O País – A verdade como notícia

Empresário Hayyum Ali Momade morre às mãos de raptores

Foi encontrado morto o empresário raptado no dia 14 deste mês, na Cidade de Maputo, depois de ter sido supostamente torturado. A ministra do Interior prometeu esclarecimentos através do SERNIC. Já a família da vítima diz que não quer pronunciar-se ainda.

O empresário Hayyum Ali Momade foi raptado à mão armada a 14 de Dezembro corrente, frente a um dos seus estabelecimentos comerciais na Matola, em plena luz do dia e diante de várias pessoas, incluindo um menor de idade, segundo imagens gravadas por uma câmara de vigilância.

Segundo uma fonte do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) na Província de Maputo, que não quis identificar-se, os presumíveis raptores ligaram, na madrugada desta terça-feira, para a família do empresário e informaram que o ente querido estava num determinado ponto do Bairro Tchumene, no município da Matola. A família dirigiu-se ao referido local, onde encontrou o homem já debilitado, estatelado no chão e com sinais de tortura. O homem foi levado a uma unidade sanitária, onde, minutos depois de dar entrada, foi declarado óbito.

Na manhã desta terça-feira, a ministra do Interior, Arsénia Massingue, lamentou a perda do empresário e garantiu que o SERNIC vai pronunciar-se nos próximos dias.

“Em relação ao trabalho que está ainda em curso para o esclarecimento deste e outros casos, de referir que o SERNIC vai pronunciar-se nos próximos dias sobre o que está a ser feito no concreto”, prometeu a ministra.

A família da vítima não quis prestar declarações ao jornal “O País”.

Este ano, as autoridades do país registaram 11 raptos e 27 detenções relacionadas aos crimes.

 

CONSELHO ISLÂMICO DEPLORA MORTE DE EMPRESÁRIO APÓS SER RAPTADO

O Conselho Islâmico de Moçambique exige que o Governo ponha fim à onda de raptos que assola o país, sobretudo os membros da comunidade islâmica. A organização alerta que situações como a do empresário que morreu depois de ter sido raptado vão retrair os investimentos no país.

“Queremos endereçar as nossas sentidas condolências à família enlutada e a toda comunidade muçulmana de Moçambique, pois recebemos esta informação com um choque profundo”, lamentou Mussa Suefe, responsável pela Cooperação e Comunicação no Conselho Islâmico.

O Conselho Islâmico entende ainda que a notícia da morte do empresário da comunidade islâmica, após ter sido raptado, é sinal de que os malfeitores não são humanos e que torturam as vítimas. Acrescenta que é estranho que, após mais de 10 anos, as autoridades moçambicanas não consigam estancar os raptos.

A comunidade islâmica alerta que os raptos vão repelir os investimentos em Moçambique. “Temos que ter noção dos investimentos que estes empresários fazem no nosso país. Há já empresários que estão a preferir fazer investimentos noutros países, como é o caso da África do Sul, por causa da situação de insegurança. Isto é mau para a nossa economia e, como sociedade, temos que resolver esta situação”, alertou Mussa Suefe.

Neste ano, foram registados 11 raptos no país, envolvendo, sobretudo, empresários da comunidade islâmica.

A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) entende que os criminosos demonstram a sua livre actuação, ao raptarem empresários nas proximidades das esquadras da Polícia, daí que defende ser “necessário repensar o modelo de abordagem”. Nestes termos, defende ser preciso introduzir, adicionalmente, mudanças profundas ao quadro legal, tornando severa a respectiva moldura penal e sem possibilidade de pagamento de caução.

Diz mais que o Ministério do Interior não se tem mostrado aberto para dialogar com o sector privado de modo a encontrar soluções. A CTA tem estado a buscar diálogo por via do pelouro de Segurança e Protecção Privada, criado justamente na sequência do aumento de raptos e da insurgência no Norte do país, mais concretamente na província de Cabo Delgado.

Neste momento, a CTA está a desenvolver um estudo sobre o impacto económico da onda de raptos, sem data para a sua divulgação. E diz estar disposta a apoiar o Estado no que for preciso para travar a onda de raptos.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos