O filme do realizador moçambicano, Um sonho quase estranho, está entre as 51 curtas-metragens seleccionadas para 16ª edição do Mobile Film Festival Africa. A iniciativa parisiense vai conceder 10 mil euros, cerca de 870 mil meticais, ao grande vencedor.
Ano passado, Xavier Bila teve uma formação em curta-metragens no Films and Film Making, em Pune, cidade do estado de Maharashtra, na Índia. Ao fim de três semanas, o realizador volta a Moçambique e fica a saber da existência do Mobile Film Festival Africa, realizado a partir de Paris, França. Estimulado pela possibilidade de poder levar a sua curta-metragem além-fronteiras, o realizador selecciona um elenco de actores voluntários e, com recurso a um telemóvel Xaomi Red Mi Note 7, grava Um sonho quase estranho.
O filme com um minuto de duração retrata a história de três meninos de rua (Grace Muchanga, Valente Mussuei e André Muianga), que, abandonados à sua sorte, alimentam sonhos por um futuro cheio de esperanças.
Com roteiro e realização de Xavier Bila, Um sonho quase estranho foi seleccionado para a 16ª edição do Mobile FIlm Festival Africa, num universo de 497 candidaturas, de 38 países africanos. No total, estão admitidos ao concurso 51 produções de Moçambique, África do Sul, Namíbia, Quénia, Senegal, Camarões, Argélia, Nigéria, Egipto ou Costa do Marfim.
De acordo com Xavier Bila, o que mais o fascina no cinema, a longo prazo, é contar histórias, e, neste momento, é a oportunidade que o filme tem de ser visto por várias pessoas: ‘eu sou um fazedor de filmes. Quando nós fazemos filmes, temos de os mostrar. Quanto mais pessoas poderem ver, melhor. Este festival é internacional, então, muitas pessoas poderão ver’. No YouTube, a curta-metragem já conta com 149 visualizações.
Um sonho quase estranho teve de ser gravado em pouco tempo e com escassos recursos. Na verdade, foi por essa razão que o realizador optou em convidar actores voluntários: dois familiares e um vizinho. O filme foi produzido por Ernesto Macuácua e rodado ano passado, numa lixeira do bairro Magoanine, na Cidade de Maputo.
Com Um sonho quase estranho, Xavier Bila concorre ao Grande Prémio de África, que concede 10 mil euros, cerca de 870 mil meticais. Ao vencedor que será anunciado até Julho, o valor será concedido para novas produções.
O cineasta
Xavier Bila é formado em produção e edição para cinema e televisão, pelo extinto Instituto Nacional de Áudio Visual e Cinema (INAC), através do projecto Olhar Artístico. O realizador terminou o curso intensivo de produção de documentário social, no Instituto Superior de Artes e Cultura (IsArc), em parceria com Medicus Mundi. Já realizou duas curtas-metragens, intituladas o Sapato (co-realização), bem como e depois do Ouro (documentário), ambos produzidos durante a formação. Bila é colaborador da Associação Moçambicana de Cineastas (AMOCINE).
Mobile Filme Festival
O concurso cinematográfico é um festival internacional de curtas-metragens cujos filmes são gravados com recurso a um telemóvel e com duração de um minuto. O objetivo da iniciativa francesa é estimular os talentos do mundo inteiro a tornarem-se directores do futuro.
De acordo com a organização, a escolha do celular permite eliminar todas as restrições económicas, para que todos possam participar em condições iguais. O uso de uma tecnologia única confere a todos os participantes, na visao da organização, um carácter democrático e igualitário em escala mundial. A pretensão do evento também é encontrar os melhores jovens autores e directores.
Nos últimos quatro anos, lê-se na página do evento, o Mobile Film Festival teve cinco edições internacionais, quatro mil filmes recebidos de 132 países, 78 milhões de visualizações e cedeu 229 mil euros em prémios, cerca de 20 milhões de meticais.
Além do filme de Xavier Bila, de Moçambique concorre ao Mobile Film Festival a curta-metragem Paranoia, de Douglas Condzo.