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Debate eleitoral marcado por discursos antigos e ausência da Frelimo

Realizou-se esta terça-feira, à noite, o debate entre quatro candidatos  à liderança da Matola. A Frelimo não se fez presente numa sessão em que os cabeças-de-lista discutiram e apresentaram soluções aos problemas daquela autarquia.

Foram 80 minutos de intenso debate, entre quatro candidatos à governação do Município da Matola, marcado por interrupções e acusações. Assim, foi o debate desta terça-feira à noite entre António Muchanga, Augusto Pelembe, Miguel Mabote e Pascoal Lichucha.
No segundo dia de Debate Eleitoral, na Stv, discutiram-se, essencialmente, emprego e habitação para jovens, saneamento, transporte, vias de acesso e combate à corrupção.

António Muchanga, da Renamo, que se candidata ao cargo que quase conquistou em 2018, diz ter domínio do município que quer dirigir.
“Se o jovem tem habitação, tem o dever de cuidar dos seus progenitores e de cuidar dos seus filhos. Portanto, investir na habitação e emprego para jovens é garantir alimentação para os mais novos e os mais velhos”, defende Muchanga.

Augusto Pelembe tinha sempre na ponta da língua um problema antigo, mas sempre actual: o saneamento do meio.
“O principal pilar, hoje, para resolver os problemas da Matola é o saneamento do meio. Matola, hoje, é um xitala mati (lugar onde enche de água)”, considerou o cabeça-de-lista do Movimento Democrático de Moçambique.
Sem infra-estruturas, não há desenvolvimento. Foi esta uma das principais ideias defendidas por Pascoal Lichucha, representante da Nova Democracia.

“A questão da falta de infra-estruturação, no Município da Matola, no entender da Nova Democracia, é que impede o desenvolvimento da própria Matola. Não é possível ter um município a desenvolver-se sem que tenha estradas, sem espaços reservados para o investimento privado”, argumentou.
Para Miguel Mabote, cabeça-de-lista da Coligação Esperança do Povo, parte das soluções para Matola passa por revitalizar as empresas inoperacionais, mas que há anos foram referências.

“Nós vamos fazer uma negociação forte para revitalizar as empresas da Matola inoperacionais, neste momento. Temos de ver a viabilidade disso. Temos empresas como IMA, Indústria Moçambicana de Aço, Lusalite de Moçambique, TEXLOM, Fábrica Têxtil, Vidreira de Moçambique, entre outras”.

 

ANALISTAS ALERTAM PARA PROMESSAS “UTÓPICAS”

Tão importante como o voto são os cuidados que os candidatos devem ter com promessas que são irrealizáveis, advertem os comentadores do Debate Eleitoral, Borges Nhamirre e Job Fazenda, que analisaram, logo a seguir, o debate havido entre os presentes.
“Há que ser objectivo nos debates. Os telespectadores não querem perder tempo a ouvir pessoas que, na verdade, não vão implementar as suas ideais”, diz Nhamirre.

Para Job Fazenda, há ideias que nem são exequíveis. “Quando você não está a governar, evidentemente que tem muitas utopias”.
As críticas foram também para a ausência da Frelimo nos debates.

“A Frelimo diz: ‘nós não nos queremos  meter’, porque se sente muito grande, tem meios próprios, o que no fim se descobre que são meios do Estado. Penso, por isso, que é um mau exemplo, e quero acreditar que nem todos os candidatos da Frelimo concordem com isso, mas há uma ideia imposta ao nível central”, entende Borges.

“Se não o fazem na media, nesta fase, eu entendo que é uma estratégia que tenha adoptado. Se é boa ou não, isso prejudica ou beneficia o próprio partido Frelimo. Ou seja, o prejuízo é para a Frelimo, que acredito que vai encontrar uma solução para ultrapassar o assunto”, explica Fazenda.
Depois de quase hora e meia, resta saber se o que o eleitorado viu e ouviu pode decidir quem será o mais votado no dia 11 de Outubro.

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