Houve tumultos na manhã de hoje, na cidade de Nampula, com a chegada de Venâncio Mondlane. A PRM diz que a situação se deveu à incitação à violência por parte do candidato, o que levou a população a atirar pedras contra os agentes da corporação. Quatro indivíduos ficaram feridos e igual número está detido.
O candidato presidencial suportado pelo PODEMOS, Venâncio Mondlane, está, desde a manhã desta quarta-feira, na cidade de Nampula, maior círculo eleitoral do país.
Logo à sua chegada, o candidato foi recebido por membros e simpatizantes desta força política, assim como por populares.
Seguidamente, Mondlane quis marchar pelas artérias da cidade de Nampula, actividade que, segundo as autoridades, não foi comunicada à Polícia da República de Moçambique na chamada capital da zona Norte. Aliás, acusa a PRM, Mondlane terá dispensado a protecção policial, alegando que se tratava de uma visita privada.
“À sua chegada, fomos saudá-lo e, imediatamente, oferecemos a nossa segurança para a sua protecção. O candidato disse que a visita que vinha fazer a Nampula era privada, de tal forma que não comunicou às autoridades nem à imprensa”, explicou Gilberto Inguane, director da Ordem da PRM em Nampula.
Inguane revelou, ainda, que “a partir do momento em que ele sai do aeroporto, foi tendo paragens ao longo da cidade para saudação e a polícia foi acompanhando e, à medida que ia avançando, foi entrando para o interior da cidade, em especial para o mercado novo na zona da estátua de Samora Machel”.
O director da Ordem da PRM em Nampula acrescentou que “percebendo que este movimento que ia fazendo ia movimentando massas e, a dada altura, começou a normal circulação de pessoas e bens, começou a criar embaraços na via. Abordámos a comitiva que o acompanhava no sentido de seguir o itinerário que a polícia definiu”.
Segundo Gilberto Inguane, uma vez que as recomendações não foram seguidas, instalou-se a confusão.
“Não há tumulto que se inicia quando o agente tira a arma. Não há arma nenhuma que se atira. A província de Nampula é protegida pela PRM. A PRM trabalha quer uniformizada, quer fora de uniforme. A primeira abordagem que tivemos com o candidato Venâncio Mondlane foi de lhe oferecer segurança.”
Neste momento, segundo o director da Ordem na PRM em Nampula, a situação está controlada, mas há informações preocupantes, uma vez que há indicações de movimentos que visam provocar confusão.
A polícia garante que não houve baleamento. “Em relação ao vídeo que circula, vi e irei deslocar-me pessoalmente ao hospital para perceber o que aconteceu e, a posterior, nas nossas conversas, iremos desenvolver este tema.
Um dos feridos conta que, “quando chegámos à zona do Matadouro, a polícia começou a disparar, e como vê no meu braço, a bala ia directamente para o engenheiro Venâncio Mondlane e eu defendi-o.”
A VERSÃO DE VENÂNCIO MONDLANE
O candidato Venâncio Mondlane disse que foi a Nampula fazer “uma visita privada para animar a delegação política, em face de todos os resultados, que toda a gente sabe que estão a ser manipulados”.
Segundo Mondlane, era “necessário dar uma mística a todos os delegados locais e, por outro lado, aproveitei para agradecer à população de Nampula que votou em massa, acreditou neste projecto desde o início e foi aqui onde fechámos a nossa campanha, porque o povo merecia um agradecimento e cumprimento”.
Mondlane avançou que “estamos a preparar o nosso recurso ao Conselho Constitucional, porque temos provas da nossa vitória”.
Entretanto, numa nota divulgada nas redes sociais, Venâncio Mondlane voltou a acusar as Comissões Provinciais de Eleições de anunciarem resultados falsos das comissões distritais e reiterou que “não vão entregar o poder a ninguém”.
No mesmo texto, Mondlane apelou a uma greve geral a partir de segunda-feira, dia 21, “de toda a actividade pública e privada do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, em todo o território nacional”.
Por outro lado, o candidato questionou as razões que levaram o Ministério Público a intimá-lo apenas a ele, enquanto há evidências de ocorrência de irregularidades praticadas pela Frelimo durante o recenseamento, pré-campanha e campanha eleitoral e que nunca foram notificados pela PGR.