O País – A verdade como notícia

O Presidente da República, Daniel Chapo, anunciou recentemente a requalificação do aeródromo de Massingir, na província de Gaza, com o objectivo de transformá-lo numa porta de entrada para turistas internacionais e numa infra-estrutura estratégica para exportações agro-pecuárias. A iniciativa visa atrair voos de grande porte nos próximos 10 a 20 anos.

O projecto integra-se na visão de posicionar Gaza e Inhambane como pólos de turismo sustentável, combinando biodiversidade, savanas e praias com valorização cultural local. O anúncio foi feito durante o lançamento do projecto hoteleiro avaliado em 140 milhões de dólares, com conclusão prevista para 2028.

Além do aeródromo, será desenvolvido o corredor Mapinhane–Pafuri, que ligará regiões agrícolas a zonas turísticas, promovendo cadeias de valor em sectores como agricultura, energia e hotelaria. A infra-estrutura facilitará o escoamento de produtos orgânicos e o fornecimento ao hotel de luxo.

O Presidente destacou ainda os programas de formação em hotelaria e gestão ambiental, com 23 jovens já capacitados na África do Sul e planos de expansão. Segundo Chapo, o investimento projecta Moçambique no mapa do turismo de luxo, com inclusão social, sustentabilidade e novas oportunidades para a juventude e comunidades locais.

O gás natural tornou-se o principal produto de exportação de Moçambique no primeiro trimestre de 2025, superando o carvão mineral. As exportações de gás totalizaram 567,7 milhões de dólares, um crescimento homólogo de 28%, impulsionado pelo aumento do volume exportado na área 4 da bacia do Rovuma e pela valorização de 12,8% no preço médio internacional.

Em sentido oposto, segundo a agência Lusa, o carvão registou uma queda de 35%, totalizando 300,8 milhões de dólares, devido a paralisações em minas, interrupções na linha férrea causadas por intempéries e instabilidade social relacionada com o período eleitoral. Além disso, o preço médio do carvão caiu 6%.

O alumínio também ultrapassou o carvão, com exportações no valor de 380,7 milhões de dólares, representando um crescimento de 88,3% face ao ano anterior, alavancado pelo aumento de 45% no volume exportado e de 14% nos preços.

O Estado arrecadou até Junho 210 milhões de dólares em receitas provenientes da exploração de petróleo e gás natural, mais do que em todo o ano de 2024. Os valores, canalizados para o Fundo Soberano de Moçambique, incluem montantes referentes a exercícios passados e ao primeiro semestre de 2025.

A dívida da empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) registou uma redução de 2,4% no segundo trimestre de 2025, fixando-se em 5889 milhões de meticais, segundo o Ministério das Finanças. A diminuição corresponde a 144,6 milhões de meticais em relação ao trimestre anterior, quando a dívida ultrapassava os 6033 milhões de meticais.

Para viabilizar o pagamento, o Governo aprovou uma resolução que autoriza a LAM a liquidar a dívida em prestações anuais, com garantias do Estado junto dos bancos comerciais. O Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) foi incumbido de criar um veículo com propósito específico para gerir e reestruturar a dívida, reforçando a intervenção estatal no sector empresarial público.

Esta medida insere-se numa estratégia mais ampla de recuperação da companhia, que tem enfrentado dificuldades operacionais e financeiras, apesar dos esforços de reestruturação iniciados em 2023. A empresa tem revisto rotas, contratos e adoptado novos modelos de gestão, mas continua a depender do apoio estatal. A intervenção actual visa garantir mais previsibilidade na gestão da dívida e proteger o sistema financeiro, através da emissão de garantias soberanas.

Apenas 17% da população moçambicana está coberta por algum tipo de seguro, revelou, nesta quinta-feira, o secretário de Estado para o Tesouro e Orçamento, Amílcar Tivane, durante a XXIV Conferência Anual da Associação de Supervisores de Seguros dos Países Lusófonos (ASEL), realizada em Maputo.

Com uma população superior a 30 milhões de habitantes, o número de pessoas com seguro ainda é considerado bastante reduzido, sendo os homens os que mais recorrem aos serviços disponíveis. Segundo Tivane, “nós somos uma população de cerca de 32 milhões de habitantes, e mais da metade é economicamente activa. Contudo, em 2022, apenas 31% dos adultos possuíam uma conta bancária, a cobertura de pensões abrangia somente 14% da nossa população adulta e apenas 17% tinham acesso a algum serviço de seguro, actualmente”.

A baixa adesão reflecte a escassez de conhecimento da importância dos seguros e a fraca penetração do sector na economia, com apenas 2% de contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB), comparativamente aos 4% registados, em média, nos países da CPLP. A meta do Governo moçambicano é atingir os 3% nos próximos anos.

A conferência também destacou o papel da tecnologia como elemento essencial para impulsionar o sector segurador. A presidente do Conselho de Administração da ASEL, Ester José, defendeu a inovação como caminho para a inclusão. “O desafio é, agora, aliar-se à tecnologia para criar produtos personalizados e acessíveis, garantindo que o consumidor os utilize de forma consciente”, afirmou.

Ester José sublinhou ainda que “a inteligência artificial revela ser uma força transformadora que tende a redefinir a subscrição de riscos e a gestão de sinistros, trazendo novos desafios regulatórios para a ASEL”.

Para Moçambique, um dos países mais vulneráveis do mundo a eventos climáticos extremos, a necessidade de mecanismos de protecção torna-se cada vez mais urgente.

“Precisamos de um sector de seguros robusto, inclusivo e preparado para enfrentar os desafios do presente e do futuro, com destaque para as mudanças climáticas, apostando nas novas estratégias tecnológicas e na gestão sustentável dos nossos recursos naturais”, apelou Tivane.

“A necessidade de seguros paramétricos e agrícolas tende a deixar de ser um discurso académico para se tornar uma prioridade política”, alertou Ester José, sublinhando o papel estratégico do sector segurador na resiliência das economias lusófonas.

A porta-voz do Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique (ISSM), Francelina Sitoe, reconheceu que a falta de conhecimento e confiança nos seguros continua a ser uma barreira significativa. “Nem toda a população compreende a importância de assegurar a sua saúde e os seus bens, daí que precisamos de continuar a trabalhar para conquistar a confiança da população”, afirmou Sitoe.

O seguro automóvel continua a liderar a procura no país, mas, durante a pandemia da COVID-19, houve um crescimento expressivo dos seguros de vida, reflectindo uma mudança no comportamento dos consumidores moçambicanos.

O Governo e os operadores do sector comprometem-se a fortalecer a regulação, promover a inovação tecnológica e reforçar campanhas de educação financeira. A intenção é, não apenas aumentar a taxa de cobertura, mas também garantir que os seguros sejam ferramentas eficazes na protecção social e económica dos moçambicanos.

A Embaixada dos Estados Unidos de América em Moçambique confirma, através de um comunicado de imprensa, a retoma do financiamento do programa Millennium Challenge corporations, avaliado em mais de 500 milhões de dólares de financiamento ao país, em vários programas de reconstrução e transformação social.

O programa havia sido suspenso pela administração Trump, no âmbito da reestruturação feita no início do ano, e que culminou com a retirada de vários projectos de apoio ao continente africano. 

De acordo com o documento, a decisão de manter o programa em Moçambique foi tomada pelo Conselho de Administração da Millennium Challenge Corporation (MCC) durante uma reunião que teve lugar em Agosto, que recomendou o avanço do Compacto de Conectividade e Resiliência Costeira de Moçambique, no âmbito da revisão da assistenciais externa.

A Embaixada norte-americana garante que o programa “está plenamente alinhado com as prioridades da política externa dos EUA” e que “visa produzir benefícios concretos” para os dois povos.

O Acordo de Financiamento ao Compacto II foi assinado a 20 de Setembro de 2023 no Capitólio, em Washington e inclui uma nova ponte sobre o rio Licungo, na província da Zambézia, e uma circular integrada na mesma infra-estrutura.

Segundo a Embaixada, neste segundo, a aposta é melhorar as redes de transporte em áreas rurais, em sede do Projecto de Transportes e Estradas Rurais, onde se incluem a nova ponte sobre o rio Licungo e respectiva estrada de ligação, incentivar a agricultura comercial através de reformas políticas e fiscais (Projecto de Promoção de Investimentos e Reformas na Agricultura Comercial) e reforçar os meios de subsistência costeiros através de iniciativas de resiliência climática (Projecto Meios de Vida e Resiliência Climática) é igualmente parte das acções-chave do Compacto II para Moçambique.

Aos 500 milhões de dólares da MCC, somam-se 37,5 milhões de comparticipação do Estado moçambicano, conforme o Acordo de Financiamento.

A nível da África Austral, Moçambique e o único país que vai continuar a contar com a ajuda da MCC, dado que os outros países da região como Lesotho, Malawi e Zâmbia deixaram de beneficiar do apoio.

Economistas e líderes de desenvolvimento africanos defendem reformas governamentais abrangentes, maior mobilização de recursos internos e parcerias inovadoras para acelerar a transformação económica nos países em transição do continente.

O apelo foi feito durante um diálogo político de alto nível organizado pelo Instituto Africano de Desenvolvimento (IAD) do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), no âmbito da 66.ª Conferência Anual da Sociedade Económica Nigeriana (NES), em Abuja.

A sessão, com o tema “Impulsionar a transformação económica de África nos Estados em transição: o papel do desenvolvimento de capacidades e da gestão do conhecimento”, foi moderada por Chidiebere Ibe, director de Desenvolvimento de Capacidades do IAD. 

A sessão atraiu centenas de delegados de toda a África e do mundo, incluindo economistas de renome, decisores políticos, académicos, estudantes e parceiros internacionais de desenvolvimento. 

Os Estados em transição de África são as economias mais vulneráveis do continente, enfrentando uma ampla gama de desafios políticos, económicos, de segurança e ambientais, e lutando por maior estabilidade e resiliência. 

Ao abrir o diálogo, Abdul Kamara, Diretcor-Geral do Banco Africano de Desenvolvimento para o Departamento Nacional da Nigéria, disse que África deve acelerar o crescimento para pelo menos 7por cento  ao ano e alcançar um crescimento do PIB per capita de 3,5 por cento durante quatro a cinco décadas para cumprir as metas da Agenda 2063 da União Africana. 

“África necessita de 811 mil milhões de dólares por ano em financiamento para alcançar um crescimento inclusivo e um desenvolvimento sustentável. No entanto, o continente enfrenta um défice de financiamento de cerca de 680 mil milhões de dólares por ano”, afirmou Kamara. 

Sublinhou que “só os Estados em transição necessitam de 210 mil milhões de dólares anualmente, com um défice de 188 mil milhões de dólares”, acrescentou. 

Destacou também que o crescimento inclusivo  centrado na criação de emprego, na capacitação dos jovens e das mulheres e na redução dos estrangulamentos estruturais, é fundamental para a abordagem do Banco, com enfoque em iniciativas como o programa iDICE da Nigéria, no valor de 618 milhões de dólares, para impulsionar a inovação e a economia criativa.

 Kamara disse que o Banco está a investir na juventude, nas mulheres, nas infraestruturas, na energia, na educação e na tecnologia para enfrentar os desafios persistentes do desenvolvimento. 

Eric Ogunleye, director do IAD, sublinhou a urgência de abordar a fragilidade, observando que 24 países africanos estão agora classificados como Estados em transição, contra 22 apenas nos últimos quatro anos. 

“Mais de 250 milhões de africanos são diretamente afetados pela fragilidade, com mais de 44 milhões deslocados à força até meados de 2024”, disse Ogunleye. “Os países afetados por conflitos sofreram uma queda de 20% no crescimento e declínios significativos nos resultados sociais, à medida que os recursos são desviados da infraestrutura e da saúde para combater as causas da fragilidade”. 

Alertou que os pontos críticos de instabilidade no Sahel, no Corno de África e na região dos Grandes Lagos ameaçam o desenvolvimento a longo prazo, a menos que os países realizem reformas ousadas, fortaleçam a governação e construam resiliência contra os choques climáticos. 

Ambos os responsáveis do BAD enfatizaram que a transformação sustentada requer não apenas recursos financeiros, mas também investimentos no desenvolvimento da capacitação e na gestão do conhecimento. “A capacitação é crucial para a formulação de políticas e a construção de instituições”, disse Ogunleye. “Temos de nos afastar das políticas de copiar e colar e desenvolver estratégias localmente relevantes e adaptadas, enraizadas no conhecimento indígena e único do ambiente”, salientou. 

Outros especialistas ecoaram o apelo à reforma. Emmanuel Owusu-Sekyere, diretor de Investigação, Política e Programas do Centro Africano para a Transformação Económica (ACET), salientou que a resolução de conflitos e a reforma da governação devem preceder qualquer desenvolvimento significativo. 

“Os esforços devem concentrar-se primeiro em pôr fim ao conflito antes que qualquer atividade de desenvolvimento possa começar”, afirmou. “O mais importante é garantir que as reformas se concentrem no estabelecimento de uma boa governação e de uma liderança visionária. É aí que tudo começa e termina”, defendeu. 

Owusu-Sekyere alertou que a corrupção e o fraco compromisso político continuam a ser o ‘elefante na sala’ de África e exortou os governos a conter os fluxos financeiros ilícitos, aproveitar as remessas e procurar planos de desenvolvimento apartidários. 

Sobre financiamento, Adeyemi Dipeolu, membro do corpo docente da Unidade de Laboratório de Políticas do IAD e ex-conselheiro do presidente da Nigéria para os Assuntos Económicos, destacou a baixa relação entre impostos e PIB da África, de 17%, em comparação com 29% na América Latina e 26% no Leste Asiático. 

Dipeolu salientou a importância de combater os fluxos financeiros ilícitos, que custam a África cerca de 90 mil milhões de dólares anualmente, e de aproveitar as remessas, que aumentaram para 56 mil milhões de dólares em 2024. Também alertou contra os empréstimos insustentáveis: “Dos países em situação de endividamento em todo o mundo, sete dos nove são africanos”, lamentou. 

Jane Mariara, diretora executiva da Parcerias para Políticas Económicas (PPE), apontou para a redução da ajuda ao desenvolvimento, mas destacou as oportunidades nos fluxos de financiamento climático para África, que aumentaram para 137 mil milhões de dólares em 2024. 

Apelou a uma maior capacidade de gestão da dívida e a uma utilização mais ampla de instrumentos de financiamento misto e partilha de riscos: “Os Estados em transição devem dar prioridade ao reforço da capacidade institucional, enquanto as parcerias com o setor privado podem desbloquear novos recursos”, sublinhou. 

Ao longo do diálogo, os especialistas concordaram que a transformação nos Estados em transição de África dependerá de uma governação forte, estratégias de desenvolvimento coerentes, financiamento sustentável e parcerias robustas. 

O Governo aprovou o Plano de Recuperação e Crescimento Económico (PRECE), avaliado em 2,75 mil milhões de dólares, com o objectivo de impulsionar a retoma e estimular sectores produtivos. O pacote inclui 800 milhões de dólares de apoio directo à economia, através de fundos e linhas de financiamento destinadas a pequenas e médias empresas, iniciativas locais e criação de emprego.

A sessão ordinária do Conselho de Ministros foi marcada pela aprovação de decisões com impacto directo na economia como  resposta às mudanças climáticas, na segurança rodoviária e no sector da defesa. Trata-se de um pacote abrangente que procura responder, simultaneamente, a desafios conjunturais e estruturais que o país enfrenta.

O destaque é sobre o Plano de Recuperação e Crescimento Económico (PRECE), um instrumento concebido para curto e médio prazos, destinado a enfrentar a actual conjuntura de estagnação e a impulsionar sectores produtivos. 

Avaliado em 2,75 mil milhões de dólares, o plano prevê a injecção de capital através de fundos de apoio à economia, linhas de financiamento específicas e da dinamização de instituições financeiras públicas. 

Numa primeira fase serão disponibilizados 800 milhões de dólares para estimular empresas, sobretudo pequenas e médias, com prioridade para iniciativas de geração de emprego, modernização agrícola, expansão industrial e apoio ao empreendedorismo jovem.

Segundo o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa, “o PRECE deverá actuar como catalisador da retoma pós-crises recentes, desde a pandemia até ao impacto dos choques externos, como a guerra na Ucrânia e a volatilidade dos preços internacionais”. 

O pacote prevê ainda medidas para reforçar a resiliência das famílias e das comunidades locais, promovendo uma economia mais diversificada e menos dependente de factores externos.

Na mesma sessão, o Executivo aprovou a Estratégia Nacional de Financiamento Climático 2025-2034, que procura responder ao estatuto de Moçambique como um dos dez países mais vulneráveis do mundo a desastres naturais. 

A estratégia projecta necessidades na ordem de 37,2 mil milhões de dólares até 2030, que deverão ser mobilizados junto de parceiros internacionais e do sector privado, mas também através da criação de mecanismos internos de sustentabilidade. 

Entre os objectivos está o fortalecimento da capacidade institucional, a definição de um modelo claro de governação inclusiva e o desenvolvimento de mecanismos de troca de dívida por acção climática. 

Pretende-se ainda garantir transparência na aplicação dos recursos, privilegiando mulheres, jovens e comunidades vulneráveis, ao mesmo tempo que se fomenta a economia de baixo carbono e o acesso aos mercados do carbono.

REFORÇO DA FISCALIZAÇÃO NAS ESTRADAS

Outro ponto em apreciação foi a iniciativa internacional “Missão 300”, liderada pelo Banco Mundial e pelo Banco Africano de Desenvolvimento, que visa conectar 300 milhões de pessoas à electricidade até 2030 na África Subsariana. 

Moçambique foi incluído no segundo pacote de países candidatos, com um potencial de financiamento inicial de 18,6 milhões de dólares. A iniciativa poderá ter impacto decisivo sobretudo nas zonas rurais, onde o acesso à energia eléctrica continua limitado. 

No domínio da segurança rodoviária, o Executivo aprovou medidas imediatas, como a interdição da circulação nocturna de transportes interprovinciais de passageiros, a obrigatoriedade de pontos de descanso a cada 300 quilómetros, a instalação de limitadores de velocidade e a utilização efectiva de tacógrafos.

Segundo Impissa, será igualmente reforçada a fiscalização sobre “excesso de lotação, consumo de álcool e drogas ao volante e uso do cinto de segurança”. 

A meta, acrescentou o porta-voz, é transformar a fiscalização e a educação rodoviária em “acções contínuas, capazes de alterar comportamentos enraizados que têm custado vidas humanas”.

Já no plano da segurança nacional, Inocêncio Impissa reagiu às percepções que circulam em alguns meios de comunicação social, segundo as quais parte da população das zonas afectadas pelo terrorismo, no norte do país, manifestaria preferência pela protecção das forças ruandesas em detrimento das Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Moçambique. 

A reação surge numa altura em que continuam operações militares no Teatro Operacional Norte, particularmente em Cabo Delgado.

O porta-voz foi claro: “a responsabilidade primária pela defesa da soberania e pela protecção dos cidadãos cabe ao Estado moçambicano, sendo as Forças de Defesa e Segurança a linha da frente desse esforço”. 

E acrescentou: “tal como os pais têm a responsabilidade de colocar os filhos na escola, independentemente da sua vontade, o Estado tem o dever de garantir a segurança das pessoas, mesmo quando estas dizem que não querem ser defendidas pelas forças nacionais”.

Impissa sublinhou ainda que a presença de aliados internacionais é complementar, mas não substitui o papel central das instituições de defesa do país.

 

As discussões e consultas públicas sobre o apoio financeiro e técnico do Grupo Banco Mundial a Moçambique, para os próximos cinco anos, ainda estão em curso e poderá ser formalmente anunciado quando houver desfecho do debate sobre o “próximo quadro de parceria com o país”, a decorrer, provavelmente, antes do fim do ano.

O Banco Mundial em Moçambique esclarece, relativamente à recente notícia sobre um pacote de investimento de 50 mil milhões de dólares para o país, que “o valor não corresponde a qualquer compromisso formal, nem foi objecto de discussão oficial por parte do Banco Mundial”.

“As discussões e consultas públicas sobre o apoio financeiro e técnico do Grupo Banco Mundial a Moçambique para os próximos cinco anos encontram-se actualmente em curso. Esse apoio será formalmente anunciado após a discussão sobre o próximo Quadro de Parceria com o País (Country Partnership Framework) pelo Conselho de Directores Executivos do Banco Mundial, o que se prevê que ocorra antes do final do ano”, lê-se num comunicado enviado ao “O País”.

A instituição diz que mantém o seu “compromisso firme com as prioridades de desenvolvimento de Moçambique e espera continuar a fortalecer a sua parceria com o Governo, através de uma estratégia abrangente e alinhada com as aspirações do país”.

Moçambique vai beneficiar de um pacote de 160 milhões de euros destinado a financiar projetos de agronegócio, inclusão das mulheres, desenvolvimento rural e cadeias de valor ao longo do Corredor da Beira. 

O anúncio foi feito esta segunda-feira, em Maputo, durante o Fórum de Negócios Moçambique–Itália, que juntou representantes governamentais e do sector privado dos dois países.

Segundo o ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Albino, o valor vai para projectos virados para a promoção do agronegócio e para o fortalecimento do sector privado moçambicano. Alguns dos projectos já estão em curso e outros ainda em fase de discussão. 

É um fórum no qual queremos, de facto, dizer aos nossos empresários moçambicanos e italianos que o governo moçambicano e da Itália estará junto com eles para que, de facto, possam aproveitar essas oportunidades e fazer negócios para o benefício do sector privado moçambicano, para a geração de emprego  e, sobretudo, para a promoção da substituição de importações de produtos que nós podemos 

Já o ministro da Agricultura, Soberania Alimentar e Florestas da Itália, Francesco Lollobrigida, reafirmou a amizade histórica entre os dois países e garantiu disponibilidade para trabalhar lado a lado com Moçambique. 

A presença das empresas italianas neste fórum é a garantia da nossa vontade de nos confrontar com Moçambique, sobre quais podem ser as exigências, os problemas e as soluções. Confirmo a disponibilidade italiana para trabalharmos juntos para fortalecer o Moçambique e fazer dele um país mais rico e mais forte”, declarou. 

Na ocasião, o presidente do Pelouro do Desenvolvimento do Agronegócio da CTA, Yacub Latif, destacou que o sector privado nacional está pronto para absorver os financiamentos, embora ainda aguarde a definição dos critérios de acesso por parte da Itália. 

“Temos empresas que já exportam e muitos empreendedores que querem começar a exportar. Moçambique tem terras disponíveis, apenas 20% da terra arável está em uso e há enorme potencial para crescer. Agora dependemos das regras que a Itália estabelecer”, disse.

Organizado pela Embaixada da Itália e pela Câmara de Comércio e Investimentos Moçambique-Itália, o fórum pretende reforçar a cooperação bilateral e aproximar os sectores privados dos dois países, criando espaço para novas parcerias em agronegócio.

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