Até o fim do ano de 2021, cerca de 111 mulheres em todo o país terão os seus projectos financiados através do programa Ellevate, do banco Panafricano Ecobank, lançado esta terça-feira, em Maputo.
“Enquanto não pensarmos nas mulheres e no seu dia-a-dia, nunca seremos apoiadas”, foi assim que Gilda Monjane, uma mulher empreendedora, decidiu mostrar o seu descontentamento face à discriminação e subestimação da mulher na sociedade, que tenta lutar pelos seus direitos e lutar pela igualdade de género.
Gilda não foi a única, mas tantas outras mulheres, reunidas numa sala do banco Ecobank, decidiram debater o assunto e procurar soluções para os problemas por elas constatados. Como uma nota de música clássica que se ia compondo, as ideias e os pontos de vista de diferentes mulheres casavam de forma uniforme, afinal o objectivo era o mesmo – empoderar-se e ajudar outras mulheres a empoderarem-se.
“Em vários debates, várias sessões, as pessoas afirmam em viva voz, o problema das mulheres é que elas querem crescer sozinhas, sem as outras mulheres, é mentira!, disso não há dúvidas”, a afirmação da Administradora do Ecobank, Henriqueta Hunguana é sustentada pelo facto de as mulheres, reunidas naquela sala e de tantas outras, serem empreendedoras e “puxarem” outras mulheres para desenvolverem com elas.
Segundo a administradora do Ecobank, para o tão querido e esperado crescimento deste grupo, o banco, que dirige, decidiu ajudar as mulheres a desenvolverem os seus negócios, com o projecto Ellevate, lançado esta terça-feira.
“Mas por que um Ellevate? Por que as mulheres devem ter condições especiais? Nós queremos igualdade, mas infelizmente já chegámos à conclusão de que, sem acções activas, nós vamos continuar como sempre fomos e, por isso, o Ellevate quer mudar isso, queremos ver mulheres a inspirarem outras mulheres”, explicou.
O projecto já foi lançado noutros países africanos e, no país, espera-se que, até ao fim do presente ano, sejam abrangidas 111 mulheres e mais do que dar financiamento a essas mulheres, com o programa, espera-se a troca de ideias e formação para as suas áreas de actuação.
Conforme explicou o Director do Ecobank, José Mendes, os grupos alvos serão empresas pertencentes a mulheres, administradas por mulheres, empresas com alta percentagem de mulheres no conselho de administração ou funcionárias e empresas que fabricam produtos para mulheres.
“Estão previstos 250 milhões de dólares para serem investidos este ano no programa. Pretendemos formar pelo menos 500 mulheres em todo o continente e, para este ano, teremos duas formações, uma em Setembro e outra em Novembro”, disse Mendes tendo, depois, acrescentado que as mulheres que se destacarem terão oportunidade de se formarem na Universidade de Harvard.
Graça Machel foi escolhida como madrinha do programa e, para ela, o desenvolvimento do país ou do continente depende grandemente da mulher, mas para tal, elas precisam de um “empurrãozinho” e, por isso, decidiu juntar-se à iniciativa do Ecobank para ver este género desenvolver, não apenas em número, voz ou rosto em qualquer que seja o negócio, organização ou projecto, mas sobretudo através do seu verdadeiro envolvimento.
“Nós contribuímos de uma maneira muito modesta para trabalhar as mulheres elas próprias, precisamos de encorajá-las a procurar e aceder as oportunidades que existem, quer financeiras, quer não, elas precisam de estar no lugar certo e significativo, em todos os níveis das instituições financeiras, como líderes ou mesmo como clientes”, apontou Machel.
Graça concluiu que “não há sucesso que se possa imaginar sem se ter as mulheres como pilar”.