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Falta de financiamento compromete crescimento da indústria têxtil nacional

Micro, pequenas e médias empresas juntaram-se, hoje, para discutir os desafios da mulher na indústria têxtil e de confecção. A discussão não se focou apenas na mulher, mas nos desafios da própria indústria.

O seminário sobre os desafios da mulher na indústria têxtil e de confecções foi organizado pela Technoserve, uma organização que está a desenvolver o programa Women in Business (mulheres no negócio), cujo objectivo é apoiar o crescimento e a eficiência de mulheres empreendedoras e detentoras de micro, pequenas e médias empresas.

Os participantes no evento destacam entre os principais desafios a falta de formação das mulheres e dificuldades no acesso ao financiamento. “Não temos educação nesta área, não temos institutos técnicos que trabalhem nesta área e se nós não tivermos pessoas qualificadas em todos os níveis da cadeia de produção da indústria têxtil, nós não vamos desenvolver”, disse Wacelia Zacarias, participante no seminário.

Entretanto, para os painelistas, há um problema mais grave, que é a falência da indústria têxtil. Dizem que antes de se discutir a mulher na indústria têxtil, é preciso discutir a reactivação da indústria.
“A indústria têxtil não está nos melhores dias. Precisa de se reerguer, entrar na arena de indústria e funcionar como funcionava antes. Agora não está a funcionar”, disse Paulo Sandramo, que esteve na sessão de debate como painelista, para depois acrescentar que a indústria “já conheceu tempos melhores, em que tínhamos a Textáfrica a funcionar, tínhamos a Texmoque em Nampula, a Texlom aqui no sul. Neste momento, a Textáfrica, que era a maior, está parada. A Texmoque está a produzir apenas a estamparia. A Texlom está apenas a produzir camisas, calças, enquanto antes tinha a fiação, tecelagem e acabamento”.

O organizador do evento, a Technoserve, espera que as recomendações saídas da discussões possam reactivar a indústria têxtil no país e garantir que as mulheres tenham oportunidades no sector.
“Moçambique está a produzir algodão, mas não temos uma indústria de processamento, até ao consumidor final. Portanto, temos muitas oportunidades ainda”, disse Jane Grob, directora-geral da Technoserve em Moçambique.

Por sua vez, Graciete Carrilho, que falava em nome da FUNDASO, parceira da Technoserve e que ajudou na realização do seminário, admitiu haver ainda muito trabalho a fazer-se para reactivar a indústria têxtil em Moçambique.
“A indústria têxtil já foi muito forte em Moçambique, mas depois ficou paralisada. O que estamos aqui a ver é que, dentro da cadeia de valor, faltam muitos processos. Temos a parte da produção do algodão, mas depois temos a parte da confecção. Temos pessoas que podem discutir estes assuntos, até porque passam por dificuldades na aquisição da matéria-prima, na educação para o conhecimento do sector”, referiu Carrilho.

 

 

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