Em Maio passado, o preço do bilhete de passagem na travessia entre as cidades de Inhambane e Maxixe passou de 15 para os actuais 20 Meticais por passageiro, um agravamento que, segundo os operadores, não era o desejado.
A proposta por eles submetida era de um aumento de 10 Meticais, o que significa que o bilhete de passagem na travessia passaria a custar 25 Meticais, mas, depois de negociações, concordaram que seriam 20 Meticais.
Desde lá, o preço da gasolina, combustível usado pelos transportadores, sofreu um aumento de 3,67 Meticais por litro, o que desequilibrou as contas que já estavam no limite.
Significa, em outras palavras, que o combustível que antes era adquirido ao custo de 86.97 Meticais, agora custa 90.63 Meticais. Para uma viagem completa, são necessários 20 litros de gasolina e, para tal, o transportador tem de desembolsar 1.820,6 Meticais.
No total, vão, na embarcação, 60 passageiros e, numa viagem, são levadas 120 pessoas, o que permite arrecadar 2.400 Meticais. Desse valor, cerca de 1800 Meticais são para comprar 20 litros de combustível e, no final, sobram no bolso do proprietário da embarcação 600 Meticais.
Em dias normais, cada embarcação consegue fazer, no mínimo, duas viagens. O custo elevado de combustível anulou até mesmo o recente agravamento do preço do bilhete de passagem.
Com o ajuste do preço do bilhete de passagem, esperava-se compensar, de algum modo, os custos operacionais, que são agora maioritariamente “diluídos” pelo combustível.
Os marinheiros ouvidos pelo “O País” dizem que a saída para o problema é baixar o preço do combustível, pois subir o custo do bilhete de passagem só iria agravar ainda mais a situação.
Quem usa o barco todos os dias diz que o transporte já está a um preço elevado e um agravamento do preço do bilhete de passagem só iria piorar as coisas.
É o caso de Fenias Mindo, um jovem que, por causa do trabalho, tem de apanhar barco todos os dias, gasta 40 Meticais, por dia, só com o transporte marítimo.
Fenias é professor e gasta, por mês, dois mil Meticais só com o transporte, desde o “chapa” até ao barco. Para si, mais um agravamento do preço do bilhete de passagem só iria degradar ainda mais a sua situação financeira.
Na travessia entre as cidades de Inhambane e Maxixe, passam, em média, três mil pessoas por dia, que vivem numa margem, mas trabalham ou estudam noutra.