Moçambique voltou a registar uma deflação. Depois de Maio, a inflação de Junho foi também negativa (-0,55%), ou seja, os preços baixaram pelo segundo mês consecutivo, segundo o INE.
Numa altura em que o poder de compra baixou, devido ao impacto da pandemia da COVID-19, o custo de vida recuou em Junho.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o país registou no fecho do primeiro semestre, uma deflação mensal de 0,55% face ao mês anterior. As divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas, bem como de transportes, foram as de maior impacto, ao contribuírem no total da variação mensal com cerca de 0,43 e 0,13 pontos percentuais (pp) negativos, respectivamente.
Desagregando a variação mensal por produto, destaca-se a queda de preços do tomate (9,6%), gasolina (1,4%), açúcar castanho (7,9%), cebola (5,8%), gasóleo (3,1%), amendoim (3,1%) e da couve (4,6%).
No entanto, e de acordo ainda com o INE, alguns produtos contraíram a tendência da queda de preços, com destaque para os materiais diversos para manutenção e reparação da habitação (3,4%), batata-doce (16,6%), carapau (0,6%), cigarros (1%), o limão (23,4%), miudezas comestíveis de aves (2,5%) e o frango (0,3%), ao contribuírem com cerca de 0,11pp positivos.
CRESCIMENTO SEM DESENVOLVIMENTO?
O Instituto Nacional de Estatísitca estima que Moçambique tem actualmente cerca de 30 milhões de pessoas e as projecções apontam para um crescimento populacional de até 35 milhões nos próximos cinco anos.
Entretanto, este aumento nem sempre tem sido acompanhado pelo crescimento da economia nacional.
A taxa de crescimento da população é de 2,5% e a do PIB é de 2,2%, o que significa que a população cresce mais rápido que a economia, o que coloca o Estado numa ligeira incapacidade de provisão de bens e serviços essenciais aos cidadãos.
Segundo o INE, em 2017 a economia moçambicana registou um crescimento da produção na ordem de 3.7% do PIB tendo caído para 2,3% em 2019 e para 1,7% no primeiro trimestre de 2020, em conformidade com o Banco de Moçambique.
Apesar de o país ter registado uma redução da inflação mensal de 0,55% em Junho de 2020, os cidadãos continuam a debaterem-se com a redução do poder de compra, facto que impacta directamente na cesta básica e sobrevivência das famílias.
“Penso que o país reúne todas condições para desenvolver. Temos muitos recursos, mas o problema está na gestão”, apontou Ladita Come, uma jovem que saiu da cidade da Beira para “tentar a sorte” em Maputo.
Já Mulelane Bilianga, contou ao “O País” que o grande problema prende-se com a falta de oportunidades. “O Governo deve criar mais empregos, aumentar salários”, disse.