Infra-estruturas diversas, com destaque para as do governo distrital de Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado, foram totalmente destruídas, no ataque armado ocorrido no dia 27 de Junho último, revelou o edil Carlos Momba
As armas de fogo continuam a soar em Cabo Delgado, desde Outubro de 2017. Gritos de socorro da população civil multiplicam-se a cada dia.
O ataque armado do dia 27 de Junho, atribuído aos terroristas, reduziu a escombros os edifícios do Estado e outros privados que sobraram das anteriores incursões.
Falando hoje, no programa Manhã Informativa, da Stv, o presidente do Conselho Autárquico de Mocímboa da Praia, Carlos Momba, revelou que todas infra-estruturas do governo local foram totalmente destruídas pelos insurgentes.
“Os homens ocuparam, durante três dias [a vila de Mocímboa da Praia], e vandalizaram tudo. Nenhum serviço funciona. Está tudo parado, todas as infra-estruturas foram destruídas e não há nenhuma infra-estrutura do governo que esteja a funcionar”, afirmou o edil.
O ataque obrigou a população a procurar refúgio em outras zonas. Segundo o Carlos Momba, essas deslocações continuam, apesar de a situação [ataques] estar controlada. O governo local pretende reconstruir a vila, para que se volte à normalidade.
Mas para o sucesso dessa pretensão a população deve voltar para as suas residências. “Sensibilizar o nosso povo para voltar às suas residências e não vamos parar com as nossas tarefas do dia-a-dia. Não podemos deixar a vila daquela forma [destruída], vamos voltar e retomar os serviços básicos”, apelou o edil.
Por outro lado, o bispo de Pemba, Dom Luís de Lisboa, disse que as pessoas que não conseguiram fugir para as matas, durante os ataques terroristas, saem de casa todos os dias com alguns bens que conseguem levar. Os que continuam na vila são idosos, por falta de condições físicas e materiais para se locomoverem daquele ponto para o outro seguro.
Essas deslocações resultaram na criação de cinco acampamentos para receber os deslocados e neles há pouco mais de 20 mil pessoas, das quais 11 mil são crianças. Essa gente tem muitas necessidades, de acordo com Dom Luís de Lisboa, para quem é preciso reforçar a ajuda humanitária.
“Nós precisamos cada vez mais de ajuda, cada vez mais de recursos para poder ajudar. O que nos preocupa é o aumento progressivo dos que vão chegando e vão se deslocando”, disse o bispo de Pemba, salientando que há famílias que ainda dormem ao relento.
Por causa da falta de abrigo, às vezes, até 15 famílias partilham a mesma tenda, além da falta de latrinas.
Essas situações podem propiciar o surto do novo Coronavírus nos referidos centros de acomodação.
Segundo o bispo, devido à situação quês e vive em Cabo Delgado “é difícil, neste momento de guerra, falar da COVID-19. Infelizmente, a COVID-19 está em segundo plano, porque primeiro queremos atender às necessidades dessas pessoas”.
Para Dom Luís de Lisboa, é preciso que todas as forças vivas da sociedade trabalhem juntas para “salvaguardar um direito fundamental, o direito à vida. Nenhum ser humano, principalmente inocente, pode perder a vida”.
O trauma, o medo e o sentimento de tristeza e incerteza que as vítimas carregam é outro inimigo a ter conta na assistência.