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Extraparlamentares dizem que manifestações põem a democracia em risco 

A plataforma dos partidos políticos extraparlamentares convida a Renamo, MDM, PODEMOS e a todos os partidos concorrentes nas eleições gerais de 09 de outubro para privilegiar o diálogo e não as manifestações, porque, no seu entender, minam a democracia, a paz e a unidade nacional. Também, os extraparlamentares repudiam os resultados eleitorais por entenderem que não refletem a verdade. A

O partido Renamo acusa o STAE de impedir a presença dos seus delegados de candidatura em vários pontos do país, com a demora no processo de atribuição de credenciais. A “perdiz” relata, ainda, a ocorrência de vários ilícitos durante as primeiras horas do dia, supostamente promovidos pelo partido no poder.

A Renamo acusa o Secretariado Técnico de Eleições de vedar a participação dos seus delegados de candidatura nas mesas de voto, ao não atribuir credenciais para o efeito. Segundo a “perdiz”, a eclosão registada durante as primeiras horas do dia de votação afectou, também, os membros de mesa de voto (MMV).

Em conferência de imprensa prestada oito horas depois do arranque do processo de votação, o porta-voz do partido, Marcial Macome, descreveu as supostas acções como tentativa de viciar o processo.

“Queremos, desta forma, denunciar a eclosão de MMV e delegados de candidatura pertencentes à Renamo, que, até às primeiras horas de hoje, ainda não lhes tinham sido atribuídas as credenciais”, afirmou.

Para além desta acção, a Renamo relata a ocorrência de uso de urnas sem tampa, tentativa de enchimento de urnas e uso de lápis para o processo de votação.

“Há, ainda, outras anomalias, com destaque para a tentativa de enchimento de urnas numa escola da Cidade de Maputo. Não obstante a isto, vimos, em diversos pontos, o uso de lápis para assinalar os boletins de voto”, denuncia.

Acompanhado de vários membros seniores do partido, o porta-voz da Renamo pediu aos órgãos eleitorais para que revejam o que chamam de falhas, sob pena de anular a qualidade do processo.

Venâncio Mondlane diz que não vai aceitar “roubo” de votos e muito menos permitir que alguém fique no poder à força, igual, supostamente, ao que aconteceu nas eleições autárquicas de 2023. O candidato presidencial anuncia o início de uma vigília, em que nenhum jovem moçambicano vai dormir, até à divulgação dos resultados.Venâncio Mondlane e a sua esposa chegaram com pouco mais de uma hora de atraso à Escola Primária 25 de Setembro, local onde eram esperados para votar.

Exerceu o direito cívico e, logo de seguida, interagiu com a imprensa, onde deixou claro que, desta vez, nada e ninguém pode negar a vontade popular nas urnas, porque os jovens não serão tolerantes.

“Se isto continuar a decorrer neste sentido, eu penso que vão ter uma grande surpresa neste país, porque os jovens não estão disponíveis para mais uma fraude desta natureza”, alertou.

Para o candidato presidencial, os jovens estão cansados e precisam de alternância no poder.

“Eu creio que, desta vez, não vai ser como das outras vezes, e eu estarei do lado do povo. Ao longo de 50 anos, só desgraçaram este país, desgraçaram a educação, a indústria e criaram uma economia débil”, apontou Venâncio Mondlane.

Mondlane diz, ainda, que a exigência da justiça eleitoral não será pacífica como foi nas eleições autárquicas.

“Não vamos aceitar que esta corja continue no poder, como fizeram nas eleições autárquicas. Desta vez, não vai ser o mesmo cenário tão pacífico, digamos, aquele tapete de pétalas de rosas, como aconteceu nas eleições autárquicas. Desta vez, vai ser sério, e é bom que eles se preparem”, vincou.

O candidato está confiante numa vitória absoluta com uma percentagem bastante isolada dos seus adversários.

“Eu, neste momento, não tenho dúvidas de que tenho uma tendência de votos de 80%. Todos os factos recolhidos, até agora, comprovam isso. Não estou a falar apenas por um simples desejo, são factos”, disse.

Para assegurar a sua referida vitória, Venâncio Mondlane apela aos eleitores para que fiquem acordados até à divulgação dos resultados, vigiando todo o processo a passos milimétricos.

“Temos de ficar todos atentos. Os jovens não devem dormir. Hoje é um dia fulcral para o nosso futuro, e eu penso que é um momento interessante, porque, na minha forma de ver, a história já está ansiosa e está anunciando uma transição geracional, uma alternância democrática que já há muito ansiamos e, por isso, essa responsabilidade é de todos nós”, apelou Mondlane.

Além disso, o candidato presidencial denunciou vários ilícitos eleitorais, que, no seu entender, consubstanciam a preparação da fraude.
Uma das inquietações tem a ver com a alteração da posição do partido PODEMOS em alguns boletins de votos.

“Para a candidatura à Assembleia da República, dos 11 círculos eleitorais, em 10, a posição do partido PODEMOS difere daquilo que foi publicado no sorteio que foi feito. Na altura, a posição era 17, mas agora, em 10 círculos eleitorais o PODEMOS aparece na posição 16”, denunciou.

Queixa-se, ainda, da rejeição de autorização de 300 novas credenciais por parte da presidente da comissão eleitoral da cidade. O facto é que o mandatário do partido PODEMOS foi agredido e arrancaram-lhe credenciais no distrito municipal KaMubukwana, na Cidade de Maputo, acto que foi confirmado pela polícia, que passou um auto.

O que mais indigna Venâncio Mondlane é o facto de que a referida directora, Ana Chemane, foi a mesma que validou os resultados das eleições autárquicas no meio de discórdias.

“Ela validou resultados falsos, que foram provados, pelo menos no Tribunal Judicial Kampfumo, Nlhamankulu e KaMavota. Os editais eram falsos e foi provado em tribunal. Entretanto, esta mesma senhora é a presidente que se mantém intacta, e não houve nenhuma consequência e, nestas eleições, volta a sua cruzada contra a oposição”, afirmou o candidato.

Com isso, Mondlane suspeita que foi montado um esquema perfeito para operacionalizar uma fraude.
Terminou apelando a todos potenciais eleitores, em especial aos seus seguidores, para que votem em massa e que votem conscientes.

O antigo estadista moçambicano, Armando Guebuza, acompanhado pela sua esposa, Maria da Luz Guebuza, votou na Escola Secundária 19 de Outubro, no bairro de Magoanine “A”, na Cidade de Maputo.

Na ocasião, Armando Guebuza disse ser um momento que merece destaque na vida dos moçambicanos, pois é o dia em que exercem o direito de escolher os futuros dirigentes do país.

“A mensagem tem a ver com a importância deste dia, deste o acto de votação, para nós como indivíduos, mas, sobretudo, para todo Moçambique”, disse Guebuza.

Por esse motivo, o antigo Presidente da República faz um apelo para que os moçambicanos se mantenham calmos depois deste período de votação. “Daqui vou-me dirigir à casa, e acho que todos nós devemos evitar ficar perto do lugar onde votamos. Que possamos dirigir-nos às nossas casas, aguardando tranquilamente os resultados”, concluiu.

Por seu turno, Maria de Luz Guebuza enalteceu o trabalho exercido pelos organizadores das eleições.

Armando Guebuza foi o terceiro Presidente de Moçambique independente e o segundo eleito democraticamente, tendo dirigido o país de 2 de Fevereiro de 2005 a 15 de Janeiro de 2015.

Quando eram precisamente 8 horas, Esperança Bias, presidente da Assembleia da República, na companhia do esposo, chegou à assembleia de voto na escola secundária da Polana na Cidade de Maputo  e foi recebida pelo Presidente da CNE, Dom Carlos Matsinhe. 

Depois de votar, Esperança Bias dirigiu – se à jornalistas destacou que o processo é rápido e tranquilo ” apelo a todos cidadãos para dirigirem-se às assembleias de voto, para escolher os próximos dirigentes do nosso país,  depois de votar dirijam – se às suas casas aguardar pelos resultados. Temos que manter a calma, tal como foi durante a campanha eleitoral”.

Na mesma ocasião, o presidente da CNE fez saber que o processo iniciou bem a escala nacional, admitindo que pode ter havido um e outro ponto que tenha registado alguma situação pontualmente, o que  terá sido resolvido.

O antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, considerou que o processo eleitoral decorreu a bom ritmo em todo país e que o sentido de patriotismo dos moçambicanos inspira para que o futuro seja ainda mais promissor.

De acordo com o antigo estadista moçambicano, as eleições gerais de 2024 “foram encorajadoras, porque vimos uma ordem e um ritmo bom de votação, e parece que assim foi em todo o país, pelo que vimos na televisão”.

São aspectos que deixaram Joaquim Chissano satisfeito, “pelo sentido de patriotismo do nosso povo”, mas também “porque, quando construímos o multipartidarismo e instituímos as eleições multipartidárias, não tínhamos muita informação e a população não tinha formação, mas fizemos um grande aprendizado ao longo destes 30 anos, e estou a sentir grande maturidade da população”.

Por isso mesmo, Joaquim Chissano faz votos para que “essa atitude continue a crescer e que sejamos mais responsáveis perante nós próprios e perante o mundo”.

Para o primeiro Presidente democraticamente eleito no país, estas eleições significam que “devemos continuar com serenidade, amizade e alegria”, afinal “devemos apenas preferir e não estar contra ninguém, ou seja, escolhemos o candidato que preferimos, para depois trabalharmos juntos com ele”.

A finalizar, Joaquim Chissano comentou as reclamações dos partidos políticos, tendo dito que “não posso achar nada e só posso deixar os que estão encarregados de fazer o trabalho de observar fazerem o seu trabalho, e podemos comentar depois”.

 

Graça Machel diz que é preciso votar com responsabilidade, porque há muitas pessoas que sacrificaram as suas vidas para que os moçambicanos pudessem ter o privilégio de exercer este direito.

A esposa do primeiro Presidente da República de Moçambique, Graça Machel, votou na Escola Secundária da Polana, na Cidade de Maputo, pouco antes das 11 horas. Na sua interação com a imprensa, Graça apelou para que os moçambicanos votassem com responsabilidade, em respeito aos que lutaram pela democracia.

“O voto é uma conquista. Há muitas pessoas que se sacrificaram para que nós tivéssemos este direito, exercêmo-lo com responsabilidade”, disse Graça Machel.

A ex-primeira-dama diz que é através do voto que cada cidadão tem a responsabilidade de definir o futuro do país.

“Faz parte da nossa escolha, aquilo que queremos que seja o futuro, em particular dos nossos filhos, netos e bisnetos.”
Com um sorriso estampado no rosto, Graça terminou afirmando que está feliz por ter vivido o suficiente para, mais uma vez, poder exercer este direito cívico.

Desde o arranque do recenseamento eleitoral, incluindo a campanha eleitoral, os tribunais em todo país registaram 42 ilícitos eleitorais. Quem assim o diz é o presidente do Tribunal Supremo, Adelino Muchanga, que votou esta manhã na Escola Secundária da Polana. 

Adelino Muchanga começou por apelar a todos cidadãos a votarem, argumentando que não se trata de uma questão política, mas sim de cidadania, um direito constitucional que visa fundamentalmente a escolha dos futuros dirigentes do país. E já olhando para o sector onde actua, no caso o judiciário, esclareceu que em todo o país os Tribunais estão preparados para atender os ilícitos eleitorais explicando que, até esta terça-feira, foram registados ilícitos eleitorais decorrentes da campanha e recenseamento eleitoral. 

“Até ontem tivemos 42 processos instaurados, não significa quem não tem outros, há os que ficaram na Polícia. Neste momento os Tribunais a nível nacional estão a funcionar em turnos a qualquer momento os interessados podem chegar e nós estamos lá para os receber “, disse.

Adelino Muchanga descreveu o processo de votação como tranquilo e flexível.

Comandante Geral da PRM, Bernardino Rafael, garante que estão criadas as condições de segurança para que o país realize eleições.

Sem se referir a situação de alguns pontos de Cabo Delgado, que estão a braços com o terrorismo, o comandante Geral da PRM, Bernardino Rafael, garantiu que há segurança em todos postos de votação instalados no território nacional.

“Já votei. Todos vamos votar. A segurança está criada em todo país. Exortamos a todos miçambicanos para depois de votar irem para casa, não tenho medo de dizer isto, vamos votar e vamos voltar para casa e as principais incidências sobre o processo eleitoral vamos ter através da comunicação social”, disse Rafael depois de votar na cidade de Maputo.

A Procuradora-Geral da República garante que os magistrados judiciais e do Ministério Público estão devidamente preparados para lidar com os processos de ilícitos eleitorais que possam surgir durante o presente sufrágio.

Beatriz Buchili falava na manhã desta quarta-feira, logo após a votação na Escola Secundária Josina Machel. Na ocasião, apontou que “desde o ano passado, a nível interinstitucional do sector judiciário, quer com o Conselho Constitucional, Tribunal Supremo e o Ministério da Justiça, fomos capacitando os nossos magistrados judiciais e do Ministério Público para este processo eleitoral”.

Apesar da tardia aprovação da Lei Eleitoral, que entrou em vigor duas semanas antes do arranque da campanha eleitoral, Beatriz garante que houve divulgação e implementação da mesma com muita urgência, mas, também, que há equipas prontas para dar acompanhamento.

A responsável avançou, também, que “já no ano passado o Ministério Público e o Ministério do Interior, ratificaram um memorando de entendimento para actuação conjunta, com vista a permitir que as queixas sobre ilícitos eleitorais sejam investigadas e resolvidas tempestivamente”

Beatriz Buchili apelou igualmente a todos potenciais eleitores para que exerçam o seu dever cívico “e que esperem os resultados da votação com muita serenidade, sem actos ilícitos eleitorais ou criminais” para que seja um momento de festa.

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