Por: Belchior Eduardo
Ninguém soube ao certo o que era aquilo. O bairro todo ficou atónito sem nada puder fazer. A pessoa na qual fora chamar o secretário ficou mais de meia hora e 15 minutos ainda lá.
Eu desesperado não sabia o que fazer, casa rodeada e sem se saber como agir diante do evento. A pressão era tanta. Como é possível uma cobra em chamas de mais de 100ºc ter sido transformada ou transformou-se em borracha. O corpo da cobra é revestido por pele e interior a sangue frio. Veneno talvez, porque a maior parte tem sido venenosa.
Não sei, ninguém soube ao certo o que naquele instante se passara. Idosos ao redor, vizinhos, aquele acontecimento foi demais.
– Aí vem o secretário. Ouviu-se uma voz na multidão.
O secretário era um homem afago, vestido na moda antiga, cabelo despenteado e barbas desorganizadas, realmente um secretário mesmo de zona. A última vez em que vi-o foi no dia que mudei-me para cá.
– O que é isso senhor secretário, sabes dizer pai? Perguntei ao secretário.
Ele todo atónito, não teve uma resposta ao certo. Olhou ao redor e a multidão, viu as chamas.
Ignorou-me como quem não tivesse uma resposta atempada a pergunta ou como quem não tivesse sido perguntado algo. No mesmo instante, viu meus olhos e disse:
– Peço um pauzinho por favor.
Ordenei que pudessem satisfazer seu pedido.
O secretário revirou as chamas, revirou a borracha, borracha não, uma cobra sim, não, uma borracha sim que antes fora cobra.
No mergulho dos murmúrios vindos da multidão acirradamente, pediu silêncio.
– Calem-se todos por favor, quero falar.
Aquela frase constitui um trampolim para mais murmúrios vindos da multidão e acirradamente pediu silêncio:
– Calem-se todos por favor, quero tecer umas palavras.
Aquela frase constituí um trampolim para mais murmúrios e continuaram dessa vez com mais força.
– Calem-se todos não estão a ouvir o secretário? Falei fervosamente.
Na mesma hora Lina levantou a voz:
– Não estão a ouvir? Calem-se todos. Calem-se, o secretário deseja falar. Se não tem respeito ao meu marido respeitem ao menos o secretário do bairro nosso pai da zona.
Veio aos meus ombros e colocou-se a chorar como se de criança se tratasse.
– Calma Lina, fique calma, decerto que correrá bem. Acalmei-a.
Naquele mesmo instante o secretário tomou a palavra e disse:
– Meus senhores, este é um fenómeno que transcende a nossa compreensão e capacidade. Tratasse de uma prática de magia negra, da feitiçaria e do que chamamos da religião de África.
– Mas como assim senhor secretario, como assim!?
A pergunta sussurrava em frente a multidão toda.
O secretário arrancou novamente a palavra e continuou:
– Não é possível que uma cobra se transforme em uma borracha exposta principalmente a essa temperatura muito alta. Este caso é mesmo anormal.
– Quem poderá ter feito isto a essa família. Uma voz ouviu-se na multidão.
Murmúrios tomaram parte naquela multidão.
– Meus senhores o que pode-se saber é que realmente a mágia africana existe, para quem tinha dúvidas estão decepadas.
Falando isso acrescentou o secretário:
– Ora vejam, entre um Homem e uma cobra quem é o mais forte, quem tem uma composição de organismo muito intacta?
Viu-se um silêncio, apenas olhos contra outros olhos.
– Porque fariam isso connosco? Que mal fizemos? Somos iguais a todos que nos circundam, que mal fizemos para tamanha barbárie? Perguntei ansioso a ouvir a resposta.
De imediato meu compadre, de frente a mim disse:
– Compadre, realmente esse é um caso de feitiçaria e mágia negra. Recordo que por onde morava uma cobra presa transformou-se em mexa de dia.
O caso não é de facto um insólito como tal porém pesa-me a responsabilidade de o ter acontecido directamente a mim. Parei e pensei.
O secretário tomou a palavra e disse:
– Não sei o que devemos fazer nesse momento, o caso é o primeiro em mais de vinte anos nessa função.
Logo sugeri que procuremos um curandeiro para solucionar o facto.
Na multidão ouviam-se vozes dizendo que pudessem queima-la novamente.
O secretário cogitou a ideia do curandeiro e perguntaram-lhe:
– O que faremos então. Lina Perguntou.
– Também não sei o que fazer, vejo que o secretário desconheci a solução para o dilema. Já vai chegar a noite e nenhuma solução surgira.
O evento chocava o bairro todo e o secretário tomou a palavra e disse:
– Faremos um holocausto. E todos calaram-se.