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Economia a duas velocidades no terceiro trimestre de 2017

De um modo geral, a economia moçambicana, durante o terceiro trimestre de 2017, face ao período homólogo do ano anterior, foi caracterizada por um crescimento lento do PIB em cerca de 2,9%, portanto, bastante abaixo das taxas de crescimento dos últimos anos.

O dinamismo económico do período em análise é, essencialmente, atribuído ao sector de agricultura, que, representando um peso de cerca de um quarto do valor do Produto Interno Bruto (PIB – valor de todos os bens e serviços produzidos no país em um ano), teve um aumento que se fixou em 6,4%. Destacaram-se, igualmente, os sectores de transportes e comunicações, comércio e serviços e indústria extractiva e mineração, que cresceram em 6,7%, 2,2% e 19,4%, respectivamente.

Diferença entre exportações e importações diminuiu

Dados provisórios sobre o comércio externo (importações e exportações) indicam que no terceiro trimestre de 2017, o défice da balança comercial de bens (diferença entre as exportações e importações, neste caso as importações são superiores) fixou-se em cerca de 58,21 Milhões de dólares americanos, sendo a taxa de cobertura de 95,1%.

Tanto as exportações como as importações aumentaram em 58,07% e 7,1%, respectivamente, quando comparado com o trimestre homólogo de 2016. O défice da balança comercial de bens reduziu em 86,6%. A redução deste défice é positiva para a economia moçambicana, visto que mais exportações e menos importações promovem o emprego e a produção em Moçambique.

No Trimestre em análise, as exportações atingiram cerca de 1.252.205,17 milhões de dólares norte-americanos. Entre os principais produtos exportados no trimestre, destaque vai para o carvão mineral (coque e semi-coque) com um peso sobre o total das exportações de 27,6%, Barras e perfis de alumínio (produzidos pela Mozal) com 20,7%, Energia eléctrica com 7,1%, Carvão mineral (hulha) com 7,0% e Gás natural com 5,48%.

Já as importações absorveram cerca de 1 310 420,08 milhões de dólares. Dos produtos que mais se destacaram com peso importante sobre as importações totais contam maquinarias com peso de 18,3%, o gasóleo com 7,7%, cereais (6,2%), automóveis (4,7%) e energia eléctrica (4,7%).

Aumento de preços desacelerou

Durante o terceiro trimestre, a inflação acumulada (aumento do nível geral de preços desde o início do ano até Setembro) cresceu lentamente, com uma variação máxima rondando nos 3,5%, menos 12 pp (pontos percentuais), comparativamente ao nível de 2016.

De acordo com os dados do INE, a dinâmica da inflação foi, fortemente, influenciada pela subida de preços de bens primários e combustíveis, lembrando que a suspensão dos subsídios aos combustíveis pelo Governo este ano resultou no ajuste mensal do preço, de acordo com a actualização feita no mercado internacional.

Juros mais altos e taxas de câmbio estáveis

Elevado preço do dinheiro é preocupação permanente para os agentes económicos em Moçambique. De acordo com o INE, os parâmetros de pagamento apontam uma tendência de evolução das taxas praticadas nas transações bancárias, sendo que a taxa trimestral das operações activas (pagas pelos clientes das instituições financeiras pelos créditos contraídos), apesar de se ter mantido constante em relação ao trimestre passado, passou de 23,7% para 28,1%, entre os dois trimestres homólogos de 2016 e 2017.

A taxa média trimestral de juro das operações passivas (remuneração dos depósitos por parte das instituições de crédito) elevou-se ao passar de 11,3% para 18%, do terceiro trimestre de 2016 para o mesmo período de 2017.

As elevadas taxas de juro tem sido tema de discussão e uma preocupação do Banco Central, que este ano decidiu introduzir um indexante único (a taxa MIMO), que deve ser utilizada por todos os bancos comerciais na definição das taxas de juro. A ideia é trazer transparência nos processos de definição destas taxas.

No mercado cambial, de Junho a Setembro, o metical manteve a sua tendência de desvalorização face às principais moedas de referência para o país, nomeadamente, o dólar americano, o Euro e o rand sul-africano, contrariando os esforços do Banco Central na redução dos níveis de desvalorização do metical face àquelas, sustentada pelas variações de -14,2% em relação ao dólar, -9,7% em relação ao euro e -8,6% face ao rand, em comparação com o mesmo período de 2016.

A depreciação do metical gera pressão para a subida de preços internamente, visto que para a realização de importações passa a demandar mais meticais para as mesmas quantidades de moeda externa.

 

 

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