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Finalistas do ensino técnico-profissional recebem certificados cinco anos depois da conclusão de cursos

Arrancou, hoje, a atribuição de certificados aos estudantes do ensino técnico-profissional, na Cidade de Maputo. O processo abrange 235 estudantes, parte dos quais do Instituto Industrial de Maputo, que há cinco anos concluíram a formação, mas não tinham os respectivos certificados.

Há uma luz verde para pôr fim à longa espera dos estudantes do Instituto Industrial de Maputo, que há cinco anos aguardavam os seus certificados de habilitações literárias.

Esta quarta-feira (26), arrancou a entrega de 235 certificados a estudantes finalistas do ensino técnico-profissional, de algumas instituições de ensino, na Cidade de Maputo.

Nesta primeira fase, foram contemplados apenas três, dos mais de 200 estudantes do Instituto Industrial de Maputo, que concluíram a formação há anos. 

Alguns estudantes sentem-se aliviados, pois o documento que acabam de receber significa uma oportunidade para a concretização dos seus sonhos.

Depois da recepção do “tão esperado” certificado, Neuma Gomes, estudante do curso de Relações Públicas e Marketing, que concluiu o curso em 2018, conta que passou por momentos difíceis devido à falta do documento que lhe confere credibilidade.

Opinião semelhante é partilhada por Raul Machado, formado em 2021.

“Por falha da instituição, perdi oportunidades de trabalho e estas não voltam. Contudo, com este documento na mão, irei tratar de retomar os planos de formação que tinha”, disse Machado.

A esperança é igualmente partilhada pelos encarregados de educação, que exigiram seriedade por parte das instituições de ensino, bem como as que tutelam o sector.

Mas, mesmo sem certificado, houve quem traçou outros planos que deram certo. Ligia Jamisse cursou construção de edifícios e concluiu em 2016, mas não teve certificado.

Seguiu a sua vida académica, usando uma certidão para aceder a outros trabalhos, mas faltava-lhe o certificado. Daí que, com colegas de formação, abriu uma empresa de construção e hoje é uma empresária no ramo e pretende crescer mais.

“Um dos grandes desafios era o acesso ao ensino superior no estrangeiro, algo que sempre quis, mas com o certificado na mão, penso que tenho as portas abertas para sonhar”, relatou a estudante empresária.  

A entrega simbólica dos certificados foi feita pelo Secretário de Estado do Ensino Técnico-profissional, Mety Gôndola, que exigiu rigorosidade na certificação dos estudantes.

“Não certificar por certificar – demos aula, já está, pode ter certificado – não. Temos as nossas exigências. O currículo vocacional actualmente em vigor, de padrões de competências, exige que haja evidências de que o formando tem aquela competência”, explicou, acrescentando que não se trata de provas orais ou relatórios apenas, são também exigidas competências. 

Gondola acrescentou que o Governo, através do pelouro que dirige, está decidido a ser exigente neste domínio, ou seja, “certificar apenas aqueles que tenhamos evidências de que tenham de facto participado e adquirido ou alcançado competência que pretendia”.

Comentando sobre o atraso assistido na emissão e atribuição de certificados de habilitações, o secretário de Estado reconheceu o desafio que está a ser enfrentado pelos 14 552 estudantes que concluíram os seus cursos e não tiveram as devidas certificações, mas reiterou a necessidade de se olhar para as qualificações e competências acima de tudo.

Segundo Mety, a qualidade do ensino técnico-profissional é um desafio para o sector, que se pretende ultrapassar.

“Um formador deve ser exímio conhecedor da prática da área em que vai leccionar. Por isso, estamos a promover estágios, bolsas de estudo para formadores por forma a dotá-los de capacidade prática.”

O director do Instituto Industrial de Maputo explicou que 175 estudantes requereram certificados. Entretanto, mais de 80 apresentaram processos com irregularidades.

“Nós temos 21 dias para concluir o processo e, neste momento, os estudantes que solicitaram certificados estão a concluir os módulos em falta e penso que, depois desse período, submetemos à avaliação e, se estiver tudo conforme, poderão receber os seus certificados”, disse Zacarias Bié.

Este evento enquadra-se no âmbito do processo de regularização e entrega de certificados, lançado recentemente pelo Presidente da República. 

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