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No próximo dia 27, às 17h30, será lançada a antologia de prosa intitulada “Construir amanhã com barro de dentro – vozes do pós-independência”, organizada pelos escritores e jornalistas Eduardo Quive, de Moçambique, e Israel Campos, de Angola.

A obra reúne 19 contos de escritores dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), nomeadamente Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, países que têm em comum a celebração da efeméride dos 50 anos de independência. 

Trata-se de escritores nascidos no período pós-independência que, na sua maioria, já são referência na literatura contemporânea africana e outros promissores que têm vindo a destacar-se pelo seu talento. São eles Amadu Dafé, Ailton Moreira, Alice Pessoa, Edson Incopté, Eileen Barbosa, Happy Taimo, Ivanick Lopanza, Janine Oliveira, Jessemusse Cacinda, Luana Cardoso Pereira, Marinho Pina, Maya Ângela Macuácua, Mélio Tinga, Oliver Quiteculo, Pedro Sequeira de Carvalho, Rosa Soares e Sérgio Fernandes, incluindo os contos dos organizadores, Eduardo Quive e Israel Campos.

A antologia conta com o prefácio da consagrada escritora moçambicana Paulina Chiziane e de Inocência Mata, professora de Literatura e Estudos de Cultura na Universidade de Lisboa.

“Nestes textos, há mais choro do que dança. São textos de choro, denúncia e revolta.

Mas, fiquemos claros. Choro é dor ou saúde. Por vezes, birra, rebelião, revolução. Quem não chora não mama. É preciso gritar para desassossegar.” escreve Paulina Chiziane.

“Esta antologia convida o leitor a ler devagar, a cruzar vozes, a ouvir os silêncios. A cada página, uma pergunta se insinua: que Independência ainda falta conquistar? Ao longo destas páginas, encontraremos palavras que doem e inquietam, mas também que motivam, que dão esperança. Palavras que querem reinventar a gramática de uma história que se sonhou diferentes. Estes autores jovens escrevem a partir da experiência concreta, mas não deixam de encarar os precipícios do seu tempo. E a escolha do título di-lo: firmes na terra que pisam, esses jovens autores estão atentos às fracturas e silêncios que se abrem diante deles, narrando o presente com amarga lucidez. Não celebram, denunciam. Não proclamam verdades, sussurram dúvidas, expõem inquietações, revelam frustrações. E ainda assim, ou por isso mesmo, renovam o gesto inaugural dos poetas da Independência”, afirma no posfácio a professora Inocência Mata.

 

Os organizadores

Eduardo Quive é jornalista e escritor. Publicou, entre outros, A cor da tua sombra (Romance, 2025), Mutiladas (Contos, 2024), Para onde foram os vivos (Poesia, 2022) e O Abismo aos pés – 25 escritores lusófonos respondem sobre a iminência do fim do mundo em 2020 (co-autor, Entrevistas). Co-fundou a Catalogus e é colaborador da Fundação Fernando Leite Couto.

Israel Campos é jornalista e escritor angolano, vencedor da 2ª edição do Prémio Literário Imprensa Nacional/Casa da Moeda (2024) e do Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro (2025). Com quase uma década de experiência na imprensa, colabora como freelancer para a imprensa internacional em órgãos como a BBC, Voice of America, Al Jazeera e Wall Street Journal. Em 2023, publicou o seu romance de estreia E o Céu Mudou de Cor (Kacimbo, 2023). Actualmente é doutorando em Media e Comunicação na University of Leeds.

 

A Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane, na Cidade de Maputo, acolhe, a partir de hoje até segunda-feira, a segunda edição do Mozambique Music Hackathon, um evento pioneiro que une música, tecnologia, empreendedorismo e inovação.

Inserido no âmbito do procjeto “Construindo com a Música”, financiado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) e promovido pela AGAPE ETS, em parceria com o Ministério da Educação e Cultura, o encontro reúne cerca de 60 participantes organizados em 15 grupos que, durante quatro dias, irão desenvolver soluções criativas para os principais desafios da indústria musical em Moçambique.

Segundo a ECA, o programa do evento inclui conferências sobre direitos de autor na música, painéis de debate, sessões de hacking intensivo, workshops, momentos de networking e um showcase musical com artistas emergentes e convidados especiais.

Entre os temas em destaque, estão o empoderamento feminino, a internacionalização dos artistas, o turismo cultural e a criação de redes profissionais, considerados estratégicos para o crescimento do sector.

As equipas apresentarão os seus projectos no último dia, 25 de Agosto, perante um júri composto por especialistas nacionais e internacionais. 

Os vencedores terão a oportunidade de representar Moçambique em eventos globais de referência, como a Milano Music Week 2025 (Itália) e o Music Imbizo 2026 (África do Sul).

 

A Primeira-Ministra, Benvinda Levi, encoraja a mulher moçambicana a escrever obras literárias para partilhar o seu conhecimento e as suas utopias, escreve a AIM.

De acordo com a Primeira-Ministra, o acto da escrita permite que as mulheres encontrem outra forma de se expressar, que transcende a dimensão da oralidade, criando, assim, um campo para explorar as capacidades que muitas mulheres têm de ler e escrever.

“Eu acho que as mulheres devem escrever, porque elas têm muito conhecimento que é transmitido oralmente e hoje temos muitas mulheres com capacidade de ler e escrever e seria bom que elas pudessem transmitir não só os seus conhecimentos, mas também as suas utopias”, segundo a AIM, disse Benvida Levi, que falava durante a visita a uma feira de exposição, no Pavilhão Municipal de Tete, que expõe, entre outros artigos, obras literárias.

Ainda de acordo com a fonte, a Primeira-Ministra entende que com as mulheres a escrever pode-se propiciar que o mundo saiba dos sonhos, projectos e reflexos das mulheres. Por isso, a governante incentiva acções a favor das mulheres, citando como referências escritoras renomadas, como Paulina Chiziane, Noémia de Sousa e Lília Momplé. 

 

A 5 de Setembr, às 12h00, no Instituto Superior Maria Mãe de África (ISMMA), em Maputo, será apresentado o livro “A Deslocada Joaquina”, de John Kanumbo, uma obra que se ergue como denúncia, memória e resistência diante da tragédia vivida em Cabo Delgado.

“A Deslocada Joaquina” traz à tona os rostos invisíveis da guerra, os deslocamentos forçados, a vida interrompida de milhares de famílias, a dor de uma terra mutilada pelo terrorismo e pelo abandono.

Na figura de Joaquina, o autor constrói uma narrativa marcada pela resiliência feminina, pela força de quem resiste mesmo diante do horror inimaginável. Através do testemunho da personagem, gritam não apenas histórias individuais, mas também o retrato colectivo de uma população que foi obrigada a deixar tudo para trás — casas, tradições, sonhos — para salvar a vida.

O livro denuncia, sem medo, o abuso de poder, o silêncio cúmplice e as promessas não cumpridas. É um grito que questiona a própria soberania e segurança do Estado, chamando atenção para as responsabilidades esquecidas.

“A Deslocada Joaquina” não se limita à denúncia. É também uma ponte de solidariedade, um apelo à consciência colectiva e um convite a não virar o rosto diante do sofrimento humano. Nas palavras do autor, trata-se de uma tentativa de eternizar a memória dos deslocados, de modo que nem a indiferença nem a distância nos privem de sentir a dor e a esperança que os acompanham.

O lançamento será um momento reflexivo e cívico de grande significado, reunindo estudantes, professores, religiosos, escritores, jornalistas e todos aqueles que reconhecem na literatura um espaço de reflexão crítica e transformação social.

O livro, mais do que literatura, pretende ser um documento humano e histórico. 

Sobre o Autor

John Kanumbo é escritor, cronista e crítico social. Natural de Cabo Delgado, tem dedicado a sua obra à reflexão sobre política, sociedade, religião e as dores que atravessam Moçambique contemporâneo. Com “A Deslocada Joaquina”, o autor afirma-se como uma das vozes mais severas e comprometidas com a verdade.

 

O artista plástico e fotojornalista Albino Mahumana inaugura a sua mais recente exposição individual de pintura. Intitulada “A Viagem do olhar”, a mostra realiza-se a partir do dia 28, às 17h00, no Business Lounge do Nedbank, em Maputo.

Na nota da exposição, assinada por Álvaro Fausto Taruma, lê-se que em “A viagem do olhar”, Mahumana propõe-nos uma travessia que não é apenas espacial, mas profundamente humana. “As suas imagens exigem um olhar paciente, um olhar que não se satisfaz com a superfície das cores vivas e das formas em movimento”, descreve Taruma, acrescentando que nas pinturas de Mahumana, “há um elemento que se impõe: o peso”. 

“As personagens carregam filhos, bilhas, mercadorias, memórias e, muitas vezes, o próprio mundo. Mas há um outro peso mais discreto; aquele que não se vê, mas se sente: o peso interior, o das apreensões, das urgências não ditas, das histórias invisíveis. Mesmo quando os corpos estão estáticos, as suas almas permanecem em trânsito”, reconhece.

Para Taruma, há, contudo, nesta viagem, estações de ternura e intimidade. “O pai que trança o cabelo da filha numa cena doméstica e amorosa, a criança que brinca com um pneu ou que segura o irmão nos braços enquanto o mundo gira”, enfim, Mahumana, continua o escritor, abre aqui uma janela para o cuidado familiar, para a partilha afectiva que atravessa as casas, as ruas e as gerações.

Quanto a paleta de Mahumana, Taruma reconhece-a como dominada por cores quentes, vibrantes, como ocre, vermelho e laranja — cores que ecoam o calor das ruas, a energia dos mercados, o pó das estradas suburbanas.

A “Viagem do olhar” é “uma viagem pela vida social, emocional e espiritual das cidades africanas. Não é uma viagem turística nem um retrato exótico. É uma viagem feita de dentro, de quem conhece o ritmo das ruas, de quem sabe que as famílias são construídas no esforço colectivo, que a sobrevivência é partilhada, que as dores e as alegrias são tecidas no mesmo pano”.

Albino Mahumana nasceu em Outubro de 1970, Maputo, Moçambique. Aprendeu a pintar na infância com o seu pai, o conceituado artista plástico moçambicano Mankew Valente Mahumana, com quem trabalhou e aprofundou as suas técnicas nas artes plásticas. Primeiro começou por desenhar com areia, depois passou a desenhar com lápis e a cores no papel.

Nessa altura, ajudava o pai na limpeza do atelier, lavava os pincéis e, se necessário, retirava os pregos das telas.

Actualmente, para além de trabalhar em tela (a partir de 2017 passou a dedicar-se intensamente à pintura), utiliza como suporte diversos materiais como: garrafas de vidro, baldes de gelo em metal, cabaças e madeira em diversos formatos. Retrata o quotidiano e as vivências dos moçambicanos, como mulheres com fardos na cabeça, a fazer negócios nos mercados locais, a regressar das suas quintas, mulheres a prepararem comida, a regressarem da busca de água, a cuidarem dos seus filhos, em momentos de laser, bem como crianças a brincarem. Tem-se dedicado a pesquisar diversas técnicas e a procurar novos talentos nas artes visuais. Orientou diversas oficinas de pintura para alunos de diferentes escolas.

 

A performance multidisciplinar “Não Deixa Arder Até Tarde o Fogo”, inspirada no livro Criação do Fogo, do poeta  Álvaro Fausto Taruma, regressa aos palcos para duas apresentações no Espaço Cultural 16Neto, em Maputo, nos dias 27 e 28 deste mês, às 19h00.

O espetáculo que transforma poesia em corpo, som e imagem, cruzando dança, teatro, música, projecções visuais e malabarismo com fogo, conta com a interpretação do actor Mateus Nhamuche, da dançarina Afifah Zualo e do malabarista Filimão Francisco, e conta ainda com a ambientação sonora original do músico e produtor Fu da Siderurgia.

Uma nota de imprensa avança que “Não Deixa Arder Até Tarde o Fogo” propõe uma viagem sensorial e poética pelos temas da memória, pertença e resistência.

Apresentada pela primeira vez no ano passado, em estreia única, nos palcos do Estúdio Criativo Anima, e descrita como um teatro experimental e provocador, a performance questiona a normalização das injustiças e incentiva a transformação individual e colectiva.

A dramaturgia constrói uma atmosfera densa e simbólica, onde o fogo deixa de ser apenas metáfora  para se tornar matéria viva em cena, ao mesmo tempo que alude à destruição, resistência e possibilidade de renovação.

A peça volta agora ao público da capital num novo ciclo, reafirmando a sua pertinência. Como afirmou Álvaro Taruma, “o espectáculo nasce da ideia de levar o livro ao público de uma forma que vá além da leitura convencional. Queremos que a poesia seja vivida como experiência sensorial, algo que transcenda o texto e toque directamente no coração e na mente de quem assiste”.

A cidade da Matola, na Província de Maputo, volta a ser palco do Matola Sundown in the Garden, uma experiência que regressa no dia 27 de Setembro, com espectáculo que cruza os artistas moçambicanos e angolanos.

A primeira edição do ano combina música ao vivo, presença de vários DJ, para além de animação cultural que contempla feira gastronómica, activações de marcas e momentos de intercâmbio entre participantes.

O público poderá viver, desta vez, uma experiência única com a fusão entre artistas moçambicanos e angolanos, o que reforça o compromisso do projecto em criar pontes entre culturas e aproximar diferentes expressões musicais africanas.

Criado em 2017, ao longo das suas edições, o evento já recebeu artistas nacionais e internacionais que marcaram o público com performances inesquecíveis, entre eles, Pérola, Edmázia Mayembe, Anna Joyce, Sir Trill, Scotts Maphuma, Landric, entre outros.

O “Matola Sundown” aposta em experiências imersivas que celebram a identidade local, ao mesmo tempo que promovem a circulação de artistas e a troca cultural entre países. 

“Mais do que um concerto, o projecto tem desempenhado um papel importante no fortalecimento da economia criativa, estimula o turismo cultural, o que gera oportunidades para jovens artistas e fortalece o ecossistema cultural da Matola e da região. Com o regresso marcado para Setembro, o “Matola Sundown” reafirma a sua relevância no panorama artístico nacional e regional, a consolidar a sua identidade como projecto que valoriza a cultura, a diversidade e o talento africano”, adianta o comunicado de imprensa sobre o evento que pretende colocar a cidade da Matola no mapa da cena artística nacional e regional, atraindo públicos diversos.

 

A Banda Ghorwane celebra 4 décadas e dois anos de sua criação. O grupo promete, um concerto cheio de memórias na sexta-feira na cidade de Maputo, para, entre outros objetivos, agradecer ao seu público.

São mais de 4 décadas da banda Ghorwane e a festa não podia ser pequena. 

A noite de sexta-feira foi eleita para a continuidade das festividades comemorativas dos 42 da emblemática banda.

Roberto Chitsondzo fala da Banda ou do grupo Ghorwane como um sonho que se realizou para várias pessoas ao longo do tempo, de uma família que fez descendentes e sobretudo de um experiência que merece um livro.

Como que para honrar a promessa subtentida do título “Ahimiyelanga”, do ronga/changana, “Não estamos calados” em português, do concerto que marcou os 40 anos de existência da banda,  ano passado, desta vez o grupo promete continuar a oferecer trabalho ao seu público.

Nós temos que aproveitar a diversidade cultural do nosso país, tudo o que levanta a nossa bandeira o mais alto possível”, defendeu Roberto Chitsondzo.

Como que a passar o seu legado às novas gerações, a banda conta com a participação do jovem artista como Albino Bié.

“Quando eu soube que Ghorwane tinha este concerto eu disse que gostaria de fazer parte deste concerto porque para mim significa não só pensar num homem assimilado, mas com raízes vindo daqui”, declarou.

“É uma banda com 42 anos. Para nos mantermos a existir temos que ter essa parceria com artistas jovens”, defendeu  

“Nós estamos sempre a celebrar o nosso aniversário e desta vez contamos com Albino Bié, que vem dos Estados Unidos. Para nos mantermos temos que ter essa parceria com artistas jovens”, declarou Carlos Gove, baixista e um dos fundadores da banda.

Albino Bié vai consumir alguns minutos das 2 horas de espetáculo interpretando temas da quase cinquentenária banda moçambicana.

Para o espetáculo desta sexta-feira, no Coconuts, a banda pretende um concerto com “mensagens actualizadas e actuais” .

PASSADO E FUTURO DOS “BONS RAPAZES”

Formada em 1983, a banda Ghorwane tem cativado o público nacional e internacional com a sua mistura dinâmica de música tradicional moçambicana e vibrantes ritmos contemporâneos, sendo também uma voz activa através das suas letras, ricas em comentários políticos e sociais.

“Nós começamos jovens, tínhamos um sonho e tal sonho foi continuar. Pela banda Ghorwane já passaram 30 pessoas que foram para suas vidas, suas bandas. Mas a banda se tornou uma família”, lembra Roberto Chitsondzo.

Uma família que todas as sextas-feiras subia ao palco do Centro Social do grupo Desportivo de Maputo e alegrava o público e tivemos a felicidade de saber que aquele projecto foi um embrião para carreiras de vários jovens emergentes.

Para Carlos Gove, os 42 anos dos “Bons Rapazes”, como carinhosamente foram apelidados pelo Presidente Samora Machel, foram de música feita com “paixão e muita energia para que a banda possa existir por muitos e longos anos”.

Passado e memórias à parte. Sobre o futuro, o sonho do Ghorwane está em folhas brancas de papel.

“Cremos que há uma coisa que ainda nos resta fazer, é como trazer nossas vivências para páginas de livros, como trazer as partituras das nossas letras traduzidas em outras línguas em livro, como fazer para que a música e o ptrojecto seja uma referência”, detalhou Chitsondzo. 

Para o efeito, os “Bons Rapazes” dizem saber muito bem que só é preciso “deixar de ser projecto e passar para acção”.

Chitsondzo apela ao papel das academias, escritores  para a realização desses sonhos.

Por: Allen Latifa Malaika

 

O ensaio aberto da Orquestra da Escola de Comunicação e Artes e do coral da Universidade Eduardo Mondlane, dedicado à “Ópera Josina”, revelou-se uma celebração vibrante da história e da cultura moçambicana. Mais do que um simples ensaio para a apresentação final, no próximo dia 21 de Novembro, foi um momento de encontro entre gerações, onde a música e o teatro se uniram para contar uma história de coragem e esperança.

Realizado no dia 10 de Agosto, dia do aniversário natalício de Josina Machel, o evento garantiu ainda mais significado ao encontro, tornando uma homenagem viva e cheia de emoção.

No palco, Josina, Mário, Esperança e Juvenália ganharam vida com naturalidade e calor humano. Juvenália, que viveu de perto aquela época, partilhou com o público memórias que trouxeram à tona a força de quem luta e acredita no futuro. Não estavam ali apenas actores, mas pessoas que respiram a história representada.

Entre o público, as irmãs e as famílias Muthemba e Machel eram mais do que espectadores, eram parte viva do legado, mantendo viva a chama da memória familiar e colectiva. Os olhares, os sorrisos e a cumplicidade no ambiente mostravam que a história de Josina é também a história de todos.

O toque inconfundível da timbila e da mbira encheu o espaço com ritmos que despertam as raízes e fazem vibrar o coração de Moçambique. As vozes do coro uniram-se numa energia contagiante, cantando com fé e determinação “Vamos vencer, havemos de vencer”, como quem reafirma que o caminho da liberdade está sempre ao alcance. Em outro momento, a canção “Ode a liberdade” incendiou o ambiente, reforçando o compromisso de construir um Moçambique independente, livre e soberano.

Era impossível não sentir o brilho da frase “a cultura é o sol que nunca desce”, de Samora Machel, a iluminar aquele encontro. Naquele espaço, a cultura brilhou forte, iluminando mentes e corações, mostrando que a arte tem o poder de unir e transformar. 

Ainda que fosse um ensaio, a apresentação deixou claro que a “Ópera Josina” é muito mais do que uma homenagem. É um gesto vivo de celebração, uma ponte entre o passado e presente, e uma reafirmação do orgulho de um povo que nunca deixa de cantar a sua própria história.

 

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