A população da região de Timanguene, no distrito de Magude, província de Maputo, recebeu ensinamentos sobre o uso de produtos locais para combate à desnutrição crónica, uma doença que afecta milhares de crianças e tira sono, sobremaneira, ao Governo.
De acordo com as autoridades, a desnutrição ainda é problema de saúde pública no país, porque, entre vários problemas, causa perturbações mentais crianças com menos de cinco anos de idade.
Aliás, a desnutrição não é necessariamente um problema de falta de comida. Resulta também do desconhecimento de utilização e/ou preparação de alimentos, principalmente produzidos localmente.
O “Plano de Acção Multisectorial para a Redução da Desnutrição Crónica em Moçambique”, elaborado pelo Governo e seus parceiros, “uma em cada duas crianças menores de cinco anos de idade não consegue atingir o seu potencial de crescimento físico, mental e cognitivo”, por conta da desnutrição crónica.
“As implicações disso são imensas” e uma delas é o “facto de a desnutrição crónica ser responsável por um terço das mortes em crianças menores de cinco anos. É também responsável por danos irreversíveis à saúde durante todo o ciclo de vida, tais como: baixa estatura, o que acarreta a fraca capacidade produtiva e física; diminuição da função cognitiva, resultando num menor rendimento escolar; e maiores riscos de doenças degenerativas como a diabetes e a obesidade”, referem as autoridades.
Neste contexto, o governo distrital de Magude abraçou a iniciativa da Associação Moçambicana para o Desenvolvimento Concertado (AMDEC), que visa o combate à desnutrição crónica na província de Maputo.
E para reverter o quadro acima descrito, na terça-feira, a AMDEC organizou uma feira de saúde, na comunidade de Timanguene, durante a qual houve, por exemplo, avaliação da situação de nutricional de zona de Timanguene e medição da tensão arterial, sob o lema “Combate à Desnutrição Crónica na Província de Maputo”.
Na feira de saúde houve igualmente exposição de alimentos localmente produzidos e demonstração de como usá-los para obtenção de uma dieta/refeição equilibrada. “É importante que as pessoas conheçam os produtos locais e percebam que uma alimentação saudável não é uma alimentação cara”. A partir de produtos das “nossas machambas” é possível alimentar-se bem, explicou Dánia Gafuro, da AMDEC.
De acordo com a fonte, a escolha de Timanguene deveu-se ao facto de “ser um local novo e o pessoal da saúde nunca” tinha lá estado. Doravante, serão identificados “outros locais onde a comunidade não tem muito acesso aos serviços de saúde”. O objectivo é melhorar a segurança alimentar e nutricional.
Por seu turno, o secretário permanente do distrito de Magude, Atanásio Cornélio, considerou positiva a iniciativa da AMDEC. Entretanto, apelou à comunidade para que se previna também do HIV/Sida.
“O nível de serro prevalência é muito acentuado” e vidas perdem-se, “daí que chamo atenção para a necessidade de se intensificar medidas de combate” à doença “através do uso de preservativo e o respectivo tratamento”, disse Atanásio Cornélio.