O Millennium BIM apresentou, na 60ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), um conjunto de soluções inovadoras para apoiar os exportadores moçambicanos no âmbito das suas trocas comerciais. Numa altura em que o processo de exportação enfrenta diversos entraves burocráticos e dificuldades na intermediação bancária entre produtores e mercados internacionais, o banco quer posicionar-se como parceiro estratégico, oferecendo agilidade, segurança e competitividade às empresas.
Segundo Aly Faruque, Diretor da Banca Corporativa e de Investimentos do Millennium BIM, a instituição quer ser reconhecida no mercado pela capacidade de responder às necessidades dos exportadores, sem perder a exigência de cumprimento da regulamentação. “Queremos ser bastante eficientes no processo da aprovação e gestão dos termos de compromisso de exportação feitos através da plataforma da Janela Única Eletrónica. Queremos ser conhecidos como um banco exigente, compreendedor da lei, mas também ágil e próximo das empresas e dos despachantes, que desempenham um papel fundamental neste processo”, afirmou.
O Millennium BIM apresentou instrumentos financeiros que dão suporte às empresas em três momentos-chave: antes, durante e depois da exportação. Trata-se de soluções de trade finance que asseguram liquidez e permitem às companhias manter estabilidade de tesouraria, independentemente do ritmo de pagamentos internacionais. “As nossas ferramentas garantem fluxos de caixa constantes para que as empresas cumpram não apenas as suas obrigações junto ao mercado externo, mas também junto à cadeia de valor nacional”, sublinhou Faruque.
O pacote de serviços foi dado a conhecer no Pavilhão do Exportador, na FACIM, espaço que reuniu também delegações provinciais e distritais para apresentarem as potencialidades agrícolas, mineiras e industriais das suas regiões. Entre as mais destacadas esteve a província da Zambézia, que aproveitou a feira para lançar um apelo direto a investidores nacionais e estrangeiros.
GILÉ: RIQUEZA MINERAL AINDA SEM INDUSTRIALIZAÇÃO
No distrito de Gilé, o grande potencial mineral continua a ser explorado de forma artesanal, sem presença significativa da indústria. O administrador distrital, Pascoal Sitoe, reconheceu que a ausência de investimentos de grande escala impede a região de transformar os recursos naturais em motor de desenvolvimento. “Não existe exploração industrial que possa trazer impulso significativo. Hoje temos cooperativas e pequenas explorações artesanais, mas não é suficiente. Precisamos atrair investimentos industriais que nos coloquem na linha dos distritos que contribuem de forma efetiva para o crescimento da província e do país”, disse.
Além dos recursos minerais, Gilé dispõe de terras férteis e condições para agricultura diversificada, com destaque para a castanha de caju e o gergelim. Contudo, também aqui falta capital que permita transformar o potencial em produção exportável. “Temos cerca de 4.500 produtores de caju, mas falta investimento em cadeias de exportação que incentivem a produção e garantam qualidade. Se houvesse linhas de exportação, a produtividade cresceria e a renda das famílias também”, apelou Sitoe.
MOCUBA: CLIMA DESAFIA PRODUÇÃO AGRÍCOLA
A agricultura continua a ser o pilar de desenvolvimento de Mocuba, mas a variabilidade climática tem dificultado a vida dos produtores. A administradora distrital, Adenildo Tavares, defendeu que só a mecanização e a ampliação das áreas de cultivo podem responder ao desafio da mudança climática. “O ciclo de produção está a mudar. As chuvas e as secas não obedecem ao calendário agrícola tradicional. Isso faz com que muitas colheitas se percam. O que propomos é aumentar as áreas de produção e investir em agricultura mecanizada, porque nem tudo o que se planta chega a ser colhido. Aumentando a escala, mesmo com perdas, asseguramos maior rendimento final”, explicou.
QUELIMANE: EXPORTAR ARROZ E EXPLORAR CARBONO
Em Quelimane, a aposta da administração distrital está voltada não apenas para a agricultura tradicional, mas também para novas áreas de economia verde. O administrador Sobrinho Alfândega levou à FACIM a mensagem de que a capital provincial da Zambézia reúne condições para se tornar um polo de exportação agrícola.
“Temos terras aráveis e agricultores dedicados. O distrito tem um grande potencial para exportar arroz, feijão nhemba e batata-doce. Estamos a incentivar cada vez mais a produção destes produtos, que já têm procura no mercado regional e internacional”, disse o administrador.
Com estas apresentações na FACIM, a Zambézia reafirma-se como uma província com enorme potencial económico, desde a agricultura até à exploração mineira e florestal. Contudo, os distritos convergem no mesmo apelo: a necessidade urgente de investimento industrial e de financiamento que permita modernizar a produção, enfrentar os desafios climáticos e aumentar a competitividade no mercado internacional.
Seja em Gilé, Mocuba ou Quelimane, a mensagem foi clara: os recursos existem, a mão de obra está disponível, mas falta capital e tecnologia. Por isso, a presença da província na FACIM foi usada como vitrine para chamar a atenção de investidores e estabelecer parcerias que possam transformar potencial em resultados concretos.