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Economistas animados com a redução gradual da taxa MIMO

O dinheiro está cada vez mais barato no país. Só este ano, o Banco de Moçambique reduziu cerca de 4% a taxa de juro, um cenário que, segundo os economistas Egas Daniel e Luís Mabaço, é muito favorável para a economia e a vida dos moçambicanos, porque vários investimentos passam a ser viabilizados com custo de financiamento mais atractivo.

A taxa MIMO foi mantida em torno de 12,75% em grande parte do ano 2019, e, em 2020, veio a ser reduzida para 9,25%, devido à pandemia da COVID-19. Em 2021, foi ajustada para 13,25% e, em 2022, atingiu a sua variação mais alta, que foi de 17,25% .

A primeira variação da taxa MIMO, em 2024, foi de um dígito, quando reduziu de 17,25% para 16,25%, em Janeiro. Já em Março, houve mais uma redução para 15,75% e, em Julho, foi novamente reduzida para 14,25%. Esta segunda-feira, o banco central anunciou mais uma variação em baixa para 13,50%.

O economista Luís Magaço vê com bons olhos a medida do Banco de Moçambique e espera que os bancos comerciais avaliem mais o peso das dívidas das empresas e das famílias.

“Isso é fundamental, porque, agora, a redução é de 75 pontos base. Esperar que a taxa de juros prime seja reduzida na mesma proporção, na mesma medida, para que os bancos comerciais possam, no seu portfólio dos créditos à economia, rever, também, a taxa de juros nesse sentido, aliviando o esforço do serviço de dívida dos mutuários, quer empresas, quer famílias, quer, enfim, outras instituições que tenham compromissos com a banca”, explicou o economista Luís Magaço.

Apesar da satisfação, Magaço diz que o Banco de Moçambique poderia ter reduzido mais a taxa MIMO, mas defende que a não precipitação pode ser para controlar a inflação e evitar pressão à economia em Dezembro, período em que o dinheiro é mais utilizado.

“Penso que essa é a razão, é tentar não ter grandes variações ao longo dos meses, para depois fazer uma grande variação, por exemplo, em Dezembro, e isso seria penalizador. Penso que essa taxa pode ser mais baixa, mas, como digo, o banco central deve estar também a fazer estimativas mais de médio prazo”, apontou o economista Magaço.

Por sua vez, Egas Daniel fala de uma época onde a economia vai ficando mais leve, o que pode criar um impacto positivo para empresas e para as famílias.

“Por um lado, temos o dinheiro, que está a ficar cada vez mais barato, por outro lado, temos os preços, que não estão a aumentar tanto quanto vinham aumentando. Então, a combinação desses dois factores são, indubitavelmente, um cenário favorável para a economia de Moçambique, para as famílias, para as empresas e para toda a sociedade, porque alguns investimentos cuja viabilidade era limitada por causa do elevado custo de financiamento passam a ter alguma luz de viabilização”, clarificou Egas Daniel.

Por outro lado, Egas aponta que o Estado pode ser o maior beneficiário dessas reduções, e explica as razões.

“Talvez quem mais aproveite é o Estado, de alguma forma, porque, como ele é quem mais se endivida, então quando as taxas de juros reduzem. Significa que também pode reduzir o indexante associado aos bilhetes e obrigações de tesouro, que são contraídos recorrentemente para o Estado para financiar o seu défice e a sua dificuldade de tesouraria contínua que temos estado a observar nos últimos anos”, finalizou o economista Egas Daniel.

A perspectiva do Banco de Moçambique é reduzir, gradualmente, a taxa de juro de política monetária para menos de 10 dígitos, em três anos.

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