Pouco mais de cem famílias das regiões de Bengo e Cafumpe, em Manica, viram as suas casas e propriedades a serem cercadas pelo empresário Abílio Antunes, maior fornecedor de frangos e ovos naquela província. Antunes alega ter adquirido o espaço há anos para expansão do seu projecto.
A situação criou uma revolta popular que forçou o governo local a atribuir outras terras àquelas famílias, que no entanto contestam a decisão.
No local, “O País” testemunhou cenários de um verdadeiro martírio que a população está a passar no seu dia-a-dia para pular o cerco.
Domingos Martene, um dos residentes afectados pela situação, contou à nossa reportagem: “ele derrubou as minhas mangueiras, tangerineiras e outras plantas, mas recusa-se a indemnizar-me, dizendo que o espaço é dele, o que não confere a verdade”.
Além de cercar a população, o empresário colocou várias cabeças de gado bovino naquela zona para se alimentar das plantas ali existentes, uma medida que visa forçar os populares a retirarem-se.
Contactado pela nossa reportagem, o administrador de Gondola diz estar a par do assunto. Moguene Candieiro acrescenta que o conflito já vem desde há longos anos e o empresário está no seguimento de uma decisão judicial que o autoriza a ficar com o referido espaço.
Contudo, a população recusa-se a fixar-se no local atribuído pelo governo uma vez não terem sido criadas condições básicas para a sua sobrevivência.