Na Sociedade da qual faço parte, é comum ver as mulheres que pedem dinheiro a homens serem julgadas, muitas vezes recebendo tratamento desrespeitoso. Elas são alvo de estereótipos de género, perpetuando uma visão limitada e prejudicial que precisa ser revista. Desde a minha infância, tenho ouvido a ideia de que as mulheres devem ser boas donas de casa, cuidar dos lares e das crianças, enquanto os homens devem buscar trabalho para sustentar suas famílias. Esta visão estereotipada de género nutre a nossa sociedade de crenças limitantes que, de facto, merecem ser repensadas.
Imaginem se encorajarmos tanto homens quanto mulheres a buscarem educação e oportunidades de carreira de forma igualitária para sustentar a si mesmos. Será que precisaríamos rotular e julgar mulheres com base em suas escolhas? Infelizmente, muitas meninas são privadas da educação, sendo sobrecarregadas com afazeres domésticos que as impedem de auto-conhecerem-se e desenvolver seu potencial, estas meninas são treinadas para serem “domésticas” onde devem cuidar dos seus maridos e filhos e a sua visão se torna logo cedo limitada àquela realidade, sem dar espaço à liberdade de pensamentos que as permitiram alcançar horizontes mais promissores e risonhos. Essa realidade evidencia como as oportunidades das mulheres são frequentemente limitadas desde cedo, enquanto os homens desfrutam de privilégios e liberdades. E depois a mesma sociedade que ensina que só os homens devem trabalhar para sustentar as mulheres, julga as ditas “posso te pedir algo” quando aplicam o que foram ensinadas desde cedo…
Desviar-se dos estereótipos de género, foi inconscientemente nossa base em casa, a prioridade de todos, meninas e rapazes, sempre foi a escola. Os relatos de minha própria experiência familiar ressaltam a importância de uma educação inclusiva e igualitária desde cedo. Meu pai, pai de três meninas e um rapaz, priorizou a educação de todos, enfatizando a importância dos estudos desde a infância. Ele nos guiava para estabelecermos metas de aprendizagem, validando actividades domésticas apenas se o estudo fosse priorizado, o que moldou minha mentalidade e prioridades ao longo da vida. Seu comprometimento com uma educação igualitária é um exemplo vivo de como a mudança de mentalidade pode começar no ambiente familiar, gerando impacto positivo para as futuras gerações. Tanto é que quero que outras meninas/mulheres, tenham a oportunidade de ver o mundo nesta perspetiva.
Tomem como exemplo o meu irmão Imelde Jauane, que quando comecei a escrever sobre a Equidade de Género e temas transversais sociais, dentre os meus irmãos foi o que mais me deu apoio. Outrora, enquanto meu pai já era falecido, praticamente “obrigou-me” a ingressar no ensino técnico profissional, com vista a ter uma formação que me possibilitasse facilmente ingressar no mercado laboral e assim alcançar a minha independência financeira.
Ao discutir a importância de uma educação inclusiva, é essencial ressaltar o papel de toda a sociedade nesse processo de mudança. O envolvimento colectivo de pais, educadores e comunidades é crucial para criar uma cultura de igualdade de género e desconstruir visões estereotipadas. Assim, estaremos construindo um mundo mais igualitário, onde homens e mulheres possam usufruir das mesmas oportunidades, reconhecidos por suas capacidades e méritos, não por convenções sociais restritivas.
Vamos incentivar uma educação mais inclusiva, que prepare tanto meninos quanto meninas para despertar o seu potencial rumo a um futuro onde possam alcançar sucessos, independentemente do género.
Recordo-me que minha mãe sempre exigiu que o meu irmão Imelde, aprendesse a cozinhar logo cedo, mas em outras famílias isso não é permitido porque quem trata da cozinha é a mulher… mas, hoje compreendo que a educação e princípios moldam aquilo que seremos no futuro. Ensinar homens as tarefas domésticas não os torna menos masculinos, pelo contrário, os acrescenta. E faz com que estejam preparados para qualquer adversidade da vida.
Porquê não ensinar as mulheres e os homens desde cedo a investir na sua educação e crescimento profissional? Se educássemos nossos filhos e filhas de forma mais inclusiva, em 20/30 anos não teríamos uma sociedade melhor?
É importante ressaltar que defender a igualdade de género não significa desvalorizar as características únicas de homens e também de mulheres. Reconheço as diferenças físicas e biológicas, mas questiono a justiça em privar as mulheres de oportunidades com base apenas em seu género. É fundamental repensar os padrões sociais que colocam as mulheres em desvantagem e limitam seu potencial de crescimento e sucesso.
Mas será que no meio da sociedade, por terem nascido diferentes, isso faz com que as mulheres devam estar em posição de desvantagem?
Uma questão para a reflexão de todos.