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Estudantes bolseiros da UP-Maputo sem subsídio há seis meses

Foto: O País

Perto de 300 estudantes da Universidade Pedagógica de Maputo não recebem subsídio de bolsa há seis meses. A Direcção da UP-Maputo diz que o problema é decorrente da falta de canalização de dinheiro pelo Ministério da Economia e Finanças.

Cidade de Maputo é o local onde muitos estudantes provenientes de outras províncias do país têm escolhido para os seus estudos. Alguns, senão a maioria, estudam na condição de bolseiros. Parte destes está na Universidade Pedagógica de Maputo e sem subsídio de bolsa há um semestre e outros mesmo há um ano.

Sem o pagamento do valor em causa, as contas dos que saíram das suas províncias de origem para estudar em Maputo ficam complicadas.

“Encontramo-nos num problema muito complicado, pois a maioria deles vem das províncias de fora e são bolseiros externos, isto é, não se encontram na residência universitária da UP-Maputo. Assim sendo, devem pagar algumas coisas como a partir de renda e transporte. Torna-se complicado na nossa vida como estudantes”, denunciou uma estudante da Universidade Pedagógica de Maputo.

E a vida torna-se mais difícil para quem vem de outra província, tem bolsa parcial e tem de arrendar uma casa.

“Os estudantes que se encontram do lado de fora dizem que têm acumulado dívidas e, quando entra o valor do subsídio, somente pagam as despesas que contraíram na altura em que não se estava a pagar. Para nós que somos residentes, torna-se complicado para o nosso dia-a-dia porque temos certas necessidades extras que a residência não consegue suprir”, lamentou a nossa fonte.

Para suprir as necessidades que a residência não consegue, os estudantes têm-se dedicado a outros trabalhos.

“De vez em quando, acabamos por nos dedicar a alguns negócios para poder ter algumas moedas para transporte e fichas. Quanto aos caprichos, é difícil e, nas vezes que estamos à procura de outras formas de ganhar dinheiro, desviamo-nos do nosso foco de estudar”, contou outra estudante na condição de anonimato.

E para quem tem bolsa parcial, vivendo em Maputo, há vezes em que falta à faculdade por não ter dinheiro de transporte.

“Por acaso, na semana antepassada, faltei umas três vezes. Tento pedir dinheiro a outras pessoas, mas as dívidas vêm aumentando exponencialmente. Tenho dado explicação, mas não chega a ser tanto assim porque as pessoas não estão a pagar e preciso de um dinheiro adicional por causa dos custos da monografia”, afirmou estudante da UP-Maputo.

Os estudantes reuniram-se com a Direcção da Universidade Pedagógica de Maputo para encontrar uma solução, mas ainda não há fumo branco.

“Não sabemos até quando. Eles mencionaram mesmo o Ministério da Economia e Finanças, e nós, como estudantes, estamos de mãos atadas a aguardar pelo Ministério”, revelou estudante da Universidade Pedagógica de Maputo.

E não só os estudantes que aguardam pela resposta do Ministério da Economia e Finanças. A Direcção da Universidade Pedagógica de Maputo também.

“Solicitámos ao Ministério das Finanças um reforço da dotação para o pagamento das bolsas de estudos. Foram vários os documentos que mandámos”, começou por explicar Marisa Mendonça, vice-reitora da UP-Maputo.

Detalhadamente: “O primeiro a 26 de Janeiro, logo que tivemos a comunicação para o orçamento 20/22 e verificámos que o valor alocado não cobria nem de perto nem de longe as necessidades. O segundo foi a 19 de Maio e o terceiro foi a 28 de Junho. Todos eles incluíam várias rubricas para as quais nós necessitávamos de reforço, mas, depois da orientação do Ministério que fizéssemos um documento só com esta rúbrica de bolsas de estudo e este documento foi submetido no dia 05 de Outubro”.

No entanto, de 05 de Outubro a esta parte, o Ministério da Economia e Finanças ainda não deu resposta significativa, e a UP-Maputo está de mãos atadas.

“Pensar que a UP-Maputo teria de suportar esta despesa, que são cerca de sete milhões, até mais, contando o ano inteiro, que tem a ver com as bolsas de estudo é uma situação impensável com receitas próprias e nem é isso que está previsto. Neste momento, nós necessitamos, para cobrir a dívida aos estudantes e mais cinco funcionários bolseiros que estão em várias instituições, de cerca de três milhões e setecentos meticais”, disse a vice-reitora da UP Maputo.

A UP-Maputo diz que tem garantido alimentação para os estudantes que estão no lar universitário, um custo de 300 mil Meticais por mês.

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