente de 20 de Dezembro a 20 de Janeiro e a segunda divisão, por oito semanas, de 20 de Dezembro a 20 de Fevereiro, para evitar a época chuvosa.
Os cenários propostos pelo Departamento Técnico da Federação Moçambicana de Futebol só serão analisadas depois que forem levantadas as medidas de prevenção da Covid-19, pelo governo, ou mesmo com o agravamento das medidas, em face do crescendo número de casos positivos no país, que vão em oito, dos mais de 217 casos testados até ao momento.