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Editora Marimbique lança edição fac-similada de “Nós matámos o cão tinhoso”

A editora Marimbique lança, segunda-feira, em Maputo, uma edição fac-similada da primeira edição de “Nós matamos o cão tinhoso”, de Luís Bernardo Honwana, em homenagem ao autor que celebrou, no dia 12 de Novembro, 80 anos de idade. O livro não terá circulação comercial, destina-se apenas a assinalar o jubiloso aniversário do escritor.

O livro de estreia de Luís Bernardo Honwana foi publicado originalmente em 1964. 58 anos depois, o livro constitui um dos marcos fundadores e fundamentais da moderna narrativa de ficção moçambicana. “Contos breves, à excepção do primeiro, que dá título ao conjunto das sete histórias, revelam um escritor prodigioso, com apenas 22 anos, e um poder de observação e uma capacidade narrativa exemplares”, lê-se na nota de imprensa da Marimbique, editora que lança a edição fac-similada, com ilustrações de Bertina Lopes.

Na mesma nota, a Marimbique lembra que Luís Bernardo Honwana começou a publicar histórias na página “Despertar” do matutino “Notícias”. Colaborou em diversos jornais (“Notícias”, “Voz de Moçambique”, “Tribuna”, “Diário de Moçambique” e “A Voz Africana”, na Beira), fez desenhos à pena, participou em exposições de artes plásticas, viu filmes e escreveu sobre o cinema, dedicou-se à fotografia, participou com jornalistas, poetas e pintores na efervescente vida cultural dos anos 60. Para além disso, praticou desporto e foi um activista político contra o regime colonial português. Por isso mesmo, conheceu, aos 22 anos de idade, a prisão pela PIDE. Esteve três anos e meio na cadeia, na mesma altura que José Craveirinha, Rui Nogar, Malangatana, entre outros importantes nacionalistas moçambicanos.

O livro  “Nós Matámos o Cão Tinhoso” conheceu, ao longo dos anos, edições sucessivas em Moçambique, sobretudo no período pós-independência, bem como diversas traduções, entre as quais “We Killed Mangy Dog and Other Stories”, publicada pela Hinneman, na mítica “African Writers Series”, dirigida pelo escritor nigeriano Chinua Achebe e que incluiu obras de autores africanos emblemáticos como Ngugi Wa Thiong ´o, Sembene Ousmane, Naguib Mahfouz, Wole Soyinka ou Nadine Gordimer, os três últimos laureados com o Prémio Nobel da Literatura. O livro teve múltiplas edições em Portugal e no Brasil.

Luís Bernardo Honwana foi jornalista e nacionalista, combatente pela liberdade, após a Independência de Moçambique desempenhou o cargo de director do gabinete do Presidente da República, foi, sucessivamente,  Secretário de Estado e Ministro da Cultura, fundador da Associação dos Escritores e de outras agremiações como a dos Fotógrafos, estabeleceu e foi primeiro Presidente do Fundo Bibliográfico, membro do Conselho Consultivo da UNESCO, seu representante na África Austral, é, hoje, Director Executivo da Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND.

Em 2017, Luís Bernardo Honwana publicou, 53 anos depois de “Nós Matámos o Cão Tinhoso”, a obra de ensaios “A Velha Casa de Madeira e Zinco”.

 

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