Um membro de mesa de voto, no caso secretária de mesa, na vila sede de Guro, na província de Manica, foi encontrado com vários boletins de voto escondidos na capulana. A indiciada foi detida, julgada e condenada, mas, até à meia-noite, já estava de volta à assembleia e trabalhou na contagem de votos. A informação é da Sala da Paz, que entende que, apesar de arrolar vários ilícitos, faz um balanço positivo do escrutínio.
A Sala da Paz considera que a fase de contagem e apuramento de votos decorreu de forma pacífica e ordeira. No entanto, registaram-se casos de ilícitos eleitorais, que, segundo a plataforma, podem dar lugar a questionamentos sobre a credibilidade do processo.
O destaque vai para vila sede de Guro, onde uma cidadã foi, ainda no dia de votação, condenada a cinco salários mínimos.
“A secretária da mesa número 060353-01, que funcionou na Escola Primária Completa 1 de Junho, da Vila Sede do Guru, surpreendida com boletins a mais escondidos na sua capulana, prontamente neutralizada pela polícia, foi julgada e condenada a uma pena de cinco salários mínimos, retornou ao seu trabalho na mesma mesa, na companhia do seu presidente da mesa, por volta das zero horas, durante o processo de apuramento”, denunciou Tereza Xavier, representante da Sala da Paz.
Grande parte das mesas já finalizaram o apuramento, mas os editais, segundo a denúncia da plataforma de observação, ainda não foram publicados.
“É o caso da Escola Secundária do Ulónguè, no distrito da Angônia, província de Tete, na mesa 070106-6, onde, até por volta das seis horas de hoje (referindo-se a quinta-feira), ainda não haviam sido preenchidos e, consecutivamente, não estavam publicados os editais”, apontou Tereza.
A Sala da Paz relata, ainda, cortes de energia, para os quais a solução foi usar lanternas, mesmo com proibições.
“Na Escola Primária Completa de Marínguè, na mesa 050871-03, houve proibição do uso de lanternas, segundo a ordem do director do STAE, nas palavras da delegada da Frelimo”, disse.
Notou-se, ainda, forte presença policial e exclusão da imprensa e observadores do apuramento.
“As causas evocadas pelos MMV para excluir estes actores destacam-se: alegadas ordens superiores impostas ao presidente da mesa para excluir estes actores na contagem; alegada restrição legal para o efeito; agitação provocada pela tentativa de captação de imagens na fase de contagem; agitação provocada pela solicitação dos delegados de candidatura para que alguns presidentes recontassem os votos depois de se ter verificado alguma discrepância”, explicou.
A Sala da Paz apela ao respeito máximo pela democracia e pela imparcialidade da polícia na protecção de todos.
“Apelamos a todos os concorrentes eleitorais para respeitarem um processo democrático, reconhecendo que as eleições são uma expressão da vontade do povo. É essencial aceitar os resultados como uma manifestação da escolha dos eleitores. Exortamos, igualmente, os órgãos de protecção ao exercício das suas funções, com isenção e integridade, obedecendo aos parâmetros legais”, concluiu a responsável.
Ao eleitorado, a Sala da Paz apela para uma postura de serenidade e não de violência, até que os resultados oficiais sejam divulgados.