O Estado arrecadou, de Janeiro até à presente data, 263 872 milhões de meticais em receitas, correspondendo a 68,4% dos 385 871,8 milhões previstos até ao fim do ano. Trata-se de um aumento nominal de 0,6% face ao mesmo período de 2024, informou o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa, durante a apresentação do relatório da 36.ª sessão ordinária do Conselho de Ministros.
O Balanço Económico e Financeiro indica que, dos 283 indicadores analisados, 77% (219) registaram desempenho positivo, contra 74%, em 2024, o que demonstra uma ligeira melhoria na execução das políticas públicas. As reservas internacionais líquidas atingiram o equivalente a cinco meses de cobertura de importações, superando a meta de 4,7 meses prevista para 2025 e o registo de quatro meses no ano anterior.
Inocêncio Impissa, que não detalhou as realizações concretizadas no período em análise, referiu que “a despesa pública totalizou 314 264 milhões de meticais, equivalente a 61,3% da meta anual, abaixo dos 63,5% registados no mesmo período do ano passado. Esta redução traduz um decréscimo real de 15,8%, associado à política de racionalização da despesa, com prioridade para os sectores da educação, saúde, infra-estruturas e protecção social”.
Num ano em que se prevê que a economia registe um crescimento real do PIB na ordem dos 2,9%, sustentado, em grande medida, pelo desempenho positivo da indústria extractiva (5,4%), construção (3%), agricultura, produção e florestas (3%) e transportes e comunicações (2,6%), o Governo afirma estar a conseguir manter a estabilidade económica, apesar dos factores adversos.
Segundo Impissa, “mantém-se a estabilidade dos indicadores macroeconómicos, com destaque para o aumento das reservas internacionais líquidas, equivalentes a cinco meses de cobertura de importações, contra 4,7 meses previstos, e a inflação controlada, fixando-se em 4,1%, abaixo dos 7% previstos para o ano”.
O Plano Económico e Social e Orçamento do Estado 2025 prevê, entre várias acções, as seguintes realizações: asfaltar e reabilitar estradas nacionais, num montante de 1076 milhões de meticais; construir dois armazéns frigoríficos para conservação de produtos nos parques industriais de Beluluane e Topuito (45,5 milhões de meticais); concluir a construção de duas fábricas de ração em Nampula e Niassa (27,5 milhões de meticais); construir e apetrechar um posto de controlo de produtos importados em Maputo (8,1 milhões de meticais); alocar meios de produção a 468 169 agregados familiares (201,3 milhões de meticais); expandir e reabilitar infra-estruturas de abastecimento de água (679 milhões de meticais); construir 12 escolas secundárias (311,6 milhões de meticais); construir 214 salas de aula do ensino primário (225,8 milhões de meticais); adquirir e distribuir 6000 carteiras escolares (45 milhões de meticais); apetrechar cinco institutos de ensino técnico-profissional (287,8 milhões de meticais); e construir 10 represas (102,1 milhões de meticais).
E, a respeito dos níveis de execução destes projectos, o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa,  preferiu não avançar quaisquer detalhes.
Sector dos Transportes e Comunicações prevê crescimento de 3,5% em 2026
O Governo projecta um crescimento de 3,5% no sector dos Transportes e Comunicações em 2026, porém refém do bom desempenho de todos os ramos de actividade. De acordo com a proposta do PESOE 2026, o ramo marítimo é o que demonstra elevado níveis de crescimento, previsto em 12,5%, seguido do  ferroviário, com 10,5%, o sector aéreo com 10,1%, comunicações (8,3%), rodoviário (2,3%), pipeline (1,1%) e outros serviços estimados em 6,1%.
No tráfego global de passageiros, estima-se um aumento de 7,3%, com o transporte a atingir 53,7 mil milhões de passageiros por quilómetro (p-km), face aos 50,07 mil milhões de 2025. “O crescimento será sustentado pela aquisição de novos autocarros, locomotivas e aeronaves, bem como pela reabertura de rotas e melhoria da pontualidade nos voos.”
O sector do transporte ferroviário deverá crescer 15%, apoiado pela duplicação da linha de Ressano Garcia e pela compra de seis locomotivas. No rodoviário, o aumento de 7,2% será impulsionado pela introdução de 25 novos autocarros para transporte público. Já o tráfego marítimo crescerá 7,4%, devido ao aumento de embarcações privadas e ao dinamismo do turismo, enquanto o aéreo subirá 2,2%.
A proposta do Executivo aponta que o sector de transporte de carga prevê um crescimento global de 7,8%, totalizando 18,5 mil milhões de toneladas por quilómetro (t-km). O segmento ferroviário lidera com 10,2%, seguido do aéreo (4,3%), rodoviário (2%) e marítimo (1,6%). O aumento resulta, sobretudo, do reforço de infra-estruturas logísticas, como os braços de carga de combustível no Porto da Beira, e da retoma económica.
O manuseamento portuário também deverá registar uma evolução positiva, passando de 56,1 mil toneladas métricas, em 2025, para 59,7 mil toneladas, em 2026. “Os portos de Maputo, Beira, Nacala, Nacala-a-Velha e Quelimane destacam-se com crescimentos que variam entre 1,3% e 20,3%, reflectindo o aumento da procura e da movimentação de produtos como combustível, trigo e fertilizantes”, escreve a proposta do PESOE 2026.