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Estudantes bolseiros agastados com IBE por não financiar viagem para Brasil

39 estudantes moçambicanos admitidos a bolsas de estudo numa universidade brasileira estão há três dias a viver na rua, na Cidade de Maputo. A universidade não está a financiar a viagem e o Instituto de Bolsas de Estudos, parceiro da iniciativa, disse que não tinha dinheiro, mas depois confirmou a viagem.

Na rua há três dias… A Avenida Mártires da Machava tornou-se habitação, sem tecto, de parte de 39 jovens estudantes moçambicanos, dos quais três desistiram, seleccionados para se beneficiarem de bolsas de estudo na Universidade Internacional Afro-brasileira.

A inscrição para as bolsas foi feita de forma directa na plataforma da universidade brasileira, no entanto a mesma tem uma relação de parceria com o Instituto de Bolsas de Estudo de Moçambique.

Leonel Leonardo saíu de Cabo Delgado com a certeza de que iria viajar, mas, desde Dezembro do ano passado, nada aconteceu.

“Sinto como se estivesse a viver um terror, porque estão a matar os nossos sonhos. Somos jovens moçambicanos, somos filhos desta pátria. Não faz nenhum sentido estarmos nestas condições. Sentimos muita dor”, lamentou Leonel Leonardo, estudante bolseiro.

Tal como Leonel, estão cerca de 20 estudantes que desde a última segunda-feira vivem ao relento defronte do Instituto de Bolsas de Estudo.

Os estudantes alegam que o IBE não tem dado nenhuma informação e os funcionários entram e saem da instituição sem dizer nada.

“O IBE disse que não nos conhecia, que não sabe quem somos e que não faz ideia do que está a acontecer. Disse, ainda, que nós interpretámos mal a informação. Houve um mal-entendido, como diz o IBE. Nós perguntamos como é que trinta cabeças perceberam mal uma informação que mal nos passaram? Tivemos uma reunião, na qual disseram que passámos por mérito, mas, infelizmente, não podiam financiar a nossa viagem porque estão sem fundos”, explicou Margarida Nipate, estudante bolseira, residente na Cidade de Maputo.

Na segunda-feira, dia da chegada dos estudantes àquele local, o Instituto de Bolsas de Estudo chamou a imprensa e falou de um mal-entendido.

A directora-geral do IBE, Carla Caomba, explicou que, pelo facto de a vaga ter sido divulgada no site do IBE, os estudantes confundiram o edital de candidatura de admissão aos diferentes cursos ministrados pela universidade com a atribuição da bolsa de estudo.

“Os 36 estudantes apurados foram directamente seleccionados pela UNILAB, que esteve à frente de todo o processo, e o nosso envolvimento na divulgação do edital fez com que os estudantes pensassem que se tratava de uma bolsa por nós atribuída”, sublinhou.

Caomba afirmou também que, devido à actual conjuntura económica do país, o IBE não está em condições de atribuir bolsa de estudo para este tipo de vagas, razão pela qual não emitiu nenhuma comunicação relacionada com a concessão de bolsas para esta janela, especificamente.     

No entanto, através de um documento, datado de Fevereiro de 2023, o Instituto de Bolsas de Estudos tornou pública a abertura de candidaturas a bolsas na UNILAB para o nível de licenciatura.

Já um outro vídeo mostra uma cerimónia de assinatura de um memorando de entendimento entre o instituto e a universidade brasileira. A IBE diz agora não ter dinheiro.

 

IBE CONFIRMA PARTIDA DOS ESTUDANTES NO DOMINGO

O Instituto de Bolsas de Estudo emitiu, na noite de hoje, um comunicado de imprensa, no qual confirma oficialmente a partida dos estudantes bolseiros para o Brasil, no domingo, dia 11.

No mesmo documento, o IBE desmente todas as acusações de falta de transparência, comunicação e perda de bolsas devido a atrasos.

O documento presta agradecimentos à EMOSE pelo apoio dispensado na resolução da situação.

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