Presidente Filipe Nyusi, Excelência.
Dedico em nome da Família Mondlane uma mensagem a todos os Moçambicanos que é de uma casa eterna que tem o nome de todos nós. Eu, e as minhas irmãs crescemos numa casa em que se escutavam histórias e memórias com afecto.
Entre todas as conversas durante a nossa infância, havia uma palavra, que se repetia todos os dias. Essa palavra era Moçambique.
Esse Moçambique não era apenas um assunto de conversa na nossa casa. Era uma vivência e um modo de crescer, um modo de sermos do tamanho dos nossos sonhos. Aquilo que parecia ser uma simples palavra acabou sendo um ideal, um compromisso e um destino. Com tempo essa palavra Moçambique tornou-se numa casa que ganhou a dimensão de uma nação inteira. Essa casa foi sendo habitada por milhões que foram nascendo, amaram e sonharam, e isso aconteceu, desde 1975, por gerações. Mas essa casa continua a ser a mesma, com o mesmo mapa, com as mesmas convicções, a mesma crença e com o mesmo vigor. Essa casa está viva e está viva porque tem raízes seguras e profundas. Uma dessas raízes foi muito presente na nossa infância e falava de Moçambique, como a grande pátria que haveria de nascer.
Essa raiz profunda chama-se Eduardo Chivambo Mondlane. O umbigo do Eduardo caiu na palhota da sua mãe Muzamusse Mbembele, na aldeia de Nwadjahane. Foi ela que desafiou o jovem Eduardo a ir para a escola e descobrir o feitiço do ‘branco’. Foi a Muzamusse que abriu os olhos do seu filho para conhecer o mundo, libertar mentes e transformar a terra.
Essa grande pátria do Doutor Eduardo Mondlane haveria de nos unir a todos apesar das diversas cores da pele, etnias, idiomas e crenças.
O Dr. Mondlane não chegou a ver essa nação com que ele tanto sonhou. Mas os que o mataram, não fizeram bem as contas. Mataram o homem, e fizeram crescer o seu ideal. Esse homem deixou de ser apenas um homem. Tornou-se símbolo, tornou-se uma bandeira. Essa bandeira, está hasteada em todos os recantos da nossa nação.
Tantas vezes quiseram dividir a grande família moçambicana, esta família que somos todos nós. Tantas vezes quiseram destruir esta casa, que é a casa de todos nós. De todas as vezes o nome do nosso pai surgiu como uma força, uma âncora e um pilar. De todas as vezes a figura de Eduardo Mondlane ajudou a unir, ajudou a juntar, ajudou a conciliar.
Alguém já disse que a dimensão de um dirigente não se mede apenas pelo aplauso de quem lhe escuta. Mede-se pelo respeito que esse dirigente conquistou, mesmo entre os seus adversários. No caso do nosso pai esse respeito é motivo de profundo orgulho. Por isso, a nossa família celebra hoje aquilo que todos os moçambicanos celebram.
Como tão moçambicanamente se diz, nesta festa estamos juntos e estamos todos juntos sem diferença num momento em que em todo o mundo há quem queira sublinhar a diferença e fazer dessa diferença um ponto de partida para a violência.
Essa violência que não queremos que aconteça mais na nossa terra! Juntos celebramos não apenas um homem simples, digno e humilde, mas também um homem que cuidou da sua família com um braço,e com o outro braço impulsionou uma luta pela liberdade. Celebramos um homem que pertence à todos os moçambicanos. Um homem que é Moçambique inteiro. Um homem que se tornou na sua própria nação porque a quis servir. Amou tanto a sua pátria que até entregou a sua vida.
Uma coisa que nos alegra, a sua família mais próxima, é que celebramos esta data com verdade. Com a mesma verdade buscamos a raiz de um caminho que nos fez ser Moçambicanos. Poderíamos dizer ao nosso pai se ele ainda estivesse com vida que temos a certeza de que no futuro, em casa dos moçambicanos se vai repetir aquilo que aconteceu na nossa infância, onde se escutou com amor e esperança, um mesmo nome que é Moçambique. O nome Moçambique trará a mesma saudade e o mesmo orgulho de um homem chamado Eduardo Mondlane.
Senhor Presidente, aproveitamos este momento para expressar o nosso reconhecimento pelo seu firme empenho na busca da Paz e consolidação da Unidade Nacional. A família Mondlane agradece a oportunidade que nos deu para transmitir esta mensagem, particularmente neste local onde repousa o nosso Pai.
Bem haja, Excelência!