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Da falta de licença de Inácio Soares à (des) caracterização da equipa

A Associação Black Bulls marcou a sua estreia na Liga dos Campeões Africanos com derrota, por três bolas a zero, diante do Petro de Luanda. Há muito por se dizer: o antes, o durante e o depois do jogo.

Há sempre uma oportunidade para deixar uma boa impressão, e a Associação Black Bulls teve essa oportunidade, no entanto não a aproveitou.

A estreia da debutante Black Bulls nas competições sob égide da Confederação Africana de Futebol (CAF), no caso, liga dos campeões, não foi das melhores. Não só pelo resultado negativo registado, mas também por outros acontecimentos.

O jogo para o campeão moçambicano começou mesmo antes do apito do árbitro. O treinador da Black Bulls, o português Inácio Soares, não foi visto a orientar os habituais exercícios de aquecimento da sua equipa.

Era, afinal, o prenúncio de que o mesmo não se sentaria no banco técnico, como, aliás, mandam os compêndios de futebol. O técnico assistiu à derrocada da sua equipa a partir das bancadas. Motivo?

Inácio Soares não tem licença do organismo reitor do futebol africano, a CAF. Ou seja, o técnico português não está credenciado para orientar a sua equipa em competições organizadas pelo órgão dirigido pelo sul-africano Patrice Motsepe. Terá sido por aí onde começou o jogo.

Não tendo canudo para o efeito, coube ao treinador-adjunto, Custódio Gune, por sinal, com créditos firmados, orientar a equipa.

IRRECONHECÍVEL E DESCARACTERIZADO

A Associação Black Bulls é, internamente, umas da equipa que mais pratica um futebol com princípios e fundamentos. Esse é um facto! Ora, diante do Petro de Luanda, o representante moçambicano na maior prova futebolística africana ao nível de clubes apresentou-se de forma irreconhecível e descaracterizado.

Para aquilo que é habitual, contra os angolanos, os “touros” faziam tudo de forma atabalhada, facto que se evidenciou na maneira como abordou o jogo, não havendo ligação consistente entre os três sectores: defesa, meio-campo e ataque.

Apesar de se ter apresentando com a sua melhor equipa, a Black Bulls não conseguiu assentar o seu jogo, deixando, deste modo, que o seu adversário explanasse o seu futebol a seu bel-prazer.

Na primeira parte, o conjunto moçambicano criou apenas duas oportunidades de golos, contra outras tantas do seu oponente, que só não chegou ao golo porque Ivan “encheu” a baliza.

A falta de chama e consistência foi notória na segunda parte, em que o conjunto moçambicano não teve argumentos, sobretudo técnico-tácticos, para contrariar o Petro de Luanda, equipa que voltou mais forte nesta etapa.

Como corolário disso, os “touros” sofreram três logos, por sinal, em lances em que se denotou a falta de experiência nestas competições. Após sofrer golos, o representante moçambicano desistiu por completo do jogo, permitindo que os “tricolores” desfilassem a sua classe.

A Black Bulls poderia, no mínimo, caso não tivesse baixado os braços, ter marcado um golo. Vendo a falta de pressão do seu oponente, o Petro de Luanda investiu em missões ofensivas, com a introdução de novas unidades para o campo, como é o caso do talentoso lateral Tó.

Enfim, uma estreia que poderia ter sido melhor se a Black Bulls tivesse acreditado nas suas valências. Ora, tem mais 90 minutos para virar o curso da história.

RESULTADO QUE DEIXA UMA FERIDA GRANDE

O treinador da Black Bulls, Inácio Soares, diz que a derrota contra o Petro de Luanda deriva do facto de a sua equipa não ter experiência nesta competição, contrariamente ao seu adversário.

“Este resultado deixa uma ferida muito grande para o clube, pois não está habituado a isso. Aliás, nem quer estar habituado a maus resultados”, explica Inácio Soares, que, a seguir, parafraseando o treinador Abel Ferreira, diz que “todos os guerreiros têm as suas cicatrizes e feridas para curar e tornarem-se mais fortes”, diz.

O técnico português diz, ainda, que este resultado foi uma lição para a sua equipa. Sobre o facto de não se ter sentado no banco técnico para orientar a sua equipa, Inácio Soares confirmou não ter licença da CAF.

“Eu nem deveria comentar esse assunto, pois não sou a pessoa indicada para tal”, disse Soares, escusando-se de dar detalhe sobre o assunto. A verdade é que, caso a situação não seja regularizada, Inácio Soares voltará, este sábado, a assistir, no Estádio Nacional 11 de Novembro, ao jogo da sua equipa a partir da bancada.

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