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Eticidade e Cidadania – Pilares de desenvolvimento da sociedade

Torna-se inadiável fazer a discussão da ‘‘Eticidade’’ nos dias em que vivemos, onde o bem e a verdade são desprezados em cada canto do mundo. Pensar em afirmar princípios e valores no seio do cidadão que está em processo lento de construção deve ser o desafio das sociedades. Viabilizar a ideia de conservar a dignidade durante a temporada da vida, parece não estar a importar no seio de muitas sociedades. Parece que estarmos a viver num mundo em que o louco escondido em cada ser humano e superior ao lúcido, como firma a psicologia, “cada ser humano tem um louco escondido dentro de si”. Pensar na dimensão ética durante o nosso trajecto de vida já não faz parte do pensar de muitos viventes, porque a dimensão económica sobrepôs-se à dimensão ética. Articular a dimensão ética à dimensão económica ficou longe de ser do ser humano.

Hoje as sociedades pouco discutem o pensar no valor da ‘Eticidade’ para o desenvolvimento das sociedades. O pensar no valor da ética na competência profissional foi esquecido. A competência sem ética afasta o saber que reproduz a reflexividade dum sistema social. Esquecemos que a competência e habilidades técnicas podem não influenciar de forma positiva nos resultados esperados, quando a dimensão ética não estiver presente em todos momentos da manifestação da competência. O vigor profissional pode não ter um brilho quando, não for acompanhado pela ‘Eticidade’.

O ser consciente do cidadão em contribuir na formação duma sociedade ética foi consumido pela força superior do querer pôr a dimensão ética como a última de todas dimensões. O ethos social, fez desaparecer o olhar sensível, e deu lugar o olhar sarcástico ao próximo. Perdeu-se a arte de desenhar a vida com as letras do bem, da razão e da verdade. O mundo esqueceu que a mente humana ė a parte do intelecto infinito de Deus, como refere Spinoza. Muitos tem a narrativa de construir o mal, poucos pensam na fórmula que cria um equilíbrio social. A ausência da aplicação ética da nossa experiência de vida na construção de uma sociedade mais humana, vê-se na vontade que as pessoas têm de viver alheias ao sofrimento do outro. Poucos lançam a semente da sabedoria no coração pobre para não fortalecer a mente com o poder critico ou saber infinito. Vivemos em um mundo do egoísmo total, onde poucos doam o amor e afecto, mas muitos oferecem o sorriso de um bom lobo. Um mundo que sabe muito dividir decepções, mas que perdeu a aritmética de viver as vitórias e emoções com o próximo. Procurar viver com dignidade, deixou de ser interesse de muitos. Os valores morais vão desaparecendo rapidamente, sem que haja formação de correntes que evidenciem os princípios éticos da dignidade humana. Alicerçar a conduta moral na plena consciência responsável e fugir do vazio da ignorância do bem, como afirma Platão (1954) é fundamental para quem precisa de levar a vida com dignidade. Para Platão, as ideias existem apenas quando são percebidas pela razão e, o bem ė um imperativo moral. Conhecer a verdade ética torna o mundo melhor.

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