Os antigos gestores das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) detidos na última segunda-feira podem ter desviado mais de 50 milhões de meticais da empresa. O esquema terá envolvido pagamentos indevidos a uma empresa de produção audiovisual.
António Pinto, antigo Presidente do Conselho Executivo das LAM e Hélder Fumo, antigo director financeiro da companhia, foram detidos na última segunda-feira, num caso sobre alegada gestão danosa que envolve pagamentos indevidos.
Na acusação do Gabinete Central de Combate à Corrupção, acolhida pela sétima secção do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, consta igualmente Sheila Temporário, gestora da Revista Índico, detida na quarta-feira.
Pelo que “O País” apurou, durante os cerca de dois anos e meio em que Pinto e Fumo administraram as LAM, os dois gestores terão cometido a sobrefacturação na aquisição de bens e serviços, na companhia aérea de bandeira, até serem demitidos em Julho de 2018.
Os dois arguidos, terão sido responsáveis pela situação de falência técnica que a empresa se encontrava desde 2015. O aluguer de aeronaves na África do Sul, a um preço acima dos que são praticados no mercado africano, por exemplo, era um dos esquemas dos gestores.
Já, Sheila Temporário entra no caso, por ser a representante de uma agência de Marketing e Comunicação denominada Executive Moçambique, responsável pela publicação da Revista Índico.
A agência Executive Moçambique firmou um contrato de Marketing e Comunicação com custos mensais de aproximadamente 50 mil dólares norte-americanos às Linhas Aéreas de Moçambique, numa simples responsabilidade de apenas editar e publicar a revista que a cada dois meses era distribuída nos voos da LAM.
Por verificar que há um ilícito criminal, no caso que envolve os três arguidos, a sétima secção do tribunal Judicial da Cidade de Maputo acolheu a acusação, que culminou com a ordem de detenção.
O Ministério Público espera pelo julgamento, não somente deste caso, mas igualmente de todos outros sobre a corrupção.
De referir que as Linhas Aéreas de Moçambique ainda estão a enfrentar uma crise financeira, que já dura há mais de três anos.